sábado, 28 de março de 2020

“BOA ROMARIA FAZ ,QUEM EM SUA CASA ESTÁ EM PAZ”




          Com quase um século de vida, D. MARIA ISIDÓRIO DA SILVA,  popularmente conhecida como “Maria Cabôcla”, agricultora, mãe de “uma ruma de filhos”, analfabeta em termos escolares, mas  doutora em sabedoria que aprendeu na escola da vida, ela tem um “dizer” que costuma repetir desde que a conheci há quase trinta anos. A vi repetindo muitas vezes  para seus filhos, quando estes  queriam sair de casa a noite para ir  alguma festa fora da cidade: “Meu filho. Vá se deitar e dormir que é muito melhor pra você. Boa romaria faz quem em sua casa está em paz”.   

           Vendo a situação que praticamente o mundo inteiro está enfrentando atualmente,  com a pandemia do covid-19, quando todos estamos cumprindo o que podemos chamar na linguagem jurídica de “prisão domiciliar” me lembrei de D. Maria Cabôcla, que por sinal é avó paterna de minha esposa. Ela sempre teve razão, não só no passado mas, principalmente agora. 

               De fato, temos que forçosamente cumprir essa quarentena que está sendo recomendada pelas autoridades médicas e da vigilância sanitária de todos os países onde esta pandemia chegou, deixando centenas e milhares de vítimas, tanto no aspecto físico, como também gerando uma grande reviravolta na economia mundial.  

             Se de um lado  pessoas estão preocupadas com a contaminação do vírus caso descumpram a quarentena, por outro lado, empresários estão transtornados com as consequências que o fechamento de suas empresas, por causa dos compromissos salariais com seus empregados.

             O que acho interessante em nosso país é ver um grande número de pessoas, mesmo estando “no mesmo barco”, aproveitando a oportunidade para trazer a questão para o viés político-partidário, a nível federal, estadual e até municipal, procurando defender sua ala e de alguma forma apontar as outras como cúmplice, não da criação do problema mas da não solução imediata para o caso.    
             Outros, pelas postagens se percebe o ranço politiqueiro, torcendo para o “Quanto pior melhor”, mesmo sabendo que se o barco afundar vai junto com a multidão.

              A "faca de dois gumes" atravessada no pescoço do presidente fez com que erroneamente, sem ouvir o seu Ministro da Saúde, que é quem entende do assunto, convocasse a população a voltar às suas atividades normais, no que não foi obedecido por ninguém, sendo que a cada dia aumenta a troca de farpas pelas autoridades governamentais, algumas vezes com razões de sobra, embora o recomendado seja o equilíbrio, muito raro em tempos de crise como a que estamos atravessando. 

                Entretanto, como ainda não temos uma solução, pelo menos  a curto prazo para o problema o mais recomendado são as palavras de quem tem experiência de vida, no caso aqui referido, D. Maria Cabocla: “Boa romaria faz, quem em sua casa está em paz.” 
Foto 1-Eu com Maria Cabôcla na praça central, de Buíque nas festividades natalinas de 2019 e na foto 2 Maria Cabocla conversando, pelo telefone, com seus filhos em Delmiro Gouveia/AL.

Ilustração superior - fotos extraídas da internet. 

domingo, 15 de março de 2020

UMA NOITE DE TERROR






                 Como prometido na postagem de ontem, passo a narrar um fato muito curioso que meu pai, Édio Arcoverde de Almeida, popularmente conhecido como seu Dí, vez por outra nos contava, relembrando seu tempo de rapaz. Eis a narrativa:    

            “Ainda jovem trabalhou como sapateiro na vila de São Domingos, em companhia de um amigo que ele sempre lembrava e que era conhecido por “Seba”, falecido recentemente em avançada idade. Dessa época de sapateiro vez por outra lembrava que o local de trabalho era uma casa velha, localizada na vila de São Domingos e que certa feita seu amigo Seba o convidou para fazerem um serão, passando a noite inteira trabalhando para produzir um pouco mais que o normal, já que estavam se aproximando as festas de final de ano e a procura por sapatos e alpercatas estava aumentando. 

