sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

OUTRA DICA DE LEITURA: “POR QUE FAZEMOS O QUE FAZEMOS?”,




          Mais uma vez venho com mais uma dica de leitura. Pois é, quando concluo a leitura de uma obra e gosto dela, faço questão de indicar a todos que apreciam fazer uma boa viagem através de um bom livro. 

         Desta feita, minha dica é sobre um gigante no conteúdo, apesar de contar com menos de 200 páginas, que consegui ler duas vezes em apenas cinco dias. 

         Trata-se do livro que é uma verdadeira provocação desde o seu título: “POR QUE FAZEMOS O QUE FAZEMOS?”, subtítulo “Aflições vitais sobre trabalho, carreira e realização”,  de autoria do filósofo, escritor, palestrante e professor Mario Sergio Cortella.   

         Nesta obra ele analisa as principais preocupações com relação à vida e ao trabalho. Dividido em vinte capítulos, distribuídos em 174 páginas, no qual aborda questões que, pela sua redação objetiva e de fácil compreensão,  consegue prender o leitor em cada capítulo, cada parágrafo, sempre nos remetendo sobre a importância de ter uma vida com propósito

        Só para provocar o leitor, cito títulos de alguns capítulos, e garanto que todos que lerão a obra, se identificação, se não com todo o livro, ao menos em muitos capítulos, percebendo que foi escrito diretamente “a você”, individualmente: 

- A importância do propósito;   -   Eu, robô? Não...;  
-Rotina não é monotonia;   - O trabalho que nos molda;
- Trabalho com significação;   - Por que fazer? E por que não fazer;
 - Eu era feliz e não sabia;  - Motivação em tempos difíceis. 

         Já no primeiro capítulo, o professor Cortella nos traz uma provocação, através da qual demonstra como será o “percurso” do livro, sempre nos mostrando a inquietude do ser humano, em busca  de novas metas, novos modelos, novas escolhas, nos desafiando a analisar o “por que fazemos o que estamos fazendo”. Eis o texto:   
   
        "Uma vida pequena é aquela que nega a vibração da própria existência. O que é uma vida banal, uma vida venal? É quando se vive de maneira automática, robótica, sem uma reflexão sobre o fato de existirmos e sem consciência das razões pelas quais fazemos o que fazemos.

... No juízo final, o momento em que a divindade virá fazer as grandes perguntas para julgar nossa vida, se ela foi uma vida que valeu ou não valeu a pena. As perguntas supostamente serão?

“O que fez, fez por quê?”
“O que não fez, não fez por quê?”
“O que fez e não deveria ter feito, por que o fez?
“O que não fez e deveria ter feito, por que não o fez? (...)"

           Apesar figurar na lista de um dos melhores filósofos e palestrantes do país, professor universitário, a obra do paranaense traz uma Linguagem simples, fácil e objetiva.
        Qual a importância do trabalho em nossa vida? A rotina, a vida engessada, a motivação em tempos difíceis, organização, monotonia, a lealdade ao trabalho e s si mesmo,  tudo isso, e muito mais o leitor vão encontrar nas reflexões deste trabalho, que considero obrigatório a todos empregados e patrões, para que entendam as aflições e os anseios do ser humano.    

          Para não ficar apenas em minhas palavras, segue no link abaixo, o próprio Cortella, numa conversa muito prazerosa com o apresentador e cantor Ronnie Von, no programa “Todo seu”, da Rede TV, falando sobre a obra de sua autoria:

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

REFLEXOS DE UM PASSADO, NO MEU PRESENTE




         No ano de 1975 Roberto Carlos gravou uma canção intitulada o quintal do vizinho”, cuja primeira estrofe diz: “Eu hoje acordei pensando no sonho que tive a noite, sentei-me na cama para pensar no sonho que tive..."

