segunda-feira, 17 de junho de 2013

O VULCÃO ADORMECIDO COMEÇOU A SE ACORDAR

  


         Agora a noite passei quase três horas assistindo os noticiários na TV sobre o movimento contra a corrupção que tem tomado conta do Brasil. VOU DORMIR ORGULHOSO DO POVO BRASILEIRO. Enfim o vulcão está se acordando. O que parecia simplesmente um protesto por causa do aumento de R$ 0,20 (vinte centavos) nas passagens de ônibus na grande São Paulo, vem assumindo proporções nacionais. 

            No último sábado, enquanto a Presidente Dilma Rousseff, era convidada a declarar abertura da copa das confederações, surpresa, recebeu uma vaia da multidão que quase a impedia de fazer o seu discurso. Aparentemente tudo de forma espontânea, a uma só voz o povo deu o seu grito de revolta, não apenas pelo aumento das passagens, mas pelos muitos escândalos que vem ocorrendo no governo do PT, o que não é exclusividade desse partido, pois quem não se lembra dos anões do orçamento, os sanguesugas e tantos outros escândalos ocorridos em governos passados?.

         Como na derrubada dos ditadores do oriente médio, ocorrida em dias recentes, as redes sociais (internet) foram e vem sendo o instrumento de comunicação e de convocação para os atos, alguns até de forma violenta dos dois lados – de um, os que protestam (embora cometidos por pequenos grupos isolados), e de outro a polícia, que muito parecida com os tempos da ditadura vem agindo de forma truculenta, embora alguns até reconheçam a necessidade do protesto, não concordando, entretanto, com os atos de vandalismo que sempre acontecem em movimentos como esses, onde fica difícil controlar a multidão de revoltosos.

         Diante do noticiário e da repercussão que vem tomando, o apresentador do programa Brasil Urgente, DATENA, da Rede Band de Televisão, depois de comentar sobre o fato e dizer que concorda com o direito de mobilização, não concordando, porém, com o quebra-quebra, resolveu fazer uma pesquisa no programa, ao vivo, para ver a opinião do povo, se concordava com a forma como vem sendo realizados tais protestos. Em menos de cinco minutos o SIM vinha ganhado em disparada. Então, o apresentador pensou que fosse um equívoco do povo diante da pergunta, que talvez tivesse sido mal formulada, então pediu que a reformulasse, de forma clara, perguntando se o povo concordava com o protesto mesmo com o quebra-quebra. Mais uma vez o SIM venceu assustadoramente. Foi quando o apresentador compreendeu que realmente o povo não suporta mais a forma como vem sendo tratado pelo governo, por isso estava dizendo SIM de forma consciente. 

      Trilhões são gastos com estádios de futebol que só terão usados alguns dias, e nada, ou quase nada com educação, segurança ou saúde. Sem contar com os “mensaleiros” que continuam rindo da cara do povo brasileiro, já que não são presos, pelo contrário, estão assumindo cargos excelentes ou passando "férias" na Europa. 

         Como se pode ver, enquanto o governo pensava que o povo ia ficar anestesiado com os belos estádios de futebol e com a copa se realizando no Brasil, está passando por um belo susto, vendo que o povo não está nada satisfeito com o “pão e circo” que sempre foi praticado no país e está disposto a lutar para que essa realidade mude. Se o povo já derrubou até ditadores nos países do oriente, por que não pode fazer isso aqui ?. Não que seja essa a intenção do movimento, talvez seja só dar um ALERTA, para os políticos brasileiros.


        Há mais de vinte anos, quando cursava letras na Faculdade de Arcoverde, ouvi um professor dizer que enquanto o povo não se “acordar”, o Brasil não sai do buraco. E esse “acordar” não era só conversa, era agir de forma revolucionária mesmo. Pois bem, o povo que estava “deitado eternamente em berço esplêndido ao som do mar e à luz do céu profundo”, está se acordando, e irado, como um bêbado saindo de sua ressaca. E quem está revoltado há décadas é capaz de fazer muita coisa, inclusive loucuras, pois é a única forma de ser ouvido.