             Convite feito, convite aceito. Meu pai depois do jantar, que aconteceu ali mesmo no local de trabalho, permaneceu trabalhando com o amigo Seba.   Quando o relógio marcava 20:00 horas - naquele tempo as pessoas dormiam cedo – Seba disse a seu Édio que teria que voltar para casa pois lembrou que tinha um afazer que não poderia adiar e recomendou: “ - se você quiser continuar sozinho fique à vontade, pois amanhã cedinho eu volto para trabalhar”. E assim foi embora. Meu pai continuou trabalhando. Lá pelas tantas, uma madrugada quente de verão, seu Édio escutou um barulho em um dos quartos da casa, como se fosse uma pessoa andando e tropeçando num monte de couro que havia enrolado. Seu “Dí” arregalou os olhos, olhou para um canto e para o outro e não viu ninguém. Prosseguiu trabalhando. Dez minutos depois novamente escutou uma porta se abrindo e fechando e sentiu como se alguém se aproximasse dele e fez um som como alguém quando está muito cansado: “ffffffffff”. Meu pai se arrepiou todo e resolveu parar de trabalhar. Armou a rede e foi se deitar para tentar dormir. O problema foi que a perturbação continuou: De repente a “alma penada” se aproximou de seu Édio, a ponto de sentir a presença física. Seu Di puxou o lençol, se enrolou todo, segurando com as pontas dos dedos dos pés e cobrindo a cabeça sem deixar nenhum espaço aberto. Mas a perturbação prosseguiu. De repente a “pessoa” saiu de perto, andou pelo corredor da casa e entrou num quarto onde estava o material de trabalho: Vários rolos de couro, amarrados, pneus velhos, etc. Minutos depois aquilo tudo foi ao chão, produzindo um grande barulho, como se alguém houvesse tropeçado. Meu pai pensou em se levantar, sair pela rua e ir para casa de uns parentes que residiam ali na vila, porém, ao ouvir o latido dos muitos cachorros que vagueavam pelas ruas, ponderou: “Se eu sair pra rua, esses cachorros vão me perseguir. Vão fazer um barulho danado e no outro dia, vai ser a maior “mangação” comigo.  Vou tentar dormir novamente”. O problema não era só a “alma penada”. O calor terrível e as muriçocas aumentavam a agonia noturna.  

              De repente seu Édio viu, em cima do “parapeito“ da casa uma imagem como se fosse uma velha com os cabelos assanhados se segurando na linha principal da casa e olhando para ele, fazendo com que seu corpo se arrepiasse dos pés à cabeça. Pouco depois aquele ser desceu pelas paredes. Chegou perto de seu Édio e puxou o lençol que estava preso entre os seus dedos dos pés e seguros com as mãos cobrindo toda cabeça. 

             Perturbando e sem conseguir dormir; como o sol já estava despertando, levantou-se, abriu a porta e sentou-se no batente da calçada, observando alguns transeuntes que começavam a andar pela rua. 

              Por volta das 6:00 horas vai chegando o seu colega de trabalho, o Seba. Aproximando-se indagou:  O que foi isso “Di”. Essa hora acordado.  Viu “malassombro” foi?.  Seu Édio, meio desconfiado respondeu: “Mas Seba. Passei a noite toda sem fechar os olhos. Perturbação danada!”. Me admira você, sendo crente, devia ter me avisado!.  E narrou tudo que aconteceu naquela madrugada.
Ao ouvir a narrativa, Seba, declarou: “Eita Dí. Na verdade eu sabia de tudo isso. Só não te contei porque, como dizem, tem pessoas que veem e outras não. Eu pensei que com você não ia acontecer nada. Mas contam os mais velhos que essa casa realmente é mal assombrada e que sua antiga proprietária foi encontrada morta depois de uns rês dias, já em estado de decomposição, e desde esse tempo a casa ficou desse jeito.

           Seu Édio, enfurecido com aquela novidade desafiou: - Pois bem, vou dormir mais uns trinta dias aqui pra ver se ainda acontece essas coisas. E de fato, passou vários dias dormindo no mesmo local e nada mais aconteceu como naquela noite de terror.

             Cresci ouvindo essa narrativa de meu pai, e agora, ao redigir a mensagem de agradecimento publicada ontem, pela nomeação da rua, em sua homenagem,  me veio o desejo de contá-la para os leitores.
Como nos tempos antigos, esse foi mais um caso de “casa mal assombraaaaaadddddaaaa”.  


P.S. Imagem ilustrativa: montagem extraída de fotos da internet.

sábado, 14 de março de 2020

NOTA DE AGRADECIMENTO À CAMARA MUNICIPAL DE BUÍQUE





            Na manhã da quinta-feira, dia 05 de março vigente, a Câmara Municipal de Vereadores desta cidade aprovou projeto de lei de autoria do vereador Elson Francisco, dando o nome do meu genitor ÉDIO ARCOVERDE DE ALMEIDA, popularmente conhecido como “seu DI, a uma duas ruas do Loteamento Torres, localizado no Bairro da Cruz.

            Em nome da família, quero agradecer ao amigo Elson Francisco, pela iniciativa e também a todos os vereadores que de forma unânime aprovaram o referido projeto. 

