sábado, 12 de setembro de 2020

LAVANDO PRATOS E VIAJANDO PELA VIDA


 

                Hoje de manhã mais uma vez, dia de sábado, lavando os pratos pra ajudar minha esposa na cansada labuta diária. Como de costume, liguei o som no computador e escolhi um show protagonizado pelos artistas Sérgio Reis e Renato Teixeira. “Amizade Sincera”, é o título do espetáculo. Fiquei ali de longe ouvindo só o som das “cantorias”, mas sem ver as imagens.

                Em cada canção, uma emoção diferente. Me fez dar uma viagem no tempo de moleque de “calça curta”, jogando bola de gude, soltando pipa, correndo livre nos sítios Barra do Pico e Fernandes, na época pertencentes aos meus avós maternos “Tutu e Maria” e meus tios Antenor e Bebé. Voltei ao tempo dos barreiros que a gente fazia na rua, à beira do meio fio, quando chovia na cidade.

                A música dessa dupla é tão regional que faz a gente sentir o cheiro do mato e do esterco do gado. O banho de barreiro e os balanços de cordas armados na árvores também passam na nossa mente. Galinhas no poleiro, gado berrando, vira latas correndo livre, e até vaqueiros tangendo o gado pelas estradas empoeiradas passam em nossa mente, como um filme colorido.

             A seleção de músicas foi a nata do cancioneiro regional brasileiro. Começa com “Comitiva esperança”, muito sucesso na época da novela Pantanal, da extinta Rede Manchete. A segunda canção, “Amanheceu peguei a viola”, é outra relíquia, muito popularizada na voz do Rolando Boldrin, tema do programa “Senhor Brasil” da TV cultura. Vem em seguida a conhecidíssima “O Menino da porteira”, composição de Teddy Vieira e Luis Raimundo, gravada pela primeira vez em 1955 pela dupla Luizinho e Limeira, depois regravada pela dupla Tonico e Tinoco e dezenas de outros artistas, mas que ficou muito popular na voz de Sérgio Reis. O show continua com “Amora”, “Estrada de Canindé” – homenagem a Luiz Gonzaga, “Frete”, “Trem do Pantanal”, “Companheiro meu”, “Sina de Violeiro”, “Pai e Filho”.

                  Muita emoção na execução de “Filho Adotivo”, que tem a participação especial do filho de Sérgio Reis, que também se chama Sérgio (que não é adotivo), e levanta-se em meio à plateia, cantando com o pai e depois subindo ao palco para agradecer ao público pela presença.

               “Amizade Sincera”, que dá título ao espetáculo, composição de Renato Teixeira e do saudoso Dominguinhos é outra canção que emociona a todos, mostrando o real significado de uma verdadeira amizade, muito bem representada pela dupla Renato Teixeira e Sérgio Reis. Outro destaque que faço é a participação da cantora Paula Fernandes que interpreta “Tristeza do Jeca”, pérola do cancioneiro regional brasileiro.

                    O show ainda conta com a participação da dupla Victor e Léo, que cantam “Vida Boa” e “E quando o dia nascer” e prossegue Sérgio Reis e Renato Teixeira cantando “Esse é o meu destino”, “Vide Vida Marvada”, “Um violeiro Toca”, Romaria, a que popularizou o artista Renato Teixeira e no dizer do rei do Baião Luiz Gonzaga (Todo mundo tem sua Asa Branca” para disparar no mundo da música e Romaria foi a de Renato).  

                    Vale ressaltar que na plateia estava presente durante todo o evento o artista popular Tinoco, que fez dupla com Tonico, sendo homenageado pela dupla Renato e Sérgio Reis, que pediu a todos para aplaudirem o artista.    

                O espetáculo é encerrado com “Embora”, e quando termina deixa aquele gostinho de “quero mais”. A humildade dos artistas é outra marca de todo o evento. Tenho esse DVD em casa, mas como o youtube disponibiliza na internet, ao encerrar a lavação dos pratos, enxuguei tudo e guardei nos devidos lugares, vim até o quarto onde está o computador e o som, fiz um “replay” e assisti tudo novamente, vendo e ouvindo cada detalhe do show, não antes de postar um comentário elogioso na postagem do espetáculo.   

                   Se for possível dizer o que me representou esse show em poucas palavras diria: Vida real, pureza, simplicidade, humildade, gratidão.

                        Manhã que valeu a pena. 