      Será que esse povo seria notícia se ficasse de braços cruzados só reclamando isoladamente ou aguardando que os seus legítimos representantes (deputados, senadores, prefeitos, etc.) buscassem a solução, seriam vistos e ouvidos?. Com toda certeza que não. Pois encontraram a forma de protestar e por isso estão sendo ouvidos e percebidos até no exterior. O resultado de tudo isso só se saberá com o tempo. Agora que essa voz engasgada precisava ser solta, não tenho a menor dúvida que sim.
         Nestas horas a gente tem saudade do grande poeta Gonzaguinha, que se estivesse aqui estaria cantando:
   
“Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou à luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa juventude
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada...”. 

         Que esse movimento sirva de lição e despertamento para que não venhamos trazer de volta quem já foi e fez o mesmo lamaçal, nem continuar com quem está, para não ver o país mergulhado na lama. Vamos guardar na mente aquela imagem do povo assumindo o senado que é a casa do povo, e como disse um internauta, ali não foi uma invasão, foi na verdade uma “reintegração de posse”, pois ali é a casa do povo e esse povo estava ocupando o que é seu por direito.

         Um boa noite e um bom dia quando acordar, pronto para assistir e compartilhar centenas de mensagens de apoio a esse movimento que ficará na história do país.


domingo, 16 de junho de 2013

DR VANALDO, O HOMEM QUE NÃO É BOMBRIL MAS TEM MIL E UMA UTILIDADES



 
                Pois é, o Dr. VANALDO ARAÚJO, é o verdadeiro cidadão de mil e uma utilidades. Já foi Advogado, Delegado de Polícia, hoje exerce o cargo de Procurador de Estado, em nosso vizinho estado de Alagoas, mas mesmo que ele não exercesse nenhum cargo federal, estadual ou mesmo municipal, tinha do que sobreviver. O cidadão toca, e bem, violão, teclado, contrabaixo, sanfona, compõe músicas, poesias, poemas, é declamador de poesia de primeira linha e agora inventou de gravar um CD em parceria com o artista popular Batoré, muito conhecido no Estado de Alagoas.  

            Influenciado pela cultura nordestina, mais precisamente pelo verdadeiro forró pé de serra, do tipo Trio Nordestino, Luiz Gonzaga, Santana (o cantador), Petrúcio Amorim, Jorge de Altinho, Flávio José, dentre outros, Dr. Vanaldo escreveu e gravou quatro músicas no mais recente CD do Batoré, como participação especial, sendo elas: Um porta dor;  De rostinho colado; Pra te ninar e Meu destino. Todas de ótimo conteúdo poético e melódico. Vem concedendo entrevistas em rádios Am’s e Fm’s  e pelo que estou sabendo, o mesmo estará em nossa cidade no próximo final de semana e quem sabe, venha presentear os buiquenses com uma apresentação no centro da cidade, onde está montada uma estrutura para eventos juninos?   

         Pois é Dr. Vanaldo, para quem te conhece, não é nenhuma novidade essa nova seara, porque criatividade e talento você tem de sobra. Inspirado no repique das violas de São José do Egito e Santa Terezinha, terra dos seus pais, nas verdadeiras raízes culturais que nós vivemos nos tempos de criança, temas não irão faltar em sua fonte criativa, afinal, boas fontes não nunca secam. Boa sorte nessa nova empreitada e que venham novas canções, até porque a população precisa ouvir música de qualidade, principalmente com poesia e melodia de bom gosto.

        O CD que Dr. Vanaldo participa, traz ainda outras dez canções gravadas por Batoré, como: De olho nela, Água na boca, Forró pé de serra, Esperando por ela, Que país é esse? dentre outras. Vale a pena conferir !.       

sábado, 15 de junho de 2013

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE BUÍIQUE VAI ESQUENTAR O SÃO JOÃO DA CIDADE


              Começa hoje, dia 15 e prossegue nos dias, 22 e 29 deste mês, as festividades juninas, organizadas pela associação comercial de Buique, (ACB).  Sempre aos sábados vai  movimentar a praça Major França no centro da cidade, com seu arraiá arretado de bom. Inicialmente neste sábado dia 15 quem abre oficialmente  as festividades da ACB  com o primeiro grande evento Junino da capital  do  vale  é o Arcoverdense Junior Saigon.

