Enquanto nos dias atuais o mundo inteiro repudia as épocas dos governos
ditatoriais, arquivos são abertos e vítimas indenizadas pelas sequelas deixadas
pelo período negro que comandou vários países durante governos ditatoriais,
como foi o caso do Brasil, ficamos surpresos quando um artista popular vem à
TV, através de entrevista, informar que foi preso e torturado na época de
jovem durante governo militar, simplesmente porque vendia livros ou revistas
considerados na época como comunistas, coisa que nem mesmo ele sabia do
que se tratava, e mesmo havendo passado por esse suplício, declara que a punição
foi correta e que eles os “inquisitores”, leia-se torturadores, estavam certos
em puni-lo, porque não é correto "lutar contra o governo".
Se a declaração tivesse ocorrido há 30 anos, ainda que equivocada, poderia ser compreendida,
porém, nos dias atuais, depois de tanto noticiário, programas diversos na mídia
mostrando o horror que foi aquele período negro, é no mínimo de ficar de queixo caído...
Pois é, o artista popular Amado Batista disse que a tortura que sofreu na ditadura militar foi merecida. Entrevistado pela apresentadora Marília Gabriela, no SBT, na
madrugada desta segunda-feira, 27, o cantor Amado Batista comparou a tortura
que sofreu durante a ditadura militar a um "castigo de criança" e
disse ainda que não achou errada a decisão dos repressores de tê-lo torturado.
"Eu acho que quando uma criança cospe na sua cara, chuta sua canela,
o que o pai deve fazer? Não deve corrigir? Então, eu estava fazendo a mesma
coisa, que não era uma coisa correta", afirmou. Em seguida, o cantor disse
que considerou a tortura um bom corretivo.
Amado Batista afirmou ter sido torturado porque, na época, trabalhava em
uma livraria e permitia que professores procurados pelos militares lessem
livros proibidos naquele período. Além disso, disse que um deles teria lhe dado
uma procuração para receber um salário enquanto estivesse foragido no Maranhão.
O cantor contou na entrevista que tomou choque e foi ameaçado de morte.
"Eu acho que eu não tinha de estar contra, brigando contra o
governo. O governo estava nos defendendo de pessoas que estavam querendo tomar
o País à força, com armas nas mãos."
A resposta do cantor causou espanto à entrevistadora. "Você está
louco, Amado?", disse Marília Gabriela. "Você está louco. Você saiu
perdido, sofreu tortura física..."
"Mas eu estava errado", respondeu o cantor. "Eu acho que
estava errado. Eu estava acobertando talvez pessoas que estavam querendo tomar
esse País à força", reforçou o cantor.
Amado declarou que não vai acionar a Comissão da Verdade, instaurada
desde abril do ano passado para investigar os casos de repressão na ditadura
militar, para tentar encontrar quem o torturou.
O cantor ainda afirmou que recebe uma indenização do governo Federal, mas que não foi ele que acionou a justiça e que não faz questão por isso e "dar o caso por resolvido".
Pois é, AMADO realmente continua sendo aplaudido por milhares e milhares de fãs, continua muito querido pelo seu público, agora depois dessa declaração dada em um programa de tanta audiência, precisa conhecer mais um pouco sobre esse regime que massacrou tantos artistas e intelectuais e quando for cantar aquela canção: AI COMO EU QUERIA VOLTAR AO PASSADO... precisa lembrar um pouco da prisão e dessas torturas para não mais concordar com elas.
Grande artista popular, querido e aplaudido por multidões, com vários discos de ouro e platina, seus sucessos estão na boca do povo e pelo que conhecemos, ele AMADO BATISTA é inocente em relação a esses assuntos de política, o que ele entende mesmo é de música, por isso tantos anos entre os mais ouvidos. Parabéns pelo sucesso, mas cuidado nas próximas entrevistas quando se falar em ditadura, pois ela pode voltar e a gente pode não mais ouvir ao menos aquela sua canção "na sala de cirurgia".