quarta-feira, 29 de maio de 2019

ESCOLA DE REFERÊNCIA JOSÉ EMILIO DE MELO, EM TUPANATINGA REALIZA MEGA FESTA CULTURAL




               Nesta quinta feira, dia 29 de maio de 2019 na Escola de Referência José Emilio de Melo, na cidade de Tupanatinga, agreste de Pernambuco, teve início a grande festa cultural intitulada “Chá Literário”, que se estenderá até amanhã.


              O evento conta com uma megaestrutura e a participação de alunos e professores daquela instituição, que tem levado a sério a educação naquele município, com uma seleção de professores altamente capacitados.


        Logo na recepção, vê-se uma exposição de quadros pintados por um jovem aluno Fernando, exibindo os bustos de escritores e artistas nacionais como Ariano Suassuna, Castro Alves, Cecília Meireles, Carlos Drumond, Mário Quintana, Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré, Braulio Bessa,  dentre outros. Também foram lembrados artistas regionais como Diosman Avelino, Paulo Tarcísio, Aldo Almeida e Iadson Lima. 


            Iniciados os trabalhos às 10:00 horas, a Diretora do educandário Geysa Feitosa declarou abertura do evento e um aluno, vestido a caráter, distribuiu um cardápio diferente às pessoas que se encontravam sentados às mesas espalhadas no ambiente. O diferencial daquele cardápio era no que deveria ser escolhido para saborear. Em vez de bife, arroz, batata frita, macarrão ou feijão, o que se via na lista eram poetas e poesias que seriam declamadas pelos alunos ali preparados para cada escolha dos presentes.


          Dada início às apresentações, de acordo com a escolha do público, foram subindo ao palco os escolhidos. Lindas jovens e rapazes, sob os aplausos dos presentes e diante de torcidas mais vibrantes que aquelas organizadas em finais de campeonatos de futebol, seguraram o microfone e mandaram o recado.


        Músicas, poemas e poesias dos mais diversos poetas e escritores brasileiros foram interpretados com muito estilo, segurança e maestria, sempre recebendo os aplausos após cada apresentação.  


         Para encerrar o evento da manhã este poeta fui convidado, como participação especial, para dizer um pouco sobre sua experiência na cultura, já que tenho livros publicados e sou bastante conhecido como poeta de cordel na região. Subindo ao palco, e vendo que o amigo vereador Neto de Duca, presidente da Câmara de Vereadores daquele município se fazia presente no local, facultei a palavra ao mesmo para que, antes de minha fala,  também participasse do evento. E não é que o vereador, em poucas palavras  falou sobre a importância do evento e ainda declamou a poesia “aprendi a cantar sem professor (de Zé Cardoso) e cantarolou versos da canção  “Xote universitário”, de Aciolly Neto e Santanna, o cantador !. 


        Encerrando o evento, falei da alegria de participar daquela festa cultural, parabenizei a direção e todos que organizavam o evento e para não ficar só em palavras, declamei duas poesias caboclas do poeta paraibano Chico Pedrosa, um poema de Manuel Bandeira e uns versos de minha autoria, sendo convidado para ouvir duas declamações de versos do meu livro “Pão, vinho e poesia”, por dois jovens daquela escola, me sentei no “banco da praça”, ali mesmo no palco e me deliciei ao ouvir duas belas paisagens bíblicas do livro que publiquei recentemente. 

          Para concluir o evento, complementei declamando, ainda do mesmo livro “a purificação do templo” e fechei com chave de ouro com “a cura dos dez leprosos”, passagem que fala sobre a gratidão de apenas um dos dez doentes que foram curados.  


          Como tinha que trabalhar, retornei para casa ao meio dia, com o prazer de ter vivenciado uma manhã saborosa, diante de uma mesa farta de café, chá, biscoitos e muita guloseima e ainda a companhia de poetas e poetisas da querida cidade de Tupanatinga.  

          O evento continuou na parte da tarde, até perto do por do sol e contou com a participação especial do poeta Diosman Avelino, buiquense, radicado em Pesqueira, o qual deu conta do recado, declamando poesias de sua autoria e abrilhantando ainda mais o evento. 
CONFIRA ALGUMAS FOTOS DO EVENTO, NESTA MANHÃ:








Poeta Diosman Avelino (de branco) - participação especial no evento da tarde.

