Nos últimos dias a constelação cultural
brasileira está perdendo algumas estrelas que estão se mudando, deixando
lacunas, que pelo brilho particular que cada um detinha, jamais será preenchido
com igual claridade por outros pensadores.
UBIRATAN TEIXEIRA
Na manhã de domingo (15.07.2014)
quem viajou “’antes do combinado” como diz o grande apresentador Rolando
Boldrin foi o escritor maranhense UBIRATAN TEIXEIRA, aos 83 anos. Ele estava internado no Hospital
Geral Tarquínio Lopes Filho, no Centro, em São Luís e lutava contra um câncer de estômago.
Com mais de 60 anos no cenário da
cultura do Estado do Maranhão, Ubiratan era membro da Academia Maranhense de
Letras (AML) (ocupava a cadeira nº 36) e tem 12 livros publicados. Além de escritor, Ubiratan era teatrólogo,
crítico teatral, professor, fotógrafo, professor, jornalista e cronista.
Atualmente, o escritor escrevia crônicas para o Jornal O Estado do Maranhão e
passou por outros jornais, com o Pacotilha/Globo, Diário do Norte e o Jornal do
Dia de Bolso.
O sepultamento foi realizado na
segunda-feira (16) no Jardim da Paz, no Maiobão.
JOÃO
UBALDO RIBEIRO
No dia 18 de julho, quem nos deixou foi
o escritor baiano JOÃO UBALDO RIBEIRO. Membro da Academia Brasileira de Letras
(ABL), que tem entre suas obras mais conhecidas “Sargento Getulio” e “O sorriso
do Lagarto”.
UBALDO estava com 73 anos quando faleceu. Ele teve uma embolia pulmonar
na madrugada de sexta-feira (18.07.2014) e foi sepultado no dia 19 no Rio de
Janeiro.
Era formado em Direito desde 1962, pela
Universidade Federal da Bahia, porém nunca chegou a advogar.
Foi
professor da Escola de Administração e da Faculdade de filosofia de
Universidade Federal da Bahia e a professor de Administração da Universidade
Católica de Salvador. Como jornalista, foi repórter, redator, chefe de
reportagem e colunista do ‘Jornal da Bahia’ e colunista, editorialista e
editor-chefe da ‘Tribuna da Bahia’.
RUBEM ALVES
No dia do
sepultamento João Ubando Ribeiro, quem também partiu deste plano foi o escritor,
teólogo, psicanalista e educador mineiro RUBEM ALVES, que nasceu em 15 de
setembro de 1933 e morreu em 19 de julho de 2014. Morava na cidade de Campinas.
Seu trabalho educativo foi muito importante e seus livros de crônicas, ensaios
e contos, foram traduzidos para outros idiomas: inglês, francês, italiano,
espanhol, alemão e romeno.
Rubem Alves teve mais de 160 títulos
publicados, também amava a poesia e fazia parte de um grupo que se reunia
semanalmente para ler poemas. Dizia que existem escolas que são gaiolas e
escolas que são asas. As escolas que são asas não ensinam a voar porque o vôo
não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Vejam um texto de sua autoria, que foi
publicado no Jornal folha de São Paulo, falando sobre a morte: Vale a pena
refletir:
"Dizem as
escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e
tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A
"reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a
morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade
médica, simétrica à obstetrícia: a "morienterapia", o cuidado com os
que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se
prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de
amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a
"Pietà" de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos
braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo."
ARIANO SUASSUNA
Já ontem, dia
23.07.2014, foi a fez do escritor paraibano ARIANO VILAR SUASSUNA, nascido em 16 de junho de 1927 em Nossa Senhora das
Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba. Era filho de João Suassuna, então
governador de seu estado natal. Ariano “encantou-se” às 17h28m, aos 87 anos,
vítima de uma parada cardíaca provocada pela hipertensão intracraniana. Ele
estava internado no Real Hospital Português, em Recife/PE, desde segunda-feira,
depois de sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico. O escritor
paraibano por nascimento e pernambucano por opção passou por uma cirurgia de
emergência, acabou entrando em coma e não resistiu.
Integrante
da Academia Brasileira de Letras (ABL) deixa seis filhos e 15 netos. Defensor
da cultura popular brasileira, era um dos maiores dramaturgos do país, além de
autor de romances e poemas. Sua aula espetáculo foi vista e aplaudida por
milhares de pessoas em todos os cantos deste país. Foi Secretário de cultura
durante os governos de Miguel Arraes e Eduardo Campos.
O
corpo foi velado no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo do Estado
de Pernambuco e o sepultamento ocorreu no por do sol desta quinta-feira, no
Cemitério Morada da Paz, no município de Paulista, região metropolitana de
Recife.
Tive o prazer de conhecer e conversar com
ele em duas oportunidades. A primeira durante a apresentação de sua aula
espetáculo no auditório do Fórum Rodolpho Aureliano, em Recife/PE, em evento cultural
que também participei como declamador de cordel. Após sua aula me encontrei com
o grande professor e o presenteei com uma coleção de cordéis de minha autoria
e claro, tirei algumas fotografias para
registrar o momento tão importante para este poeta popular.
Este poeta com Ariano Suassuna, no Fórum Rodolpho Aureliano, em Recife/PE |
O outro
encontro foi aqui em Buíque, na manhã do dia 05 de julho de 2012, quando o
dramaturgo apresentou ao publico buiquense, na noite anterior sua aula
espetáculo. Não conseguindo me aproximar durante o evento, tive o privilégio de
ser recebido por ele e sua equipe na Pousada Santos, onde o presenteei mais uma
vez. Desta feita com o meu livro “As Janelas do Sobrado” e outra coleção de
cordéis de minha autoria. Na dedicatória do livro escrevi assim:
“Ao amigo SUASSUNA
Ser humano sem “pareia”
Que tem cultura no sangue
Se espalhando em cada veia
Um nordestino valente
Sem medo de cara feia.
Obrigado meu poeta
Por divulgar meu sertão
Receba assim meu presente
Com minha admiração”.
Recebi dele, além do abraço e agradecimento, o incentivo para prosseguir com meus trabalhos culturais.
Ariano foi outro escritor brasileiro que apesar de haver cursado Direito, não seguiu carreira jurídica, preferindo, para nossa sorte, a carreira cultural.
Sem falar nos grandes artistas que foram Jair Rodrigues, João Silva, Dominguinhos, Reginaldo Rossi e tantos outros que cumpriram a sua missão na terra e partiram deixando nosso país mais triste. .
Obrigado a
todos pelos lindos poemas, peças teatrais, músicas e romances que escreveram,
tornando o nosso mundo mais bonito.
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