terça-feira, 26 de maio de 2020

NOVA DICA DE LEITURA: CONTRA UM MUNDO MELHOR, DE LUIZ FELIPE PONDÉ



                   Na tarde de hoje conclui a releitura do livro CONTRA UM MUNDO MELHOR (Ensaios de afeto), do filósofo Luiz Felipe Pondé. A primeira leitura aconteceu em maio de 2018. Como gostei da obra a reli agora, com mais tempo, degustando cada página com atenção e analisando o melhor do seu conteúdo.
                                                    
                     Pondé é pernambucano, nascido em Recife e, além de filósofo, é escritor e professor da PUC-SP e da FAAP, professor convidado da Escola Paulista de Medicina da Unifesp; é também colunista da folha de S. Paulo, Doutor em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Univrsidade de São Paulo (FFLCH-USP) com pós-doutorado pela Universidade de Tel Aviv, em Israel. É muito requisitado para proferir palestras no Brasil e no exterior e mais recentemente vem participando, com bastante desenvoltura que lhe é peculiar, como comentarista de temas diversos no Jornal da TV Cultura.
 
                     Sobre o livro, como o subtítulo já diz, trata-se de um ensaio, no qual o autor, com seu estilo provocador e polêmico, discorre sobre vários temas, tais como casamento, traição, feminismo, moralidade, vida, morte, liberdade, culpa, pureza e imperfeição. São apenas alguns dos tópicos que o leitor verá numa leitura prazerosa, mas também cheia de provocações, uma das características do autor.

                    O próprio escritor diz que o livro não é destinado para pessoas virtuosas (que são um saco, em sua opinião). Ele não é contra a virtude, mas sim contra as pessoas que se dizem “santinhas”, honestazinhas, etc. Numa linguagem bíblica, fariseus, sepulcros caiados. Critica também a sociedade pós moderna que discorda dos religiosos porque dizem acreditar em Deus, mas ao mesmo tempo em que acham brega acreditar em Deus, creem em duendes, horóscopos, etc. O autor também faz críticas aos “intelectuais de plantão”, pessoas que se acham inteligentezinhas só porque leram três ou quatro livros e se rotulam como os mais capacitadas da turma.

                   Este é o segundo livro que leio do Pondé. O primeiro foi “Guia politicamente incorreto da filosofia”, cuja dica de leitura também foi postada nesse site em 01 de dezembro de 2014

                   Sobre a obra hoje comentada, destaco o que disse um certo leitor, que em poucas palavras resume o que é o livro e seu autor: “Pondé provoca, desequilibra... Ou seja faz as pessoas saírem do conforto...acredito que essa seja mesmo sua intenção. Sem hipocrisia!”

Abaixo destaco alguns textos, para despertar no leitor mais curiosidade na leitura:

Homens deprimidos são sistematicamente abandonados; enquanto mulheres deprimidas reconstroem a vida todo dia (...) Mulheres deprimidas saem mais facilmente da depressão, muitas vezes sem ter o seu casamento original danificado”.
                                     Página 36.

“Nada mudou no mundo, tirando o fato de que nós perdemos todos os direitos que tínhamos”.
                                       Página 37


“Para haver virtude é necessário haver combate, sofrimento, dor. Não há virtude no vácuo da agonia”. 
                                         Página 64

“Dependemos da graça para sermos virtuosos. Nossa natureza vaidosa e orgulhosa por si mesma nunca sairá do seu pântano pessoal”.
                                          Página 64.

“Somos escravos da felicidade, mas é a infelicidade que nos torna humanos”.
                                          Página  65
“A luta contra os idiotas é uma batalha perdida. Falam demais. Acreditam que apenas porque tem boca podem emitir opinião sobre tudo”.                  
                                          Página 73.
 
“Existe um pacote de mentiras básicas se você quiser ser considerada uma pessoa chique num jantar inteligente.... tudo é farsa na pretensa vida superbem resolvida dessa gente superlegal envolvida em jantares inteligentes”.

                                         Página  95

“Pessoas bem resolvidas são as maiores escravas da moda, apesar de dizerem que não são”.
                                          Página 97

“Prefiro o mundo antigo à breguice moderna” -  Página 129
                                     

“Em nome de um emprego melhor, em nome de sentir menos medo diariamente, em nome de conseguir melhor qualidade de vida, aceitamos qualquer crime”
                                         Página 146.

“Nos sentimos mais tranquilos quando outros estão sendo destruídos em nosso lugar. Estamos sempre dispostos a nos calar quando um jantar a mais é garantido”.
                                         Página 147.

“O segredo da maturidade é perceber que muito da vida é uma meditação sobre a morte.... Amadurecer é se aproximar da morte e sentir o cheiro da insignificância de tudo”.
                                           Página 173.

 “Temos que ir ao deserto para ver Deus: o deserto materializa a visão hebraica de homem; somos vento que passa, pó que sofre, pensa e chora. Construir uma consciência do deserto não é para covardes. O Deus de Israel não gosta de covardes... Fora de Deus tudo é vaidade e vento que passa”
                                          Página 202

Trechos de opiniões do autor sobre política, extraídos de vídeos publicados na internet. Vide Link Abaixo:

“O eleitor não está preocupado com política, mas com o seu bolso.
Vota porque é obrigado a votar. Ele está preocupado com coisas concretas do dia a dia. Quem está preocupado com política é cientista político, filósofos, jornalistas, grupos parapolíticos como MBL, MST, e os próprios políticos, etc.” 

“Eleitores não tem nenhuma consciência política, o que eles tem é uma visão de mundo que eles acham que é consciência política. O que eles na verdade tem são taras pessoais, interesses de classes, ou motivos pragmáticos”.
  

Livro: CONTRA UM MUNDO MELHOR (Ensaios de afeto)
Autor: LUIZ FELIPE PONDÉ
Editora : LEYA - São Paulo.
1ª Edição. 2ª Reimpressão.
Ano 2010.
Nº de páginas 215

Uma crônica politicamente incorreta. (Entrevista - A Democracia e o eleitor – Link: