Na noite passada, como estamos em
tempo de inverno, passei a madrugada inteira escutando um barulho chato de uma
goteira em cima do quarda-roupa do meu quarto. Essa “pingueira” começou há uns
dez dias. Como era praticamente insignificante, e como estava sem tempo para
fazer o devido reparo, coloquei uma vasilha de mais ou menos um litro em
cima do móvel e depois de três, quatro dias, verificava a situação, derramando
a água fora e recolocando a vasilha no mesmo lugar, enquanto consertava o
problema.
Os
mais velhos tem um ditado, dizendo que quando alguém comete uma loucura contra
outrem: “Era a gota d´água que faltava”. Aconteceu nesta noite. Os pingos da goteira
foram aumentando e daqui a pouco o pequeno vaso já estava
“esborrotando” e molhando o teto do móvel.
O barulho da água na vasilha “tic-tic-tic-tic-tic-tic”, renitente e teimoso
feito gente ruim, já era motivo de sobra para deixar apenas amanhecer o dia e
tentar consertar o buraco no telhado, mas quando pensava subir desanimava. Até
porque, de início não estava perturbando tanto, mas com o passar dos dias,
assim como um problema familiar, uma questão com alguém, ou um pequeno
desentendimento, que não é resolvido rápido, chega o momento em que a pessoa
está “naqueles dias” e não suportando mais, faz “de um pingo d’água faz um oceano“,
assim foi a lição que a goteira da minha casa me ensinou.
Pra não passar mais uma noite escutando novamente o tic-tic-tic daquela danada
goteira, criei coragem, subi na escada e fui tentar, com a ajuda do meu filho
consertar o pequeno buraco no telhado. Depois de subir na escada e dar os
primeiros passos em cima de parte da laje superior da casa, para nossa
surpresa, além de ficar situado num local de difícil acesso, justamente
encostado à linha de madeira onde está o pequeno vazamento está erigida um
grande e confortável casa de marimbomdos, onde os bichinhos dormiam
tranquilamente. E quem é doido de afungentá-los sem “ordem judicial”,
para levar umas 50 ou 100 picadas?.
Foi então que resolvemos acertar com um profissional em retelhamentos, para
amanhã resolver o problema, já que outras pequenas goteiras começam a aparecer
em locais diferentes.
Pois bem, essa foi minha experiência no dia de São Pedro.
Ficou a lição: “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, e, em certos
casos, como o meu, ou conserta a goteira ou perde o guarda-roupas.
Para o leitor perceber, que a teimosia da goteira é caso
gravíssimo, lembro que até o sábio Salomão comparou essa perturbação a
uma mulher rixosa. O livro de Provérbios, no capítulo 27 versículo 15 alerta:
“A goteira contínua num dia chuvoso e a mulher rixosa são semelhantes “.
Acredito também que o caso se aplica do homem briguento.
E foi assim que pensativo no caso, resolvi compartilhar com vocês essa
engraçada experiência, lembrando da música popular, cantada por Sérgio Reis:
"Nessa casa tem goteira, pinga ne mim"...