 

Imagens ilustrativas desta matéria colhidas na internet. 

 

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

SAPIENS - PARA QUEM APRECIA UM LIVRO LIVRO POLÊMICO E DESAFIADOR - DICA DE LEITURA



SAPIENS – UMA BREVE HISTÓRIA DA HUMANIDADE


               A postagem de hoje, mais uma vez é uma dica de leitura de um livro que ganhei de presente no dia dos pais. A obra que passo a comentar em breves palavras trata-se do livro "SAPIENS – Uma breve história da humanidade", do professor, Doutor em história pela Universidade de Oxford, YUVAL NOAH HARARI. Natural de Israel, filho de Judeus; ele é também historiador e filósofo.

               O Livro é dividido em cinco partes, assim distribuídas:

Parte 1- A revolução cognitiva, 2 - A revolução agrícola, 3 - A unificação da humanidade, 4 - A revolução científica e por fim,  5 - O animal que se tornou um deus.

             Com 459 páginas e poucas ilustrações fotográficas, o livro já vendeu milhões de cópias, tornando-se best-seller internacional, sendo recomendada sua leitura por Barack Obama, Bill Gattes e Mark Zuckerbeg, dentre outras personalidades mundiais. Aqui no Brasil está na 51ª Edição, pela L&PM Editores. Como trata-se de um livro denso, mas de uma leitura muito agradável o consumi em três semanas. Outros menores costumo "devorar" em apenas uma ou no máximo duas.

                       Reformar a visão da história da humanidade é uma das consequências de quem ler esta obra. Um dos muitos fatores positivos foi a escrita, que apesar de tratar de temas relevantíssimos é de fácil compreensão. Trata-se de um autor jovem (Harari nasceu em 24 de fevereiro de 1976), que é um reconhecido mundialmente. A 1ª Edição publicada no Brasil data de 2015 e a que ora discorro está na 51ª edição.  Originalmente foi publicado em hebraico e depois traduzido para 30 idiomas aproximadamente.

                     Como o subtítulo já diz, o livro aborda sobre a história do gênero humano, desde a idade da pedra até os dias atuais. Como profundo conhecedor dos assuntos abordados, no dizer de alguns comentaristas que li hoje, o autor não é  um “palpiteiro” ou apenas um explanador, mas um cientista; portanto, seus textos são fundamentados na ciência e não na “acheologia”.

                       Uma curiosidade que me chamou muito a atenção foi o fato do livro analisar a história humana com base em estudos que remontam a vida há milhões de anos e não apenas em cinco ou seis mil anos.

                         Quando discorre sobre o homo sapiens de dez mil anos atrás o autor conclui que a raça humana prevaleceu por causa da revolução cognitiva – do conhecimento, da capacidade de falar do que não existe concretamente em nossos sentidos. Não diz respeito a religião, a fé, os deuses, embora inclua temas sobre esses assuntos, de forma secundária. Destaca também que com a revolução cognitiva surgiu a capacidade de organização em equipe, que outros seres não tem igual aos humanos.

                        A ideia do mito é outro tema abordado. Diz o autor que são criações humanas, a exemplo do Estado (nação), empresas, pessoas jurídicas. Os homens conseguem formar nações com milhões de integrantes, usando leis e regulamentos para a vida em comum. É o que o autor denomina de “cooperação flexível”, que não existe nos outros animais, pois seus comportamentos são rígidos. Baleias, macacos ou leões não fundam nem criam associações; quando muito, conseguem formar pequenos grupos de 20, 50 ou no máximo 120 integrantes que depois se dispersam.

                     O Código de Hamurabi, a Revolução Francesa, as Declarações dos Direitos Universais do homem e os Direitos Humanos, são temas também abordados.  Outro capítulo que chama bastante a atenção é “a RELIGIÃO DO CONSUMISMO”, que segundo o autor é a que todos seguem. Ele diz que os cristãos não seguem a Cristo na prática. Assim como os “maometanos” não seguem Maomé e assim por diante. Todos seguem o capitalismo e o consumismo.  

            Comentando sobre as grandes revoluções da humanidade: a cognitiva, ocorrida há 70 mil anos, a agrícola há 10 mil anos e a científica há 300 anos, descreve a primeira (a cognitiva) quando passamos a ver a realidade e pensar de forma diferente dos outros animais; a 2ª (a agrícola), que transformou a humanidade dos caçadores– coletores que viviam andando o planeta terra em tribos fixas e quando surgiram as primeiras civilizações na Mesopotâmia, Egito, Europa, Ásia e África, e, por fim, revolução científica, que vem ocorrendo há 500 anos, acompanhada da tecnologia que revolucionou o mundo atual e através da rede mundial de computadores vem transformando o planeta no quintal da nossas casas.   

