COMENTÁRIOS
SOBRE O DIA 07 DE SETEMBRO DE 2019
Quando jovem, imaginava que as fortes emoções de civismo iam se acabando com o
passar do tempo. Ainda ouço alguns amigos comentando: “Não há o que comemorar
em nosso país”. Breve esses desfiles vão se acabar. Ainda temos umas
poucas bandas, mas daqui a pouco nem elas vão desfilar mais”. E assim seguem os
comentários...
Me recordo do tempo de criança e adolescente. De fato, os desfiles eram mais
marcantes. Certo ano, na década de setenta uma escola representou de maneira
fenomenal a condenação de Tiradentes, no centro da cidade. O condenado desfilou
com vestimentas idênticas ao personagem, passeando em carro alegórico pelas
ruas da pequena cidade à época e foi “enforcado” diante da multidão na praça
principal. Os trajes dos personagens, principalmente dos principais, a
barba daquele que interpretrou Tiradentes, transformava a cena quase em
realidade.
Em outra ocasião, alunos de outra escola interpretaram “O grito de
independência”. Vários personagens, vestindo roupas idênticas à época, espadas
à mão e montados em cavalos, davam um brilho especial à encenação.
Como vivenciávamos à época governos militares, não era só a banda de cada
escola que desfilava. Todo o alunado era obrigado a percorrer as ruas da cidade
vestindo sua farda, que por sinal era comprada pelos pais dos alunos. Alguns de
família mais abastada eram escolhidos para usarem trajes de personagens famosos
da história do país, como Duque de Caxias, D. Pedro I, Princesa Isabel,
etc. Os mais pobres, como eu, se contentavam em desfilar usando uma
camisa de malha branca, calça social azul e um sapado Konga com meias brancas –
combinando com a camisa. As costureiras naquele tempo ficaram muito atarefadas
nesse período. As vezes quase na hora de começar os desfiles, ainda haviam
roupas no “acabamento final”. Só depois de mais jovem foi que comecei a tocar
na banda marcial da escola, e gostei tanto que passei quatro anos tocando
“caixa”.
Na época não existia a facilidade de registrar os momentos com tantas fotos,
pois só existiam na cidade dois fotógrados; Egídio e Joaquim Retratista, que
depois foi substituído por seu filho Vilson do Nascimento. Os dois primeiros já
faleceram e hoje só resta o último – Vilson Fotografia, como é popularmente
conhecido. O diferencial nesse aspecto é que hoje praticamente todo mundo
possui, ou câmara fotográfica ou celular para registrar os momentos, não só
uma, mas dezenas ou centenas de fotos, como desejar. Naqueles idos só existiam
dois stúdios fotográficos na cidade. Os “retratistas” viam filas quilométricas
de pessoas querendo tirar suas fotos, para guardarem como lembranças, e
era preciso paciência para aguardar na fila a vez do “click” de suas máquinas,
e depois ter que esperar no mínimo uns 10 ou 15 dias para receber as fotos. Se
não gostassem, porque saiu de olho fechado ou fazendo um gesto inesperado, não
tinha jeito. Só esperar o próximo ano pra ver se tinha mais sorte.
Pois bem, passados esses anos, mudou o regime político, entrou a democracia e
aos poucos os desfiles começaram a mudar. A maioria das bandas deixou de ser
“marcial” e passou a ser chamada de “fanfarras”. Saíram os hinos, digamos
mais patrióticos e começaram a tocar todo tipo de cultura, até a popular
“beber, cair e levantar” e similares. Os desfiles dos alunos deixou de ser
obrigatório e agora, apenas a banda de cada escola faz sua apresentação, as
vezes seguido por pequeno grupo de representações. No entanto, o que é mais
importante continua a acontecer. O prazer, a satisfação dos pais e dos próprios
alunos participarem desta data tão importante em nosso calendário.
Ontem, mais uma vez senti os “cabelos arrepiados” e um “nó na garganta” em
diversos momentos, ao presenciar nos desfiles, diretores, professores e
principalmente alunos, crianças, adolescentes e jovens, com sua energia
vitalidade e esperança, representando, de alguma forma o seu amor pelo país.
Mesmo os que de uma forma ou de outra estavam protestando, dessa forma também
abrilhantaram a festa, que foi linda.
Por fim, quero apresentar meus parabéns a todos que contribuíram para o êxito
dessa grande celebração cívica, começando pelos diretores das escolas, seus
professores e auxiliares, os “maestros” que coordenaram as bandas, cada
instrumentista, mas, sobretudo os alunos. São eles que de fato fazem a
festa.
Parabenizo também o governo municipal, pelo empenho e auxílio praticamente a
todas as escolas que desfilaram ontem. À Secretaria de Educação do município,
pelo excelente trabalho e até por haver desfilado com sua competente equipe, e,
para completar a lista, a todos os blogueiros que registraram os grandes
momentos dessa bonita festa ocorrida no dia 07 de setembro de 2019, tirando
fotos, publicando matérias e de toda forma dizendo: “Brasil, Buíque, eu estou
aqui também!”.
Ah, sim, por último e não menos importante, parabenizo também à população
buiquense, que compareceu em massa para prestigiar essa grande festa do
calendário nacional.
Algumas fotos antigas do meu acervo particular e outras de ontem, extraídas da internet:
Década de 60 na praça central. No lugar dessa escola ao lado esquerdo, hoje é o anfiteatro |
07 de setembro de 1978 na rua Osório Galvão - subindo para a atual praça de eventos |
Década de 60 na praça Major França |
Década de 60 - Praça Major França. |
07 se setembro de 1978 - rua Osório Galvão |
FOTOS ATUAIS SETEMBRO 2019
Clique no link abaixo e veja cobertura fotográfica completa, através de publicação do blog "Choque Cultural", do amigo Leonardo Silva"