               Enquanto isso nos dias 22 e 29  consecutivamente muito forró pé de serra vai rolar ao som do forrozeiro  Geovane do Acordeon, além de muita descontração  associados e população em geral  vão poder  reviver os grandes momentos do tradicional São João do Interior por que na palhoça montada pela Associação em plena praça publica vai ter de tudo, do quentão a canjica sem contar ainda com apresentações das quadrilhas matutas da cidade e talvez algumas convidadas de outros municípios.

       A proposta dos principais responsáveis pela Associação Comercial do Buíque  os comerciantes Petrúcio  Nopa, Diogénes e Rony Peterson, a estrutura montada na praça  publica poderá permanecer por tempo indeterminado  dependendo da aceitação por parte da secretaria de Obras  diante do acordo que será feito na próxima segunda feira (20) dia em que a direção da Associação se reunirá com a secretária Mirian Briano.


            Como este é o primeiro  São João promovido pela Associação Comercial, sua diretoria decidiu homenagear um figura ilustre do município, o cidadão Joaquim do Barro, que deixou seu nome marcado pela sua devoção ao santo padroeiro dos festejos juninos.

              O blog Paulo Cordel Buíque parabeniza os idealizadores do evento e deseja muito êxito, para que a população tenha ao menos uma visão de como eram esses festejos nos em décadas passadas e sem dúvida, será um ponto de encontro para a juventude buiquense que há muitos anos não tem essa festa popular vivenciada como deveria. 

Copiado do blog giro social, do amigo Adauto Nilo (com acréscimo).

quarta-feira, 12 de junho de 2013

AS PALHOÇAS DE ANTIGAMENTE E FESTAS DE HOJE EM DIA


Na foto 2, este blogueiro dançando quadrilha com Doraídes e na foto 4 com Lourdinha na festa Junina da praça Nanô Camelo, em junho de 1986


         Assistindo recentemente pela TV a programação junina para algumas cidades da região, percebo uma grande diferença entre as festas atuais e aquelas vividas há poucos anos – não é há séculos, apenas alguns anos, talvez menos que duas décadas.

         Me recordo que na década de 80 até o finalzinho dos anos 90 durante o mês de junho existiam em nossa cidade, várias palhoças. Uma delas era na Av. Félix Paes de Azevedo, conhecida como a rua do Chafariz. Outra ficava na praça da Rodoviária e era conhecida como a palhoça da família “Pergentino”, que depois passou a ser administrada pela popular “Manaca”. Outra palhoça ficava na Av. Amélia Cavalcanti, próximo de onde atualmente é a Colônia Penal Feminina. Essas três palhoças eram organizadas pelos moradores de cada rua e nelas havia um serviço de som, sanfoneiro pé de serra e se vendiam além das comidas típicas (milho assado, cozido, pamonha, canjica, bolo de milho, etc) havia também o famoso quentão paulista e outras bebidas do tipo, além, é claro de muita cerveja.

         Normalmente esses festejos duravam de de 15 a 20 dias. Era um período de muita amizade, paqueras, namoros e todo mundo se conhecia, porque a cidade era bem menor que atualmente. Dificilmente havia uma ocorrência policial nessas festas já que todos se respeitavam.

         Cada equipe organizava a sua quadrilha e em numa noite designada, havia a disputa na palhoça principal – a do centro da cidade, para ver qual seria a vencedora. O que importava não era o título, mas a participação. As músicas eram puramente nordestinas. Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Jorge de Altinho, Genival Lacerda, dentre outros. Sentíamos orgulho de sermos nordestinos. Ouvindo essas canções, o “tilinque” do triângulo e io batuque da zabumba, sentido o cheiro da pólvora oriundo dos ‘peidos de veia” e dos fogos de artifício que explodiam ali perto, o busca pé que assoviava rua afora, metendo medo nas crianças, brilhando no espaço e correndo feito cobra, vindo a desaparecer cinquenta ou cem metros adiante. Sentíamos a nossa alma mais humana. Não havia espaço para stress ou coisa do tipo. A alegria pura reinava. As músicas contribuam para isso. Não eram essas pancadarias de hoje.