sábado, 25 de maio de 2019

REABRINDO “AS JANELAS DO SOBRADO” – LIVRO DIGITAL

Livro "As Janelas" -Formato Digiital


                 Nesta tarde, publico de forma virtual meu primeiro livro, lançado em setembro de 2011, no auditório do Centro Pastoral desta cidade. Naquele evento tive o privilégio de contar com a presença de centenas de amigos que prestigiaram o evento.
                Não desmerecendo as demais, uma pessoa que muito me honrou foi o saudoso Cyl Gallindo. Pelo fato de residir em Recife e ainda mais, por não o conhecer pessoalmente, fiz o convite por telefone, imaginando que por causa da distância e dos seus compromissos, seria praticamente impossível sua presença. Entretanto, ele garantiu: “Não posso me negar a um convite de um conterrâneo, principalmente quando o assunto é cultura. Pode contar com a minha presença!”. E assim aconteceu; na data e no horário marcados, entrou no recinto aquele homem de cabelos grisalhos, sorriso no rosto se aproximando e, antes de iniciar o evento, me abraçou e me parabenizou pela organização  do evento.

                   Formando parte da mesa, juntamente com outros convidados de honra, disse de sua alegria em estar em sua terra natal, que ele fazia questão de denominar seu “cordão umbilical” e de presenciar centenas de pessoas participando de um evento cultural daquele porte. Dizia Gallindo que na sua percepção, o grande  público ali presente estava mais pela consideração ao autor do que propriamente pela obra a ser apresentada. “Pelo que presenciei, Paulinho é muito querido pelo povo”. Falou sobre as dificuldades que todos enfrentamos para publicar um livro, mas disse também que acreditava que nossa terra tem muitos talentos e que doravante novos escritores, poetas, cronistas iam aparecer. De fato, já existiam, a exemplo do Dr. Manoel Modesto, atualmente com cinco livros publicados, sendo o mais recente “Catador de Ilusões”, obra que tive o privilégio ser escrever o prefácio e cujo lançamento, na Biblioteca Municipal, muito enalteceu nossa cultura, com centenas de pessoas presentes.

                  O que o leitor vai ver nesta obra, publicada digitalmente?   A história política, social e cultural de nossa terra, da década de 50 até a de 80. Como era o comércio local, a feira livre, as festividades culturais (Carnavais, Juninas, natalinas), as escolas e os desfiles cívicos de 07 de setembro, Os clubes futebolísticos, a vida religiosa da comunidade. Você ainda vai ler entrevistas de diversos personagens que fizeram história em nossa cidade e conferir a lista de todos os prefeitos que governaram nossa terra até o ano de 2011, inclusive suas fotos, lista de todos os juízes e promotores desde a instalação da comarca; relação de todos os presidentes da Câmara Municipal de vereadores nos últimos 50 anos (com fotos), tudo isso narrado de forma simples e seguido de diversas fotos em cores e preto e branco.        

                Como se esgotaram todas as unidades e, tendo em vista o valor para patrocinar novas edições, preferi publicar agora de forma digital. O que fiz e o que tem de diferente de obra original?        

                      Inicialmente, aumentei o tamanho da fonte, para facilitar a leitura. Assim, o número de páginas na edição virtual está um pouco diferente da original, como também o índice. Mudei também a maioria das fotos publicadas, trocando as preto e branco por coloridas.  Entretanto, o conteúdo continua o mesmo do original. Portanto, para quem não adquiriu a obra, agora tem o privilégio de possuí-la gratuitamente e até de repassá-la para amigos e familiares, se assim desejar, ficando também, autorizado o uso deste trabalho no todo ou em parte,  para fins escolares ou culturais, desde que citada a fonte.

Clique no link abaixo e veja o livro no formato digital: 

https://bit.ly/2GDP2io


domingo, 5 de maio de 2019

MEUS DOIS DIAS COM CLARICE



          Escolhi os dias de ontem e hoje para ler o livro A HORA DA ESTRELA, da escritora Ucraniana, naturalizada brasileira, CLARICE LISPECTOR. Pra mim, o primeiro contato com a sua obra, sendo esse livro o último de sua lavra.

          Conhecendo muito pouco sobre a escritora, só pequenos textos para trabalhos escolares ou em faculdades, confesso que de início estranhei a leitura. Um pouco confusa. Não conseguia concatenar as ideias. Logo no início da obra, o seu título vem um pouco de estranheza, quando percebemos que possui quatorze títulos, que de início pensava ser o índice. Só depois entendi que na verdade foram  várias opções que a escritora teve para “batizar” seu filho. Eis algumas delas: A culpa é minha, A Hora da Estrela (que foi o escolhido), Ela que se arranje, O direito ao grito, Quanto ao futuro, Lamento de um blue, dentre outros. Inclusive um desses títulos foi o próprio nome da escritora “Clarice Lispector”. 

