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Foto 1- Seu Dí no seu primeiro carro. Foto 2-Com os meus três filhos e 3-Seu Nadú, meu avô paterno. |
Hoje, quero
abraçar todos os pais de minha cidade, e porque não dizer do Brasil e do mundo.
Quero agradecer pelo pai que tive,
mesmo na sua simplicidade, mas que soube traduzir em gestos, o que de melhor
era possível durante sua vida, é claro, à sua maneira.
Homem de
poucos estudos, oriundo do sítio Barreiras, região do distrito Guanumby, ou São
Domingos. Seu Édio Arcoverde, mais conhecido popularmente como “seu Di”, na
verdade nunca foi um homem habilidoso com a agricultura. Quando
casou e saiu da “ribeira” para esta cidade, inicialmente adquiriu um sítio
localizado na chamada “Baixa Preta”, que depois foi vendido para o Sr. Bedeu e
“seu Dí” veio morar na rua.
Aqui
na cidade morou inicialmente na atual Av. Jonas Camelo, onde hoje reside o amigo Jorge de Clóvis (em frente a casa de Toinho e Zefinha).
Inclusive, foi naquela casa que eu nasci, nos idos de 1964. De lá meu pai mudou-se para a casa situada na praça Cel. Félix de França, onde residiu a
professora D. Marlene. Dessa rua tenho muitas recordações, porque da anterior,
por ser muito criança, não guardo nenhuma.
Me
recordo claramente de alguns invernos rigorosos em nossa cidade. Meu pai e meu
avô (Seu Nadú) sentados no sofá da sala (meio estragado, coberto com lençóis),
e os dois conversando, ao mesmo tempo que ouviam um programa sertanejo ao cair
da tarde, num rádio daqueles antigos. As canções eram modas de violas e vez por
outra aquela dupla que fazia muito sucesso na década de 70 “Ludugero e
Otrope”.
Me recordo
também quando a gente se mudou de daquela casa, que era alugada para nossa casa própria. Foi uma
conquista. A casa nova agora era na Av. Dr. João Hieceno Alves Maciel, próximo
ao campo de futebol e para quem era criança, o local era mais especial porque
ficava próximo ao lugar onde eram armados os circos.
Nessa
época meu pai negociava com caprinos e vez por outra via um caminhão parar
próximo de casa com vários carneiros e bodes na carroceria, sendo depois
conduzidos para o quintal da nossa casa...
Depois,
meu pai conseguiu um emprego na prefeitura e passou a trabalhar no açougue
público. Era uma festa danada quando ele chegava de tardezinha trazendo alguns
pacotes de bolacha “matafome e cocadas”, sem contar com alguns quilos de carne,
pendurados num fio de palha de coqueiro.
O
tempo passou correndo feito carro fórmula um e pai começou a trabalhar também
como porteiro do cinema de Jurandir. Alguns anos depois começou a trabalhar
também como motorista de transporte alternativo na linha Buíque-Arcoverde.
Com
o passar dos anos, meu pai comprou o cinema e tudo corria às mil maravilhas...
Me
admira hoje, depois que meu pai “viajou”, a paciência para criar sete filhos,
as preocupações, que não demonstrava ter, mas que com certeza existiam. Minha
mãe era mais preocupada com os estudos, enquanto meu pai ele era mais com as
necessidades do lar. Comida, vestes, etc. Mas, era o jeito dele. Uma coisa que
posso garantir a todos: Meu pai gostava de barriga cheia.
Outra
coisa que me lembro era quando um de nós (os filhos) sentia dor de dente. Meu
pai vinha com aquela mão grossa, colocava o dedão polegar em cima do buchecha e
fazia uma oração ou reza e em poucos minutos a dor sumia. Era feito comprimido
Doril.
As
vezes, meu pai, brincando com a gente cantarolava:
“Buchada, bucho, buchecha
Buchecha, bucho buchada,
Passa a faca na buchecha
E deixa a danada pelada.”
Será
que herdei dele o gosto pela poesia de cordel?
Foi esse o pai que tive. Não teve muitos
estudos. Dizia que só estudou até a segunda série primária. Quando aprendeu a
ler e, de matemática, a quatro operações, abandonou a escola, e nunca mais
retornou aos estudos. Coisa muito comum à época. Sua escola foi a vida e como
ela tem muitas lições, creio que ele aprendeu muito.
Agradeço, através desta mensagem (o que fiz muitas vezes pessoalmente), por
tudo que ele fez por mim e pelos meus irmãos, e de quebra, mando um abraço para
todos os pais. Esses grandes heróis, que mesmo em tempos difíceis mantém um
casamento honrado, ou mesmo diante das lutas da vida, separados ou num segundo
casamento, criam seus filhos, com amor e fazem todo o possível para ver sua
prole honrada.
Faço
votos que DEUS abençoe todos os pais e todas as famílias. Ele que é nosso
verdadeiro pai seja como “uma galinha que protege os seus pintinhos debaixo das asas”, e que nós os filhos, possamos reconhecer a difícil e linda tarefa
criar, educar e amar os seus filhos, que são herança do Senhor.
Feliz dia dos
pais!.