         Os casais dançavam coladinhos, jovens, ainda tímidos tentavam conquistar suas princesas a convidando para um passe no salão todo enfeitado de balão, bandeiras e coberto de palhas de coqueiros. Vez por outra a timidez era tão grande que o “cavalheiro pisava o pé da princesa”, mas apenas se entreolhavam sorrindo e a dança continuava.

         No final da festa, que não era tão tarde como atualmente, o prêmio maior do príncipe era conseguir levar sua bela adormecida em casa e ganhar um beijo de despedida e ouvir a confirmação de que amanhã queria dançar com ele novamente.

         Hoje tá tudo diferente. A começar pela música. O pé de serra com tanta declaração de amor foi trocado pelo “bate estaca’ que vem recheado de palavrões. As pessoas em vez de dançarem, ficam de braços cruzados de longe apenas assistindo passivamente o artista se apresentar, e, se naquele tempo haviam mesas e cadeiras para as pessoas descansarem até recobrar as energias, atualmente tem que permanecer em pé no meio da rua durante horas, as vezes até o sol clarear.  


O QUE AINDA DE APROVEITA – Mesmo com essas mudanças no modelo das festas populares, diga-se de passagem não é só no mês de junho, vez por outra os organizadores ainda contratam alguns artistas de qualidade. A vantagem desse tipo de evento é que todos tem o mesmo direito de assistir, pois no modelo anterior, quando as festas eram realizadas em clubes,  apenas os mais “endinheirados” tinham esse privilégio. Hoje o pobre tem o prazer de assistir Fagner, Zé Ramalho, Gilberto Gil, Santana, Elba Ramalho, Zezé de Camargo e Luciano, e outros grandes nomes da MPB, no mesmo espaço dos endinheirados, as vezes até mais próximo dos artistas. Ao menos nesse aspecto a coisa parece ter melhorado, pois, se assim não fosse, muita gente iria passar pela vida sem ter o direito de ver esses e outros cantores, a não ser pela TV ou nas bancas de revistas.  

           Entretanto, quem viveu aquele tempo, não tão distante, sente saudades e lembra também que nas festas das palhoças todos eram iguais, não se pagava para entrar e se o cabra era “bom de pé” e sabia despistar a timidez, sempre conseguia levar a paquera em casa e ganhar um “xero” de presente, voltando para casa se sentindo o Dom Juan da noite. Lembro: Apenas se sentindo, nada mais que isso, mas já era um bom começo.  Afinal, toda caminhada começa no primeiro passo.

Quem tem mais de quarenta anos e não passou por isso levante a mão !. Ou melhor, como eu não posso ver você levantando a mão, comente essa matéria. Compartilhe !. Se você ainda está sozinho e não teve tempo de encontrar sua cara metade quem sabe se nesse são João a “burrinha da felicidade” não vai parar na porta de sua casa nesse, trazendo na garupa a sua Carolina pra tu dançar a noite inteirinha com ela numa sala de reboco !.
  

sábado, 8 de junho de 2013

A DISTÂNCIA ENTRE A POESIA E A REALIDADE



         Uma música do cantor e compositor Gilson, muito executada nos anos 80 tem um trecho que diz: Eu queria ter na vida simplesmente, um lugar de mato verde pra plantar e pra colher; ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer.”!

         Letra e melodia belas. Ainda hoje quando ouvimos essa canção, nutrimos um sentimento de muita tranquilidade e paz.  Acredito que diante de um mundo tão conturbado como está atualmente, uma música dessa qualidade nos ajuda refletir um pouco mais sobre a correria da vida, por tanto trabalho, tanto lucro, fama, riqueza, e a brevidade da vida.

         Porem, um amigo meu certa vez me confidenciou que cantarolava essa música no seu local de trabalho, trabalho, quando um colega dele lhe alertou:

-Na música é muito bonito. Agora vai tu morar numa casinha dessas, sem energia, sem geladeira, sem fogão a gás, sem computador com internet, lá nas brenhas e vê se tua mulher vai concordar e se sentir feliz como diz na música!”.