                   Em suas entrelinhas o autor declara que o ser humano é um ser atormentado sobre o mundo e que o preconceito é inerente ao ser humano. Não vivemos mais felizes do que os nossos ancestrais e que os sofrimentos são os desejos que nós queremos mas não conseguimos ou não são possíveis concretizá-los.   

            É um livro de polêmico por trazer alguns posicionamentos destoantes  de alguns religiosos, já que o autor trata de assuntos científicos e não religiosos ou espirituais e demonstra no capítulo final o desejo humano de se tornar um deus por mérito próprio.   

                     Por fim, concluo este comentário transcrevendo duas frases que estão estampadas na contracapa do livro:

“Este livro fascinante não pode ser resumido; você simplesmente terá que lê-lo”

                                                      Financial Times

“Harari sabe escrever (...) de verdade, com gosto, clareza, elegância e um olhar clínico para a metáfora”.

                                                      The Times

=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=x=

Como costumo fazer em minhas dicas de leitura, segue abaixo alguns destaques de frases ou estrofes do livro:

“Todos os animais sabem se comunicar. Até mesmo os insetos, como abelhas e formigas sabem informar uns aos outros sobre o paradeiro de alimentos” (Página 30).

“Nossa linguagem evolui como uma forma de fofoca. De acordo com essa teoria, o Homo sapiens é antes de mais nada um animal social. A cooperação social é essencial para a sobrevivência e a reprodução. Não é suficiente que homens e mulheres conheçam o paradeiro de leões e bisões. É muito mais importante para eles saber quem em seu bando odeia quem, quem está dormindo com quem, quem é honesto e quem é trapaceiro”. (Página 31).

“Os achés, caçadores-coletores que viveram nas selvas do Paraguai até os anos de 1960, dão a ideia do lado negro do sistema de caça e coleta. Quando um membro valorizado do bando morria, os achés costumavam matar uma garotinha e enterrar os dois juntos  (...) Quando uma mulher  aché idosa se tornava um fardo para o resto do bando, um dos homens mais jovens se esgueirava atrás dela e a matava com um golpe de machado na cabeça (...). Mulheres e homens eram livres para escolher seus parceiros à vontade. Eles sorriam e riam constantemente, não tinham hierarquia e geralmente esquivavam-se de povos dominadores (...) Eles viam a morte de crianças, pessoas doentes e idosos como muitas pessoas hoje veem o aborto e a eutanásia (...) Os achés não eram anjos nem demônios – eram humanos. Como também eram os antigos caçadores-coletores. (páginas 62/63).

“O Homo sapiens levou à extinção cerca de metade dos grandes animais do planeta muito antes de os humanos inventarem a roda, a escrita ou ferramentas de ferro”. (Página 82)

“Temos a honra duvidosa de ser a espécie mais mortífera dos anais da biologia (pág. 84)

No capítulo 10, intitulado “o cheiro do dinheiro”, em trecho que comenta sobre a obsessão pelo ouro, tem uma narrativa que chama bastante atenção. Ei-la:

“Os seguidores de Cristo e de Alá mataram uns aos outros aos milhares, devastaram campos e pomares e transformaram cidades prósperas em ruínas e chamas – tudo em nome da imensa glória de Cristo ou de Alá”. (Página 181)

“Durante milhares de anos, filósofos, pensadores e profetas demonizaram o dinheiro e o consideram a raiz de todos os males. (...) o dinheiro é único sistema de crenças criado pelos humanos que pode transpor praticamente qualquer abismo cultural e que não discrimina com base na religião, gênero, raça, idade ou orientação sexual (...) Não confiamos no estranho ou no vizinho – confiamos na moeda que eles possuem. Se suas moedas acabarem, acabará  nossa confiança (Páginas 193/194).

"Os califas muçulmanos receberam uma ordem divina para difundir a revelação do Profeta, de forma pacífica, se possível, mas com uso de espada, se necessário”. (Página 206).