            Seu Édio Arcoverde de Almeida, nasceu no dia 29 de maio de 1932, na região conhecida como “Ribeira”, mais precisamente no sítio Barreiras. Lembrava muito de sua infância, tomando banho no barreiro do fazendeiro seu Valdir. Ainda jovem trabalhou como sapateiro na vila de São Domingos. Como muitos nordestinos viajou para o Estado de São Paulo, onde ficou por pouco tempo. Retornando à Buíque, comprou um pequeno sítio no lugar “Baixa Preta”, que vendeu pouco depois para o popular “Zebedeu”. Veio morar na cidade, morando inicialmente de aluguel, até o dia em que comprou sua casa na Av. Dr. João Hieceno Alves Maciel. 

            Em se falando de trabalho, seu Édio foi marchante, negociou vendendo carneiros e bodes vivos e abatidos; foi fiscal – cobrador de impostos do município, no açougue público. Depois foi motorista de transporte alternativo na linha Buíque-Arcoverde por cerca de quinze anos. Nesse mesmo período trabalhou como porteiro do cinema da cidade, o Cine Nevada, que pertencia ao popular Jurandir de João Grosso. Posteriormente mudou de posição, passando de porteiro a proprietário do cinema. Nessa época era proprietário de duas casas, duas camionetes, e o material do cinema, já que o prédio era alugado.  Depois comprou outro prédio, justamente na mesma avenida onde estava o antigo cinema mudando o endereço e o nome da empresa, de Cine Nevada para “Cine Veneza”, ambos ficavam na avenida Jonas Camelo. 

            Bem antes, recém-casado seu Dí foi vendedor de “raspadinha”, aquele tipo de picolé-sorvete muito popular nas feiras livres, que servia vários tipos de sabores e cores. Foi também fiscal do matadouro municipal por vários anos e do curral de animais que funcionou por muito tempo em um terreno vizinho ao cemitério público municipal.

            Do primeiro casamento, com minha mãe, Maria de Lourdes Freire de Almeida, meu pai teve os seguintes filhos:

1-Cícero Tadeu Freire de Almeida – Comissário de Policia Civil aposentado, reside atualmente na cidade de Caruru. É formado em Teologia e foi pastor fundador da Igreja Batista Missionária de Buíque, que teve a sua direção por 18 anos.
2-Paulo Tarciso Freire de Almeida – Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça de Pernambuco, lotado no fórum de Buíque, cidade onde reside;

3-Ana Lúcia Freire de Almeida – autônoma, reside na cidade de São Lourenço da Mata;

4-Nadja Maria Freire de Almeida, – autônoma, reside na cidade de São Lourenço da Mata;

5-Roberto Tárcio Freire de Almeida – Funcionário municipal, residente nesta cidade de Buíque;

6-Rômulo Charles Freire de Almeida - autônomo, reside na cidade de São Lourenço da Mata;

7-Ronie Carlos Freire de Almeida, – Funcionário municipal, reside na cidade de São Lourenço da Mata;

8-5-Edna Rejane Freire de Almeida, – (falecida), residia na cidade de São Lourenço da Mata.

Do segundo casamento, com MARIA DO SOCORRO BESERRA DE MOURA, teve os seguintes filhos:

1-Michele Kássia de Moura Almeida – autônoma, reside em Buíque;

2-Michel de Moura Almeida  – autônomo, reside em Buíque;

3-Mickaela de Moura Almeida – Técnica em enfermagem, reside em Arcoverde, e

4-Meirele Karen de Moura Almeida – funcionária municipal, residente em Buíque/PE.

           Seu Édio Arcoverde de Almeida faleceu na madrugada de 03 de abril de 2007, nesta cidade e seu corpo foi sepultado no cemitério público local.

            Agradeço também ao nobre amigo Fernando Torres, pela permissão de usar o nome do meu genitor em uma das ruas do seu bonito e próspero loteamento, que muito valor agrega à nossa cidade.
À propósito, quando estava escrevendo essa nota de agradecimento, na empolgação narrei um caso muito interessante que aconteceu com meu pai quando ele era muito jovem. Dei o título a essa narrativa de “Uma noite de terror”, mas para não ficar um texto muito longo, deixo para publicar essa nova matéria amanhã de manhã (domingo).  Aguardem!
  
No local da 1ª foto hoje é a Igreja Universal e  da 2ª é um posto de gasolina (Av. Jonas Camelo)



Filhos de seu Édio Arcoverde, com Maria de Lourdes: 1º) Pr. Cícero Tadeu, 2º) Paulo Tarciso, 3º) Roberto Tárcio, 4º) Ana Lúcia, 5º) Nadja Maria, 6º Rômulo Charles, 7º) Ronnie Carlos e 8º) Edna Rejane.
Filhos de seu Édio Arcoverde, com Maria do Socorro Moura: 1º Michele Kàssia e Mickaela Moura (1ª foto),  Meirele Karen (foto central) e Michel Moura (3ª foto).