         Com esse alerta, disse meu amigo, que ficou como aqueles bonecos de desenho animado, parou e raciocinou na letra:

Tenho andado tão sozinho ultimamente, que não vejo à minha frente nada que me dê prazer. Sinto cada vez mais longe a felicidade vendo em minha mocidade tanto sonho perecer....”.

Aí meu amigo concluiu:
- Esse cara sou eu. E prosseguiu: Ultimamente estou trabalhando tanto que não tenho tempo pra nada. Há mais de ano não viajo com minha esposa ou com meus filhos. Não tenho mais tempo pra uma peladinha com meus amigos, nunca mais parei em casa para assistir um bom filme com minha família. Caramba!.

         Daí, lembrou-se de um sítio que seus pais possuem numa cidade vizinha, no qual existem muitas árvores, frutas e um pequeno barreiro. Assim, teve a ideia de convidar a esposa para aproveitarem um feriadão de 4 dias e viajarem com os três filhos para aquele “paraíso”.

         Feito o convite, a resposta da amada não foi das melhores:

- Naquelas brenhas, nem mesmo um só dia, quanto mais quatro. Se quiser vá só, comigo não!. Daqui de onde a gente mora, só se for pra outro lugar maior, sítio, Deus me livre !

         Foi quando meu amigo lembrou do que havia dito o seu colega de trabalho e viu que ele tinha razão. A música é muito bonita. A letra, nota dez, melodia nota mil. Agora só em novela ou filme, na prática, meu amigo a coisa é bem, diferente.  

         Na vida real, Belchior já alertou: “Mas não se preocupe meu amigo com os horrores que eu lhe digo, isso é somente uma canção, a vida realmente é diferente, quer dizer, ao vivo é muito pior !”.

         Foi aí que meu amigo resolveu mudar de rota, seguindo a “sugestão” de sua esposa, para não dormir no sofá, e, em vez de um passeio no sítio viajou para a capital, com destino a uma praia. Para não se dar por vencido viajou de ida e volta ouvindo aquela bela canção, e até cantarolando:

Eu queria ter na vida simplesmente, um lugar de mato verde pra plantar e pra colher; ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer.”

         Ao retornarem ao lar o gatão percebeu que quando o camarada é casado não tem essa de decidir sozinho como ele fazia antes, a decisão tem que ser em conversa, em diálogo para que a decisão seja do casal, como é o caso dele, que sempre depois de um bom diálogo a decisão é sempre do marmanjo, desde que a resposta seja “sim senhora !”.

         Mas que o passeio foi bom não tenho dúvida, o amigo me confidenciou que foi como a segunda lua de mel e ainda de quebra, decorou a “casinha branca” para nunca mais esquecer que quem manda em casa quase sempre é a mulher.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

AGOSTINHO, O HOMEM E O SANTO




 

            Li no período de 14 a 16 de março vigente a história de Santo Agostinho, obra da coleção “Grandes personalidades de todos os tempos”, da Editora Três, da qual, com dificuldade, faço o seguinte resumo:

         Agostinho nasceu no dia 13 de novembro de 354, na cidade de Tagasta, na Numídia, província romana na África do Norte, região que corresponde a atual Argélia. A vida desse personagem é fascinante por vários motivos. Inicia seus estudos aos sete anos de idade, sob a orientação de um litterator em sua terra natal (Tagasta). Aos 13 anos viaja para Madaura, onde estuda gramática. Em 370, por falta de recursos volta para sua terra natal e passa um ano sem nada fazer, quando no ano seguinte morre seu pai. Agostinho auxiliado por seu parente e amigo Romaniano viaja novamente para Catargo, para continuar os estudos, é quando passa a viver maritalmente com uma mulher pela qual se apaixona. Contava nessa época com 17 anos. No ano seguinte nasce o filho de Agostinho, o qual recebe o nome de Deodato. Quanto à mãe da criança, não se sabe o nome dela, mas segundo narra o livro foi a grande paixão de Agostinho.