“As coisas que achamos que sabemos podem se mostrar equivocadas à medida que adquirimos mais conhecimento. Nenhum conceito, ideia ou teoria é sagrado e inquestionável. (...), A grande descoberta que deu início à Revolução Científica foi a descoberta de que os humanos não tem as respostas para suas perguntas mais importantes.” (Página 261).

“Até mesmo a própria ciência tem de se apoiar em crenças ideológicas e religiosas para justificar e financiar suas pesquisas”. (Página 264).

“Se até mesmo Maomé, Jesus, Buda e Confúcio – que sabiam tudo o que há para saber – foram incapazes de abolir a fome, a doença, a pobreza e a guerra do mundo, como poderíamos esperar fazer isso?  (Página 274).

“Se o bolo é sempre do mesmo tamanho, e eu tenho um pedaço grande dele, devo ter pegado a faria de alguém. Os ricos eram obrigados a fazer penitência por suas más ações, destinando parte de sua riqueza excedente à caridade”. (Página 319).

“O capitalismo tem duas respostas para essa crítica – Primeiro, o capitalismo criou um mundo que ninguém além de um capitalista é capaz de governar- A única tentativa séria de governar o mundo de uma forma diferente - o comunismo – foi tão pior em praticamente todos os aspectos concebíveis que ninguém tem estômago para tentar de novo (...). Podemos não gostar do capitalismo mas não podemos viver sem ele”. (grifo nosso).  Página 343.

“Profetas, poetas e filósofos perceberam, há milhares de anos, que estar satisfeito com o que você já tem é muito mais importante do que obter mais daquilo que deseja. Ainda assim, é bom quando pesquisas atuais – sustentadas por uma porção de números e gráficos - chegam à mesma conclusão a que os antigos chegaram”. (Página  394).

“Como colocou Nietzsche, se você tem um motivo para viver, é capaz de tolerar praticamente qualquer coisa” (página 401)

“Essa é uma conclusão um tanto deprimente. A felicidade realmente depende de autoilusão? “.

“Nós dominamos o meio à nossa volta, aumentamos a produção de alimentos, construímos cidades, fundamos impérios e criamos redes de comércio. Mas diminuímos a quantidade de sofrimento no mundo? (...) Somos mais poderosos do que nunca, mas temos pouca ideia do que fazer com todo esse poder. (página 427).

 

Para os mais curiosos, segue abaixo um link com parte de uma, das muitas entrevistas com o autor do livro referido.

Entrevista Yuval Harari
 

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

RELEMBRANDO OS "VELHOS SETE DE SETEMBRO"

 


                         Hoje, 07 de setembro de 2020, quando comemoramos 198 anos de independência do nosso pais, publico nesta página virtual um texto do meu livro “As Janelas do Sobrado”, onde faço comentários sobre assa linda festividade, como era vivenciada nas décadas de 60 a 80.Eis o conteúdo no livro:

                        "As escolas maiores da cidade, como ainda hoje, eram a Vigário João Inácio e a Duque de Caxias, que também foi denominada de José Modesto. Era uma verdadeira disputa entre os dois educandários. Existia também o Externado São Félix de Cantalice, que era mais conhecido como “Colégio das Freiras”, onde tive o privilégio de estudar alguns anos, sob a coordenação das freiras Irmãs Leônia e Gertrudes. Esta última, ainda hoje residente neste município, na casa antes administrada pelo Padre José Kherly.

                         No início do mês de agosto até o dia 06 de setembro aconteciam os grandes ensaios para o desfile da independência do Brasil. A banda ía na frente e aquela grande fila, como diria Gilberto Gil, “parecendo uma cobra se arrastando pelo chão”, se espalhava pelas ruas principais da cidade, vigiada pelos professores e alguns orientadores militares.

                       O dia da independência era marcado por profundas emoções. Últimos preparos para os desfiles; as costureiras enlouquecidas para dar conta das fardas encomendadas e muita ansiedade para ver o maior desfile do ano. Era comum a disputa entre as escolas ser mais acirrada nesse dia. Existiam outras escolas, mas as mais disputadas eram Duque de Caxias e Vigário João  Inácio, as maiores da época. Quem afinal era o campeão dos desfiles? Cada um divulgava no dia seguinte que a sua. Nunca soube de fato quem foi realmente a vencedora. Uma coisa eu sei. Campeão foi o povo, que assistiu as mais belas apresentações cívicas que Buíque já viu. Na época, eu não entendia porque tanta disputa entre as escolas. Era criança e não conhecia a maldade dos adultos. Só depois de muitos anos percebi que aquela guerra acirrada era motivada pela politicagem que infelizmente está “infiltrada” em todos os segmentos da sociedade.

                         Ressalto que apesar de me referir à guerra, na verdade eram apenas algumas provocações, insultos e piadas de mau gosto que eram trocados entre os “mais velhos” da época, normalmente de grupos políticos rivais.

                          Eu estudava na Escola São Felix de Cantalice, mais conhecida como “Colégio das Freiras”, onde hoje é a fábrica de queijo de Luis de Quincó. Lembro-me de uma manhã de ensaio, quando Cabo Mariano dava instrução para a gurizada: “um, dois... um dois...; Direita volver. Esquerda volver. Descansando!” Alguns não acertavam e ele pegava na mão direita do desatencioso e colocava no ombro do colega da frente e o desfile continuava.

                            Na escola cantávamos o Hino Nacional e o de Pernambuco e nunca entrávamos na classe sem antes rezar um “Pai Nosso e uma Ave-Maria”. Vez por outra assistíamos o hasteamento da bandeira nacional e ai de quem não se comportasse! ".

                                                                                             Páginas 62-63

 

                         Complementando a matéria recordo que era muito comum nesses desfiles as representações com carro alegórico. Uma delas que me chamou muito a atenção foi a de Tiradentes. O personagem (que salvo engano foi representado pelo jovem da época, Zé Alves, filho de Antonio Mariquita), vestido o com um uma beca branca, mãos amarradas e uma forca acima do seu pescoço e os verdugos, responsáveis pela execução, todos vestidos a caráter, davam a impressão de ser uma cena real. O caminhão com esses personagens percorria as ruas principais da cidade dando um brilho especial aos desfiles cívicos.

                     Encenações da independência do Brasil, a libertação dos escravos, a família real, homenagens a Luiz Gonzaga, os retirantes do sertão, etc. foram cenas que marcaram a sociedade buiquense, sem contar com as filas intermináveis de estudantes desfilando, já que na época era obrigatório. Os trajes mais usados eram calça azul ou preta, camisa branca e o popular sapato Conga. Era um orgulho e uma satisfação para os pais descerem ao centro da cidade para ver seus filhos desfilando ou tocando na banda marcial.

                      Com a mudança do governo militar para o civil, deixou de ser obrigatório o desfile dos alunos, e, de fato seria difícil na atualidade essa obrigação, até porque aumentou o números de escolas – consequentemente de alunos, e uma tarde não seria suficiente para assistir aos desfiles nos moldes antigos, por isso atualmente apenas a banda de cada escola e um pequeno grupo de alunos desfilam representando seu educandário, no entanto o brilho, a beleza e as emoções continuam do mesmo jeito, trazendo momentos de encantamento aos nossos corações.

                       Este ano não aconteceram os desfiles por causa da pandemia do covid-19 mas, esperamos que no ano vindouro tudo volte ao normal para que nossa juventude mostre mais uma vez o seu encanto e sua beleza.         

                                              ////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////

Abaixo algumas fotos cedidas pelo Museu municipal, pelo saudoso Cândido Leite e pelo professor Blésman Modesto, referentes a desfiles ocorridos na décadas de 50 a 80.

 

Seria muito bom identificar os personagens mas fica difícil por causa do tempo. Das fotos da década de 80 eu até consigo identificar alguns, mas com relação às demais, por não ser de minha época não é possível tal identificação. 

 

                                                       Foto década de 70 - cedida pelo Museu Municipal

 

                                                Abaixo Banda Municipal de Buíque. Época do prefeito João Godoy
 

 
Fotos acima e abaixo -  Ano 1951 cedidas pelo saudoso Cândido Leite

 
Foto cedida pelo Museu municipal - Ano 1951

                                              Foto cedida pelo professor Blésman Modesto. Década de 80

Foto da década de 80 cedida por Blésman Modesto

                                     Foto cedida pelo professor Blésman Modesto. Década de 80
 

domingo, 6 de setembro de 2020

VOTANDO "POR AMOR" À TERRA. SERÁ?

                        Já cantei e decantei sobre o tema política e politicagem várias vezes. Tenho vários livretos de cordéis nos quais discorro sobre o tema das mais variadas formas, no entanto, a postagem de hoje vem a tona por conta da movimentação política que começa a acontecer em nossa cidade; no meu entender, antes do tempo determinado pela lei.  

