JULIÃO JULU GUERRA
NETO, grande ser humano, médico e líder político. Agora, para completar mais a
lista de adjetivos, acrescento mais um que me torna ainda mais seu irmão. É que o personagem também apresenta-se como
um exímio escritor e poeta.
Recentemente
lançou mais uma obra de sua autoria contendo “um punhado” de poemas e poesias
que, em dias tão estressantes como os atuais, só vem encher nossa alma de alegria
e gozo. Digo mais uma obra, porque Julu lançou outro livro em 1996, em parceria
com o seu irmão Ediel Guerra, sob o título “DUETO”.
Com
o título “O CRIADOR”, o trabalho mais recente de Julu Guerra, lançado pela Editora
Olindense Livro Rápido, apresenta ao público um leque de belíssimas poesias
distribuídas em 199 páginas recheadas de muita reflexão, sobre idas e vindas,
amor e solidão, alegrias e angústias, dúvidas e fé, trégua e cansaço.
Quem
fez a apresentação da obra foi o poeta e escritor Inaldo Tenório de Moura Cavalcanti.
Por sinal, uma bela apresentação. De tão bela, destaco dois trechos de suas
palavras:
“(...)
Julião traz a força da perfeição, sem alarde, com naturalidade, e a graça da
magia com alarde, terreno comum onde ele faz nascer o belo, a alegria, a
sublime simplicidade de viver. “Viver de modo a que queiramos voltar a viver, e
assim por toda a eternidade (...)”.
Adiante,
prossegue:
(...) “A liberdade é um sorriso largo no
rosto da poesia de Julião; e aí volto à ideia dos riachos da minha infância,
que certamente o poeta de “O Criador” pode limpar seus pés e alimentar sua
alma: mantendo esse mesmo vadio desperto, perturbando “o sono dos carrascos”, e
correndo por entre o homem, sendo poeta, viajando por entre a alma humana, estrada
comum, lendo-a com sensibilidade aguçada a lapidar “diamantes de utopia”. E, em
meio ao caos, poder dizer: “Nós, os que brincarmos de sobreviver inteiros ao
espanto de estar vivos (...)”.
Já
a orelha do livro foi de responsabilidade de Paulo Salles Cavalcanti, escritor,
poeta e sócio da UBE-PE, que em suas palavras enalteceu a nitidez e a
sensibilidade poética do autor da obra, ao mesmo tempo em que destacou a sua
leveza e liberdade na criação poética: “Nada lhe aprisiona: regras, correntes
literárias, conceitos ou preconceitos.
“Fica
claro o seu propósito de não querer salvar o mundo. Antes deseja salvar-se a si
mesmo, vivendo e valorizando a arte de viver as coisas simples”.
Difícil
escolher as melhores poesias ou os melhores poemas. Cada leitor se identifica
de forma diferenciada com as letras, porém, quero destacar cinco, e dessas,
transcrever uma, registrando que os leitores poderão fazer diferentes escolhas.
Como
não poderia deixar de ser a que leva o título da obra “O Criador” merece
destaque, eis que o humano se confunde com o celestial e a beleza do viver
deixa de ser efêmera para se tornar eterna. A capacidade para reinventar uma
história, quiçá “o mundo” está inata em cada ser humano.
Outros
que faço destaque são: “Silencio de ouro”, seguido de “Lembrança” que o autor
dedicou a sua mãe, que por final foi professora deste escriba. A quarta que
indico para o leitor é “O caminho de cada um”, tão crua e real como a espada do
lutador, ao mesmo tempo tão libertária e doce como o vôo de uma pomba. A quinta
que indico, e é ela que quero transcrever é “Nostalgia”.
Ei-la:
NOSTALGIA
Nós
éramos jovens,
confiantes
e cheios de sonhos
e
tudo parecia tão fácil:
bastava
levantar barricadas
gritar
palavras de ordem
e
erguer os punhos revoltados.
Sei
que ninguém recupera
a
inocência perdida
mas
na alma do poeta
o
sonho nunca se acaba.
Hoje
olho para trás
e
com terna melancolia
também
sinto saudades
do
tempo em que nós íamos
salvar
o mundo.
Poderia
indicar também “O grande cansaço”, “Aquieta-te”, Os injustiçados” e outras
tantas mas deixo que o leitor faça suas próprias escolhas.
Parabenizo
o criador de “O CRIADOR”, o nobre Julião Julu Guerra Neto, e desejo êxito em
todos os seus projetos de vida, almejando que novas obras poéticas brotem de
suas veias e que o público, apreciador da seara poética possa beber de sua
fonte inesgotável de sapiência.
Aproveitando
a oportunidade, agradeço de coração a amiga e colega de trabalho Nery Lourenço
da Silva, arcoverdense que dignifica o Poder Judiciário de Buíque e com muita
eficiência exerce o cargo de chefe da Secretaria Judiciária local. Foi ela quem
mais uma vez me presenteou com um belo livro, desta fez foi a obra aqui comentada. Obrigado Nery. Grande
abraço a você e aos irmãos de Arcoverde.