         No ano 373 Agostinho descobre a filosofia ao ler o texto de Cícero, intitulado Hortensius e no ano seguinte retorna a Tagasta, sua terra natal onde leciona gramática. É nessa época que converte-se ao maniqueísmo, o que leva sua mãe Mônica a recusar de recebê-lo em casa e o mesmo passa uma temporada na casa do seu amigo e parente Romaniano.  No ano 375 funda uma escola de oratória. Mais adiante, em 384 o prefeito de Roma, Simaco o nomeia professor de retórica em Milão e Agostinho visita Santo Ambrósio, o bispo da cidade.

         No ano 385 sua mãe vai ao seu encontro em Milão, acompanhado por Navígio, irmão de Agostinho. Nesse período sua mãe o convence a separar-se da mulher com quem vivia e a casar-se com outra. Separado, e enquanto esperava pelo casamento, Agostinho passa a viver com outra mulher. Mais adiante, os sermões de Ambrósio o levam a afastar-se do maniqueísmo.

         Em 386 estuda filosofia neoplatônica e descobre as epístolas de Paulo. O padre Simpliciano, com quem se confessa, o põe a par da vida do reitor Mário Vitorino. Nesse período Agostinho descobre a história de Santo Antonio, o eremita e renuncia a mulher, com quem vivia, a noiva e sua escola, passando a dedicar-se exclusivamente a Deus.

         Aos 33 anos de idade, no ano 387 é batizado, por Ambrósio (bispo de Milão), na presença de sua mãe Mônica e do seu filho Adeodato e escreve nesse ano duas obras “De imortalite Anima” e  De musica”. Em seguida volta para sua cidade natal onde vende a herança paterna e distribui o valor entre os pobres, isso no ano de 388. No ano seguinte morre seu filho Adeodato.

         No ano de 396, Agostinho, que não desejava cargos na igreja, é convocado para assumir a vaga deixada pelo bispo Hipona, que veio a falecer. De início recusa o cargo, porém, é convencido de que está se negando “o projeto de Deus” e começa uma nova etapa na vida de Agostinho, que no ano de 413 começa a escrever uma de suas mais importantes obras “A cidade de Deus”. Participa de vários congressos e debates públicos, sempre em defesa da fé cristã e morre em 430, contando com 76 anos.   

         A obra em apreço descreve que Agostinho quando criança considerava sua vida como um inferno: “aos seis anos, por exemplo, esse inferno assumira a forma da escola com suas punições. Por detestar os estudos apanhou muito de seus mestres, que de resto tachou de injustos e perversos”.

          Registra ainda a obra que naquela época, mesmo as famílias cristãs não batizavam seus filhos imediatamente – aguardavam atingirem a idade da razão, desta forma, após o nascimento de Agostinho ele foi marcado com o sinal da cruz e “temperado com o sal divino”, entrando assim na lista dos catecúmenos, costume da época. O batismo viria mais adiante.

         Detestava a leitura, a escrita, os cálculos e principalmente o grego e a aritmética. Preferia brincar a estudar, como qualquer criança.

         Durante a sua juventude desejava “amar e ser amado e encontrava mais doçura quando o ser a quem amava me entregava o seu corpo”. Para ele amor e satisfação sexual não passavam de uma só e mesma coisa. O que lhe interessava realmente era a busca do prazer...” e lastimou o fato de não ter casado cedo.

         Leu muito e logo compreendeu e dominou as ciências mais difíceis. Ele próprio conta que assimilou com facilidade todos os conhecimentos de seu tempo, tendo sido sempre o primeiro aluno entre todos os seus companheiros. 

         Aos 22 anos de idade ensinava os jovens de sua idade, ou mesmo a mais velhos e era por todos considerado o melhor mestre de eloquência de Cartago. Mais do que o perfeito mestre, mais do que um orador arrebatado, mais do que um poeta, que num verdadeiro passe de mágica, desvendava espetacularmente os segredos da poesia - Agostinho era o perfeito amigo, aquele que não entendia a procura da verdade sem a participação primeira, e mais fundamental do que toda sabedoria, do amor.
 
