Na
tarde de hoje conclui a releitura do livro CONTRA UM MUNDO MELHOR (Ensaios de
afeto), do filósofo Luiz Felipe Pondé. A primeira leitura aconteceu em maio de
2018. Como gostei da obra a reli agora, com mais tempo, degustando cada página
com atenção e analisando o melhor do seu conteúdo.
Pondé é pernambucano, nascido em Recife
e, além de filósofo, é escritor e professor da PUC-SP e da FAAP, professor
convidado da Escola Paulista de Medicina da Unifesp; é também colunista da
folha de S. Paulo, Doutor em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Univrsidade de São Paulo (FFLCH-USP) com pós-doutorado
pela Universidade de Tel Aviv, em Israel. É muito
requisitado para proferir palestras no Brasil e no exterior e mais recentemente
vem participando, com bastante desenvoltura que lhe é peculiar, como
comentarista de temas diversos no Jornal da TV Cultura.
Sobre o livro, como o
subtítulo já diz, trata-se de um ensaio, no qual o autor, com seu estilo
provocador e polêmico, discorre sobre vários temas, tais como casamento,
traição, feminismo, moralidade, vida, morte, liberdade, culpa, pureza e
imperfeição. São apenas alguns dos tópicos que o leitor verá numa leitura
prazerosa, mas também cheia de provocações, uma das características do autor.
O
próprio escritor diz que o livro não é destinado para pessoas virtuosas (que
são um saco, em sua opinião). Ele não é contra a virtude, mas sim contra as
pessoas que se dizem “santinhas”, honestazinhas, etc. Numa linguagem bíblica,
fariseus, sepulcros caiados. Critica também a sociedade pós moderna que
discorda dos religiosos porque dizem acreditar em Deus, mas ao mesmo tempo em
que acham brega acreditar em Deus, creem em duendes, horóscopos, etc. O autor
também faz críticas aos “intelectuais de plantão”, pessoas que se acham
inteligentezinhas só porque leram três ou quatro livros e se rotulam como os
mais capacitadas da turma.
Este é o segundo livro que
leio do Pondé. O primeiro foi “Guia politicamente incorreto da filosofia”, cuja
dica de leitura também foi postada nesse site em 01 de dezembro de 2014
Sobre a obra hoje comentada,
destaco o que disse um certo leitor, que em poucas palavras resume o que é o livro e seu autor: “Pondé provoca, desequilibra... Ou seja
faz as pessoas saírem do conforto...acredito que essa seja mesmo sua intenção.
Sem hipocrisia!”
Abaixo destaco alguns textos, para
despertar no leitor mais curiosidade na leitura:
“Homens
deprimidos são sistematicamente abandonados; enquanto mulheres deprimidas
reconstroem a vida todo dia (...) Mulheres deprimidas saem mais facilmente da
depressão, muitas vezes sem ter o seu casamento original danificado”.
Página 36.
“Nada mudou no
mundo, tirando o fato de que nós perdemos todos os direitos que tínhamos”.
Página
37
“Para haver
virtude é necessário haver combate, sofrimento, dor. Não há virtude no vácuo da
agonia”.
Página
64
“Dependemos da
graça para sermos virtuosos. Nossa natureza vaidosa e orgulhosa por si mesma
nunca sairá do seu pântano pessoal”.
Página 64.
“Somos
escravos da felicidade, mas é a infelicidade que nos torna humanos”.
Página
65
“A
luta contra os idiotas é uma batalha perdida. Falam demais. Acreditam que
apenas porque tem boca podem emitir opinião sobre tudo”.
Página 73.
“Existe um
pacote de mentiras básicas se você quiser ser considerada uma pessoa chique num
jantar inteligente.... tudo é farsa na pretensa vida superbem resolvida dessa
gente superlegal envolvida em jantares inteligentes”.
Página 95
“Pessoas bem resolvidas
são as maiores escravas da moda, apesar de dizerem que não são”.
Página 97
“Prefiro o
mundo antigo à breguice moderna” -
Página 129
“Em nome de um
emprego melhor, em nome de sentir menos medo diariamente, em nome de conseguir
melhor qualidade de vida, aceitamos qualquer crime”
Página
146.
“Nos sentimos
mais tranquilos quando outros estão sendo destruídos em nosso lugar. Estamos
sempre dispostos a nos calar quando um jantar a mais é garantido”.
Página
147.
“O segredo da
maturidade é perceber que muito da vida é uma meditação sobre a morte....
Amadurecer é se aproximar da morte e sentir o cheiro da insignificância de
tudo”.
Página 173.
“Temos que ir ao deserto para ver Deus: o
deserto materializa a visão hebraica de homem; somos vento que passa, pó que
sofre, pensa e chora. Construir uma consciência do deserto não é para covardes.
O Deus de Israel não gosta de covardes... Fora de Deus tudo é vaidade e vento
que passa”
Página 202
Trechos de opiniões do autor sobre política,
extraídos de vídeos publicados na internet. Vide Link Abaixo:
“O eleitor não
está preocupado com política, mas com o seu bolso.
Vota porque é
obrigado a votar. Ele está preocupado com coisas concretas do dia a dia. Quem
está preocupado com política é cientista político, filósofos, jornalistas,
grupos parapolíticos como MBL, MST, e os próprios políticos, etc.”
“Eleitores não
tem nenhuma consciência política, o que eles tem é uma visão de mundo que eles
acham que é consciência política. O que eles na verdade tem são taras pessoais,
interesses de classes, ou motivos pragmáticos”.
Livro: CONTRA UM MUNDO MELHOR (Ensaios de afeto)
Autor: LUIZ FELIPE PONDÉ
Editora : LEYA - São Paulo.
1ª Edição. 2ª Reimpressão.
Ano 2010.
Nº de páginas 215
Uma crônica
politicamente incorreta. (Entrevista - A Democracia e o eleitor – Link: