domingo, 30 de junho de 2019

ERA A GOTA QUE FALTAVA


              
               Na noite passada, como estamos em tempo de inverno, passei a madrugada inteira escutando um barulho chato de uma goteira em cima do quarda-roupa do meu quarto. Essa “pingueira” começou há uns dez dias. Como era praticamente insignificante, e como estava sem tempo para fazer o devido reparo, coloquei uma vasilha de mais ou menos um litro  em cima do móvel e depois de três, quatro dias, verificava a situação, derramando a água fora e recolocando a vasilha no mesmo lugar, enquanto consertava o problema.   

         Os mais velhos tem um ditado, dizendo que quando alguém comete uma loucura contra outrem: “Era a gota d´água que faltava”. Aconteceu nesta noite. Os pingos da goteira foram aumentando e daqui a pouco o pequeno vaso já estava “esborrotando” e molhando o teto do móvel.

        O barulho da água na vasilha “tic-tic-tic-tic-tic-tic”, renitente e teimoso feito gente ruim, já era motivo de sobra para deixar apenas amanhecer o dia e tentar consertar o buraco no telhado, mas quando pensava subir desanimava. Até porque, de início não estava perturbando tanto, mas com o passar dos dias, assim como um problema familiar, uma questão com alguém, ou um pequeno desentendimento, que não é resolvido rápido, chega o momento em que a pessoa está “naqueles dias” e não suportando mais, faz “de um pingo d’água faz um oceano“,  assim foi a lição que a goteira da minha casa me ensinou.

          Pra não passar mais uma noite escutando novamente o tic-tic-tic daquela danada goteira, criei coragem, subi na escada e fui tentar, com a ajuda do meu filho consertar o pequeno buraco no telhado. Depois de subir na escada e dar os primeiros passos em cima de parte da laje superior da casa, para nossa surpresa, além de ficar situado num local de difícil acesso, justamente encostado à linha de madeira onde está o pequeno vazamento está erigida um grande e confortável casa de marimbomdos, onde os bichinhos dormiam tranquilamente.  E quem é doido de afungentá-los sem “ordem judicial”, para levar umas 50 ou 100 picadas?.
          Foi então que resolvemos acertar com um profissional em retelhamentos, para amanhã resolver o problema, já que outras pequenas goteiras começam a aparecer em locais diferentes. 

          Pois bem, essa foi minha experiência no dia de São Pedro. Ficou a lição: “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, e, em certos casos, como o meu, ou conserta a goteira ou perde o guarda-roupas.

        Para o leitor perceber, que a teimosia da goteira é caso gravíssimo,  lembro que até o sábio Salomão comparou essa perturbação a uma mulher rixosa. O livro de Provérbios, no capítulo  27 versículo 15 alerta: “A goteira contínua num dia chuvoso e a mulher rixosa são semelhantes “.  Acredito também que o caso se aplica do homem briguento.   

            E foi assim que pensativo no caso, resolvi compartilhar com vocês essa engraçada experiência, lembrando da música popular, cantada por Sérgio Reis:

                      "Nessa casa tem goteira, pinga ne mim"... 



sábado, 29 de junho de 2019

NOVA DICA DE LEITURA – MÁRIO QUINTANA


 
        
           Como costumo dizer, sou um viciado em leitura. Nos últimos quarenta dias li três obras, das, quais quero recomendar aos que também apreciam uma boa obra, o livro NOVA ANTOLOGIA POÉTICA MÁRIO QUINTANA”. O livro em comento que acabei de ler foi publicado pela Editora Globo, 1ª reimpressão 2009, com organização, plano de fixação, cronologia e bibliografia por Tania Franco  Carvalbal;  fixação de texto: Lúcia Rebello e Suzana Kanter. Tem 218 páginas, incluindo bibliografia do autor, bibliografia selecionada sobre o autor e cronologia.

         Mário Quintana foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro, considerado o “poeta das coisas simples”, um dos maiores poetas do século XX. Nascido em 30 de Julho de 1906,  em Alegrete (RS) e falecido em Porto Alegre, no dia 05 de maio de 1994. É dele o poema intitulado “Poeminho do contra”, que se refere a sua não eleição para ingressar na  Academia Brasileira de Letras, em virtude de “politicagens internas”. O poeta tentou três vezes se tornar imortal, através da Academia, mas, apesar de muita amizade com os também escritores e poetas Vinícius de Morais, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e Cecília Meireles, dentre outros, não conseguiu ser eleito, fato que é considerado como a maior injustiça da história da ABL, sendo de conhecimento público que os escolhidos para ocupar suas cadeiras, nem sempre são grandes escritores. 

           Diante desse fato, nosso poeta escreveu “Poeminha do contra”, de forma bem humorada, em tom sarcástico, como resposta à injustiça cometida contra sua pessoa: Ei-lo:


               Do livro em comento, destaco alguns poemas abaixo, para que o leitor possa se deliciar com parte de seu conteúdo:


O Milagre
“Dias maravilhosos em que os jornais vêm cheios de poesia…
e do lábio do amigo brotam palavras e eterno encanto…
Dias mágicos…
Em que os burgueses espiam,
Através das vidraças dos escritórios,
A graça gratuita das nuvens…”
~ Mário Quintana







                                 
           
           












Curiosidades:

  •  Mario Quintana não se casou e também não teve filhos. Faleceu na capital gaúcha no dia 5 de maio de 1994, deixando uma herança de grande valor em obras literárias.

  • Ainda em vida recebeu várias homenagens, dentre elas.  o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira dos Escritores, em 1966, pela obra “Antologia Poética”. Neste mesmo ano foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras.
  • No centro velho da capital gaúcha é montado, no prédio do antigo Hotel Majestic, um centro cultural com o nome de Casa de Cultura Mário Quintana.