         A conversão de Agostinho não foi uma atitude súbita, processou-se gradativamente como resultado de uma série de impressões e descobertas cada vez mais iluminadoras.  Depois da conversa com Ponticiano, ele não passou da incredulidade à fé, mas simplesmente resolveu por em prática os preceitos da fé. Foi um acontecimento de natureza ética e não propriamente de natureza mística.

         Convertido e exercendo o ministério de bispo, amava seu povo. Falando-se só utilizava palavras de ternura, mesmo quando se tratava de repreensões. Apaziguava suas brigas, era para manter a caridade entre eles. Englobava em seu coração até mesmo os heréticos. Se condenava e refutava suas doutrinas, respeitava profundamente suas pessoas. E Acrescentava: “Que nossos adversários digam tudo o que quiserem contra nós. Continuamos a amá-los”.  Seus discursos eram sempre assim: partia da profunda consciência da miséria humana, inclusive a sua, para a luz da palavra de Deus, descobrir na própria natureza do homem a sua grandeza.

         Para Agostinho, “o recinto da igreja transformava-se numa pequena comunidade democrática em que todos tenham alguma coisa a dizer, a contestar, a reclamar – e como tal eram ouvidos e respeitados”. No entendimento dele, “todo homem quer ser feliz”.

         Conhecia todos os filósofos e os moralistas da antiguidade, mas nunca escondeu sua admiração por Cícero, nem por Platão, que o iniciaram no amor da sabedoria.  Mas foi no Cristianismo que descobriu uma verdade única: “A revelação de um Deus vivo, infinitamente misericordioso, tratando o homem como um pai trata seu filho, como um amigo trata seu amigo, até assumir a natureza do próprio homem e oferecer-lhe em partilha sua própria vida”.   

         Agostinho não ensinava apenas que a graça tinha poder de transformar a vontade humana, mas também que a caridade desempenhava papel importante no cumprimento da lei divina.

         Foi considerado um homem completo: “poeta, orador, psicólogo, filósofo, teólogo, místico, pastor, administrador – tudo isso reunido numa síntese harmoniosa. Primeiro foi pecador, depois santo, a princípio, professor, em seguida pastor; torna-se depois cenobita, dirigente de diocese, poeta, lógico, romântico, tradicionalista, revolucionário, reitor eloqüente e orador das multidões”.

         Concluo destacando outro texto desta obra onde o sábio Agostinho diz: “A verdade não é somente uma coisa que se aprende, mas também um patrimônio de que o homem se deve apropriar. O Cristianismo, ao invés de limitar-se a uma coleção de dogmas, é uma vida que precisa ser vivida integralmente.

         Como se vê, como qualquer ser humano, de carne e osso, no dizer popular, Santo Agostinho teve seu lado natural, chegando até mesmo a se apaixonar, conviver com uma mulher com a qual teve um filho, o que o fez declarar, ainda na fase da juventude que lastimava o fato de não ter casado cedo, declarações que hoje poderiam ser mal compreendidas, contudo, analisando o ser humano por inteiro, não apenas como ser espiritual, podemos concordar plenamente com a sua vida, antes e depois de dedicar-se exclusivamente a igreja, pois faz parte do crescimento humano as várias experiências vividas pelo homem Agostinho, que depois de convertido passou a ser chamado de Santo Agostinho.

         Deixou um legado tão rico de lições e ensinamentos que mesmo depois de dois milênios sua obra continua influenciando as gerações atuais.

         Para os interessados em conhecer mais um pouco desse grande personagem cristão, recomenda-se a leitura da obra “A CIDADE DE DEUS”, de sua autoria.

Frases de Santo Agostinho:

"O orgulho é a fonte de todas as fraquezas, por que é a fonte de todos os vícios" 

"Não fazer coisas boas, é preciso fazê-las bem".

"O supérfluo dos ricos é a necessidade dos pobres" 

"Não é tanto o que fazemos, mas o motivo pelo qual fazemos que determina a bondade ou a malícia".

Uma das mais famosas: "Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam porque me corrompem".