         Pois bem, aconteceu comigo também, num contexto diferente da gravação acima referida. Era mais ou menos 4:00 da madrugada, quando estava num sono profundo e sonhei:

         “Estava no cartório do velho Xéu, que ficava no centro da cidade, ali ao lado da Igreja Matriz de São Félix de Cantalice. Eu era, como antigamente, seu funcionário. No sonho eu sabia que ele já havia falecido, mas era como se vivo fosse. Atendia algumas pessoas no balcão e, como sempre, ele conversava bastante, sempre brincalhão. 

 - Xeu, o homem mais rico do Buíque -alguém disse da calçada.

–Tomara que essa praga pegue!,  foi sua costumeira resposta.

        Quando o sol estava se despedindo do dia, ele pegou algumas coisas no seu velho birô e recomendou: “Paulo Robson, (era assim que me chamava, brincando), eu já estou indo. Até amanhã. Ao saírem confiram se as portas estão fechadas direito!. E saiu pela praça Major França, em direção aos carros de lotação que o levaria para Arcoverde. Havia uma funcionária recém chegada no cartório, mas, no sonho não a reconheci.   

       Quando o velho Xéu atravessou a rua, teve que passar por entre as barcas do velho parque dos irmãos Dêca e Leba, que estava armado na praça central, já que era período natalino e cidade estava em clima de festa.

       Buíque, apesar de ser a mesma, parecia outra cidade. Totalmente limpa. Os prédios principais do centro, continuavam, mas pareciam mais novos e conservados. Ao redor do centro, vários edifícios com três ou mais andares. Comércio gigante, e muita gente caminhando pelas ruas. O sol soltava seus últimos raios do dia, iluminando a parte nascente da cidade – fazendo uma bonita paisagem na antiga praça São Sebastião, e nela ainda existiam aquelas antigas e gigantes árvores, com suas folhas soltas pelo chão, como que dando sinais que o inverno estava chegando. Andorinhas cantavam e voavam naquelas imediações. Nos bancos daquela praça, alguns idosos conversando, talvez relembrando passagens de suas vidas, quando jovens.

       De repente, no sonho fui transportado para o velho Cine Nevada, onde de posse de um disco de vinil, fazia tocar nas difusoras espalhadas na cidade, a canção "Ansiedad", do Nat King Cole, anunciando o filme que seria exibido naquela noite.

       Como num cinema, o filme (o sonho) continuava rodando. De repente me vi numa faculdade gigante, fazendo um novo curso, ao lado de alguns colegas, muitos deles que cursaram direito comigo na mesma instituição. Naquele dia seria a realização de uma prova. O professor entrou na classe explicou como seria a avaliação e começou a distribuir as provas com os alunos. Quando entregou a minha e comecei a preencher os dados, me acordei, assustado com um barulho. Foi minha esposa, ao meu lado, que irritada com o ventilador, deu um espirro e me transportou do sonho para a realidade".

       Porque sonhei tudo isso eu não sei, só Freud explica. Mas outro filósofo  popular e nordestino também tem sua versão:  o Chicó, personagem do “Auto da Compadecida” conclui:  Só sei que foi assim".   

          Agora, quem quiser que conte outro!

P.S. Podem acreditar, não foi invenção minha. O sonho aconteceu na madrugada de 20.01.2020, segunda feira. 

No Link abaixo, para matar a saudade, a música Ansiedad, de Nat King Cole, muito tocada na época do cinema:
Ansiedad - Nat King Cole

Para melhor visualizar o sonho, publico algumas fotos que lembram o que foi descrito.
Vista parcial aérea de Buíque, por/Francisco  Carlos (Blog Buíque&cia)
Xéu de Buíque - foto 1 por Paulo Barros e foto 2 por Villson Fotografias
Quadro do artista Billy Kid
 
Antigo Cine Nevada. Ao lado os correios, onde atualmente funciona a  Caixa Econômica Federal

Foto 1- fachada da Asces - Foto 2: Prof. Xisto, João Henrique, Paulo Tarciso,  Marco Aurélio e André Paulo.Foto 3-Turma Direito 2008. Foto 4: Paulo Tarciso, André Paulo, Daniel e João Justino. Tempo bom.  

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

O MENINO QUE VIVE EM MIM - PROF. ERALDO GALINDO



        Neste manhã de segunda-feira, tenho o prazer e o privilégio de publicar neste site um poema escrito pelo dileto amigo, professor Eraldo Galindo. 

        Formado em teologia e filosofia, Galindo há muitos anos faz parte do elenco de professores de excelència da Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde, e em seus poemas sempre nos transporta para o que há de melhor na vida do ser humano. Há mais de vinte anos mantém uma coluna no Jornal de Arcoverde, com o título "Um olhar sobre a vida", onde publica crônicas, sempre nos fazendo refletir sobre a vida em suas nuances. No poema ora publicado, o leitor se deleitará com cada palavra e se identificará ao perceber que na verdade, todos nós temos uma criança que habita conosco, mesmo num corpo de adulto. É esse menino que você vai conhecer agora. Ei-lo:        



O menino que vive em mim 

Existe um menino brincante
dentro de mim.
Um moleque feito de sonhos
dá forma à minha alma.
Com suas mãos pinto o arco-íris,
rego flores,
toco pedras e plantas.
Com seus olhos
vejo beleza e magia
nas coisas do mundo.
Orna meus dias,
me acalenta nas noites frias.
Essa criança traquina pula,
joga bola,
solta pião,
dança alegremente,
brinca de roda
e de esconde-esconde,
se comove com trinados de aves,
sobe em árvores,
amassa barro de chuva,
escala telhados,
conta estrelas,
inventa barcos e mares,
desbrava ignotos mundos,
entoa cantigas de ninar,
busca colo de mãe
e afagos de avó,
pede benção de padrinho
na intenção da proteção divina,
faz guerra de travesseiros,
pula cercas,
tem medo do escuro,
ama a luminosidade do dia,
desenha nas retinas animais e anjos
com fiapos de nuvens,
rouba manga no quintal do vizinho
como se fosse a maçã proibida do Gênesis,
talha o nome no tronco da rústica árvore,
esboça tímidos versos
que brotam do peito ainda em flor,
desenha corações no roto caderno
em secreta homenagem ao primeiro amor.

O menino que vive em mim
olha as rugas que me marcam a pele:
sinais dos anos
e das estradas percorridas.
Vê com olhos de compaixão
o homem que agora sou.
Tenta me falar da infância sob o Sol
e do calor das emoções primeiras.
Traz à memória cansada
as travessuras do infante
que olhava com candura o mundo
e não temia a vida
por senti-la mágica e eterna.
O garoto que sonha dentro de mim
não se perdeu nas curvas da vida.
Ainda me fala sobre a plenitude das cores
e os sabores da existência.
Tem riso largo,
pés velozes...
Solto na buraqueira do mundo,
carrega a fé
de que a vida jamais terá fim.
O menino escondido em mim
consola minhas lacunas
e a consciência da incompletude,
afaga as carências mais fundas.
Sedento de luz,
me faz acreditar em sementes
e colheitas do amanhã.
Todas as manhãs chamo pelo menino
que vive em mim.
Mais uma vez, preciso ouvir sua voz clara
e os arroubos destemidos,
os saltos no escuro,
a confiança invencível,
os risos em cascata,
o fluir das doces emoções...
Se o menino fugir de mim,
minha voz calará,
os versos morrerão na garganta,
os olhos escurecerão.
Serei solidão,
inverno
e silêncio.
Em cada manhã, que reinaugura o tempo,
sinto o borbulhar da vida
por conta do brincante menino
que me sacode o espírito,
cantante e alegre.
Ele traz faíscas nos olhos
e a teimosia de quem acredita
que a vida é sonho.
Ousado, o menino não teme
os limites e dores da humana condição.
Infla o peito mais uma vez
e corre solto
mundo afora: seus desejos
delimitam suas fronteiras.
Busca a terra prometida,
sem desconfiar de que o lugar da utopia
está dentro dele.
Pouco importam as rugas do tempo
e as feridas da vida.
Há um menino brincante em mim.
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Eraldo. 2019, Junho, 25.