                   Disse certa vez que não sou muito simpático ao tema política, embora na verdade o que não me atrai seja mais a “politicagem barata”, do que a política como ciência. Esta na verdade é de suma importância à sociedade e à humanidade como um todo. O problema é o pragmatismo. (Como a política acontece na prática).

                   Comentei certa feita e continuo com a mesma opinião que esse é o período que acho mais chato e conturbado, principalmente nas cidades pequenas como é o caso de Buíque, onde praticamente todo mundo se conhece e de alguma forma tem amizade ou parentesco uns com os outros.

                   Compreendo e até concordo em certo ponto que uma pessoa que foi beneficiada em determinado governo, tendo familiares contratados, casas ou armazéns alugados, gratificações dobradas e familiares morando na capital e recebendo altos salários mensalmente, essas pessoas não tem motivos para votar no opositor ao seu candidato.

                       Essa onda de: “vou votar por amor à minha terra” já deixou de me enganar há muito tempo. Essa crença é de quando eu era criança ou adolescente. Hoje vejo que a realidade é outra. Alguns podem até agir dessa forma, mas infelizmente a maioria das pessoas vota porque foram ou serão beneficiadas particularmente pelo candidato eleito. Conheço pessoas de condições financeiras que podem ser consideradas “ricas” para nossa realidade, que votam em determinado candidato não porque ele fez ou vai fazer um bom governo, mas porque na época do seu mandato tinha prédios alugados ao município por valores acima do mercado, além de filhos que no ditado popular “nunca deram um prego numa barra de sabão”, e mesmo assim recebia altos salários, etc.

                    Hoje quando vejo uma pessoa brigando por determinado candidato, seja ele qual for, vou logo desconfiando. Dependendo da pessoa, pode ser um alto salário, embora existam aqueles que se transformam em bajulador por apenas um salário mínimo ou até menos que isso, pois o pouco que recebe as vezes tem que dividir com outro parente.      O popular “cala a boca” funciona perfeitamente e não tem como dar errado, até porque em cidade pequena, como é o nosso caso existem poucas empresas para geração de emprego e “uma cesta básica” consegue conquistar não só o voto como o empenho do “cidadão” até para luta armada, se for preciso.  

                     O resultado de tudo isso são desentendimentos, intrigas, confusões, inimizades que perduram por muito tempo, as vezes por até toda vida e um governo que sempre deixa a desejar em termos de obras para a população.    

                    Me recordo do tempo de criança que até nas bandas marciais das escolas, no dia 07 de setembro havia grande rivalidade, que na verdade era a politicagem “entranhada” nos componentes, já que as escolas maiores da cidade, a Vigário João Inácio e a Duque de Caxias contava com duas famílias politicamente rivais na direção.

                     No pleito atual temos três pré-candidatos a prefeito e diversos a vereadores. Para chefe do executivo a população tem três opções já bastante conhecidas no município, e para vereador, além dos atuais edis, existe uma gama de novos postulantes,  por isso todos terão direito de fazer a sua melhor escolha. Deveria ser um pleito tranquilo já que estamos em tempo de pandemia por causa da covid-19 e por isso não serão realizados comícios ou arrastões, no entanto já começamos a ver o espírito violento se infiltrando em alguns movimentos e cada um apontando o outro como culpado, no entanto,m no geral creio e desejo que seja um pleito tranquilo para todos. 

                       Como dito acima, não estou tirando a razão de quem vota em determinado candidato por haver sido beneficiado pelo seu governo, até porque seria ingratidão receber a ajuda e depois votar contra quem lhe “estendeu a  mão”, o que discordo veementemente é a pessoa querer convencer que o seu candidato é o melhor para a cidade. Pode ser o melhor para essa pessoa, ou para sua família, mas para a cidade é outro assunto. Digo isso sem pestanejar, pois infelizmente esta é uma realidade em nossa cidade.  

                       Percebam que não citei nome de nenhuma pessoa, seja eleitor, seja candidato, pois tenho muito respeito por todos, inclusive por quem ingressa na política, que não é um segmento muito fácil de lidar, e quem assim faz é porque tem carisma, simpatia e a aceitação das pessoas, independente do resultado.   

                        Encerro esta postagem desejando um bom pleito para todos os candidatos e que os eleitores procurem ser mais prudentes para não desfazer amizades de 20, 30 ou 40 anos em apenas dois meses de campanha política.