Cordel e o Cartório
Por Paulo Tarciso
Buíque-PE
Olá queridos amigos
Eu agora vou falar
Dois temas que eu gosto muito
E vou aqui relatar
Sobre cordel e cartório
Tabelião ou notário
É bom você me escutar.
Por cerca de uns seis anos
Eu trabalhei num cartório
Bem no centro da cidade
Lavrei muito relatório
Escrituras de imóveis
Recibos de automóveis
Grande é o repertório.
Firmas pra reconhecer
Ou lavrar procuração
E títulos e documentos
Que era um livro bem grandão
Carimbo, selo e caneta
Vermelha azul ou preta
Passaram em minha mão.
Quando alguém compra uma casa
Um terreno ou fazenda
Tem que fazer a escritura
E colocar na agenda
Pagou, vá escriturar
Para o seu bem preservar
E não virar uma lenda.
Mas não fica só aí
Apenas na escritura
Tem que levar à registro
Para ficar mais segura
Assim o vovô dizia
Era assim que ele agia
Logo após a assinatura.
“Só é dono quem registra”
Na matrícula original
Tem que dizer quem vendeu
E quem é dono atual
Imóvel não registrado
Pode ser negociado
Mesmo sem ter seu aval.
Tem registro de hipotecas
Quando o banco faz empréstimo
E o bem em garantia
Tem contrato e isso é certo
Tem que levar ao cartório
Tabelião ou notário
Negócio não é incerto.
Se você tem um negócio
Pra fazer na capital
Mas não pode viajar
Tem documento legal
Para lhe representar
É só você assinar
A procuração formal.
Você será outorgante
Escolhe o procurador
Que será o outorgado
Gente amiga e de valor
Que é da sua confiança
Pode até “vender herança”
Ou ser alienador.
Quando você vende ou compra
Um automóvel legal
Ford, Volks ou Chevrolet
BMW ou Hyndai
Quem o recibo assinar
É certo vai precisar
Procurar o oficial.
O oficial do cartório
Pra firma reconhecer
Pra dizer que a assinatura
Que ali está a valer
É de fato verdadeira
“Que não é falsa-bandeira”
Pra não lhe aborrecer.
Ainda tem uma função
Essa também é importante
A de protesto de títulos
Que é muito significante
Alguém passa uma promissória
Ou cheque e no dia e hora
Se faz de ignorante.
O protesto é um ato
Formal e também solene
Pelo qual se faz a prova
Alguém está inadimplente
Descumpriu obrigação
Caminho pra solução
É o protesto ir adiante.
Olhe direito o prazo
Ou tipo de documento
Pois tem as formalidades
Contrato ou até sentença
Letra de câmbio, olhe lá
Não deixe o prazo expirar
Ou perder a sua “avença”.
No tempo que trabalhei
Era grande a correria
A gente escrevia a mão
Chega a munheca doía
Depois de tudo escrito
Passa tudo do livro
A máquina datilografia.
Hoje a coisa é moderna
Tudo no computador
As vezes “copia e cola”
Muda só partes e valor
E também o objeto
Deu um “enter” está bem certo
Todo trabalho “encurtou”.
Me lembrei que ainda tem
Um outro profissional
Que prepara os casamentos
Ele é o oficial
Eu é do registro civil
Que tem em todo o Brasil
Serviço fundamental.
Pra registrar a criança
Após o seu nascimento
Preparar todos os papéis
Também para o casamento
Se o casal divorciar
Ele terá que lavrar
Por certo o averbamento.
Ele ainda retifica
Data, nome ou profissão
E dependendo do caso
Terá que haver uma ação
Que será judicial
Pro juiz dar seu aval
E não gerar confusão.
Se o casamento é civil
Ou mesmo religioso
Ou se união estável
Divórcio litigioso
Ou mesmo consensual
Trabalho do oficial
Tem que ser imperioso.
Se o casamento ocorreu
Na cidade de Sumé
Estado da Paraíba
E o divórcio vier
Do Estado de São Paulo
Para poder averbá-lo
O “cumpra-se” tem que haver.
O “cumpra-se” que eu me refiro
E do Juiz do local
Onde houve o casamento
Para o ato ser legal
Logo depois desse ato
Pode sim ser averbado
Pelo dito oficial.
E quando alguém vem a óbito
Só pode ser sepultado
Se o oficial fizer
Depois de todo apanhado
A chamada certidão
De óbito com precisão
Causa da morte anotado.
Se alguém adota um filho
De forma judicial
Terá que ir ao cartório
Levando ao oficial
A sentença e o mandado
Onde o registro é lavrado
Em ato puro e formal.
Como falei de cartórios
Também de tabelião
Oficiais de registro
De Imóveis ou de união
Escritura ou casamento
Já no assunto estou dentro
Vou prosseguir, pois, então:
Falar dos auxiliares
Inclusive os escreventes
Que com garra e atenção
Trabalham diariamente
Com muita civilidade
Serviço de qualidade
Prestam um serviço decente.
Assim como eu trabalhei
E ainda hoje o faço
Desejo a cada um
Melhor salário e espaço
Deus abençoe vocês
Transforme em rainhas e reis
Um beijo e um forte abraço.
Encerro aqui meu trabalho
Acho que falei demais
Desejo uma boa sorte
A esses profissionais
Paz, saúde e harmonia
Na vida muita alegria
Vida longa e muita paz.
Buíque,08 de dezembro de 2020
Paulo Tarciso Freire de Almeida
Autor
Observação: Este trabalho cultural em cordel foi usado como material de pesquisa para obtenção de titulação do Mestrado em cultura Jurídica: Segurança, Justiça e Direito, na Universidade de Girona-UdG/Espanha, sob o tema DIREITO NOTARIAL E A LITERATURA DE CORDEL NO CENÁRIO BRASILEIRO, do mestrando Frederico Heberth Carvalho de Santana.
Se quiserem ver o cordel em vídeo, segue o link: Cordel em vídeo