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Foto 1 Senadores Paulo Paim e Eduardo Suplicy cumprimentando Pedro Simon. Foto 2: posse de Pedro Simon como 30º governador do Estado do Rio Grande do Sul, em março de 1987, no Palácio Piratini e foto 3.Despedida de Pedro Simon no Senado Federal. |
Foi
Durante uma sessão especial, repleta de fortes emoções, que o senador PEDRO
SIMON, do PMDB do Rio Grande do Sul se despediu daquele parlamento, depois de
32 anos de serviços prestados ao seu Estado e ao país. O dia 10 de dezembro de
2014 ficou marcado nos anais daquela casa legislativa.
Em
seu emocionado discurso de despedida, Simon, relembrou seus dias de infância e
juventude, seus embates políticos, sempre em prol da liberdade e da democracia.
Lembrou muitos amigos que percorreram os mesmos trilhos, alguns deles ainda na
ativa e ali presentes, porém muitos já em outro plano, como o ex governador
Miguel Arraes de Alencar, Mário covas, Darcy Ribeiro. Ulisses
Guimarães, Tancredo Neves e tantos outros.
Com
muita emoção, o Senador frisou que “o tempo não espera por ninguém e corre
velozmente”. Relembrou com riqueza de detalhes, “como se fosse agora” o seu
discurso como orador na formatura da turma do curso de Direito, lido há mais de
60 anos e fez uma ponte entre aquele momento e que vivenciava agora.
Há
60 anos de vida pública, Pedro Simon foi governador do Rio Grande do Sul no
período de março de 1987 a 01 de abril de 1990, Deputado Estadual, por 4
mandatos consecutivos pelo mesmo Estado, exerceu também o cargo de Ministro da
agricultura e desde o dia 15 de março de 1979 exercia com muita dignidade o
cargo de Senador da República, representando o Estado do Rio Grande do Sul.
Assim
como o Pedro da Bíblia, o Simon, encerrou sua carreira. O da bíblia deixou um
legado espiritual, o de Rio Grande do Sul, deixa um legado de exemplos de
honradez, coragem, determinação e honra, sempre em busca da paz social e da
liberdade do nosso país.
Em
sua fala de despedida Simon, disse: “As minhas palavras deixam agora o alento
dos discursos para semear idéias com a juventude que clama por mudanças. Minhas
sementes de ética na política do Brasil de hoje e de amanhã” – afirmou.
Fez
criticas ao governo atual e citou casos de corrupção como o mensalão e os
escândalos da Petrobrás, no entanto comemorou a luta contra impunidade e a
aprovação da Lei da Ficha Limpa, que considerou um grande passo rumo à
moralidade na representação política.
Com
a voz as vezes embargada pela emoção, citou vários momentos importantes de sua
vida, lembrou seus familiares, recitou poema de Manoel de Barros e resumindo
sua vida pública, parafraseando Francisco de Assis, de que confessa ser devoto,
recitou:
“Onde vi repressão, lutei para
levar liberdade;
Onde vi tirania, lutei para levar
democracia;
Onde vi corrupção, lutei para levar
ética.;
Onde vi impunidade, lutei para levar
justiça”.
Disse que vai
aproveitar o tempo para conversar com os amigos, ler, ouvir música e se dedicar
a família.
Ao
concluir seu discurso foi ovacionado de pé por vários minutos e em seguida
passou a ser homenageado por apartes por 36 de seus colegas, que fizeram
questão de registrar o momento. Destaco alguns deles:
A Senadora
Ana Amélia (PS-RS) leu uma carta recebida por ela de um admirador de Simon, em
cujo teor dizia que o ele era um homem reto e justo que deixará uma lacuna
impreenchível.
O
Senador Paulo Pain (PT-RS), que presidiu a Sessão histórica disse que se
orgulhava de participar daquele data histórica para ouvir o discurso de um
conterrâneo.
O
Senador Eduardo Suplicy, que também se despede do Senado, teve que interromper sua
fala várias vezes, diante de tanta emoção e destacou a amizade, o respeito e o
equilíbrio que o Simon sempre manteve naquele ambiente, mesmo quando ocupava
posições divergentes das dos seus colegas.
Outros
senadores também apartearam a memorável sessão, como Magno Malta (ES), Jarbas
Vasconcelos (PE),Valdir Roupp (RO) Roberto Requião (PR) e tantos outros, todos
exaltando o exemplo do político na luta pela redemocratização do país e
considerado como inspiração e referencia de ética na política para a maioria
dos colegas, que lamentaram a perda para o Senado.
Depois
de mais de três horas discursando e ouvindo apartes, o presidente da Sessão
Paulo Pain (PT-RS), considerando a idade avançada do senador Simon, com a
devida vênia, interrompeu o discurso e indagou se o homenageado queria usar de
uma das cadeiras da mesa do Senado, ouvindo a resposta que mesmo cansado iria
continuar de pé até o fim da Sessão e nesse momento foi mais uma vez aplaudido e continuou de pé até o último orador usar a palavra, inclusive agradecendo a cada um logo após receber cada saudação. A sessão especial durou mais de seis horas.
Sem suas palavras
finais, Simon proferiu também suas bem aventuranças:
“Bem-aventurados todos aqueles que, abnegados, gritam e
lutam contra a corrupção e contra a impunidade;
“Bem-aventurados os que, apostolados, empunham a bandeira da
ética na política;
“Bem-aventurados sejam todos os que, por meio de assinatura
e pressão sobre o Congresso Nacional, alcançarem o índice da pontuação da Ficha
Limpa”.
A
sessão ocorreu na manhã e tarde do dia 10 de dezembro vigente e como não tive
tempo para assisti-la completa pela TV SENADO e tendo em vista que a mesma foi
repetida a noite, fiz questão de assisti-la por inteiro até às 02h40m da
madrugada, sem dar um cochilo sequer.
E como
disse no título desta matéria, não me envergonho de dizer que em alguns
momentos me emocionei e chorei, como tantos outros parlamentares ali presentes,
concluindo que, apesar de tantos políticos que não merecem um voto do seu povo,
ainda existe homens sérios e comprometidos com a sua missão de honrar seu povo
e sua pátria.
Foi
nesse calor emocional daquela madrugada, quase três horas da manhã que fiz
questão de acessar o email do senador e enviar uma mensagem “De neto para o
avô”, parabenizando o “Pedro de RS” que em Brasília honrou a nação e o povo
brasileiro.
Valeu Simon.