            Sendo esta a primeira obra que li desta autora, com certeza procurarei ler outras, dessa ucraniana por nascimento e pernambucana de coração, segundo ela mesma declarava.

            Logo na dedicatória, percebe-se algo incomum em relação a outras obras e autores:

             Pois que dedico esta coisa aí ao antigo Schumann e sua doce Clara que são hoje ossos, ai de nós. Dedico-me à cor rubra muito escarlate como o meu sangue de homem em plena idade e portanto dedico-me a meu sangue. Dedico-me sobretudo aos gnomos, anões, sílfides e ninfas que me habitam a vida. Dedico-me à saudade de minha antiga pobreza, quando tudo era mais sóbrio e digno e eu nunca havia comido lagosta. Dedico-me à tempestade de Beethoven. À vibração das dores neutras de Bach. A Chopin que me amolece os ossos...”

            “A Hora da Estrela” foi o último romance de Clarice Lispector, que só teve uma edição em vida da autora, a de 1977. Na obra, o escritor Rodrigo S. M. (a própria Clarice) conta a história de Macabéa, uma jovem alagoana, que é levada para o Rio de Janeiro. Sua solidão, seus questionamentos sobre o viver, sua angústia e sua luta pela sobrevivência.  

            Solteira,  solitária, pobre e órfã de pai e mãe desde os 02 anos de idade, Macabéa é criada por uma tia que a leva para o Rio de Janeiro, onde consegue um emprego como datilógrafa. Magra, feia, tímida, alienada, e de poucas falas, consegue namorar um rapaz nordestino ambicioso – Jesus Moreira, que é um metalúrgico. Entretanto, ela “perde” esse namorado justamente para uma de suas melhores amigas, a Glória, que, além de ser mais bonita que ela,  usa de esperteza para atrair o Moreira.     Em dado momento do enredo, o patrão decide despedir Macabéa, mas é tomado por compaixão e decide pela sua permanência no trabalho.
         
            Morando numa humilde pensão com três amigas, que são balconistas, com quem divide as despesas, nossa personagem leva uma vida quase vegetativa. Em tudo se sente na obrigação de pedir desculpas, perdão, sempre se sentindo a culpada, a errada por tudo que acontece.
  
         Na parte final do enredo, sua amiga Glória, por remorso, lhe indica uma cartoamente para que ela faça consulta, inclusive lhe declara que foi essa médium quem lhe declarou que Olimpico, o ex-namorado de Macabéa agora era dela Glória e que suas previsões nunca davam errado. Mesmo desconfiada, Macabéa vai procurar a cartoamente, que a tratando como se fosse uma criancinha mimada: “meu benzinho, minha santinha, coisinha engraçadinha”... “Finalmente, depois de lamber os dedos, Madame Carlota mandou-a cortar as cartas com a mão esquerda e ouviu: -minha adoradinha?. Macabéa separou um monte com a mão trêmula. Pela primeira vez ia ter um destino...-Macabéa! Tenho grandes notícias para lhe dar. Preste atenção minha flor....”

            E seguiu prevendo que a vida da jovem ia mudar assim que saísse daquela casa. -Você vai se sentir outra. Até seu namorado vai voltar e propor casamento ... Seu chefe vai lhe avisar que pensou melhor e não vai mais lhe despedir... E tem mais! Um dinheiro grande vai lhe entrar pela porta adentro em horas da noite trazido por um homem estrangeiro. Você conhece algum estrangeiro? – Não senhora, disse Macabéa, já desanimando. - Mas vai conhecer. Ele é alourado e tem olhos azuis ou verdes ou castanhos ou pretos. E se não fosse porque você gosta de e ex-anamorado, esse gringo ia namorar você..”

            A trama termina com Macabea saindo da casa da Madame Carlota e ... “a cartoamante lhe decretara sentença de vida”, mas, ao dar o primeiro passo de descida da calçada para atravessar a rua, o Destino, sussurrou veloz e guloso: é agora, e já, chegou a minha vez! E, enorme com um transatlântico o Mercedes amarelo pegou-a. Macabea vem a óbito e o livro termina com a seguinte estrofe do autor (na verdade da autora):

            E agora -  agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas – eu também?. Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. Sim.

            Clarice escreveu essa obra, consciente de que estava prestes a sua morte e como podemos perceber tem muito de si no enredo. Solidão, tristeza e angústia estão presentes em toda a o trama.  

            O estilo usado é o narrativo, sendo que o escritor fictício Rodrigo S.M (na verdade, a própria Clarice) é o narrador. Na dedicatória, numa forma de mostrar-se humilde com a sua própria obra, assim se expressa: “Pois que dedico essa coisa aí”, como se a obra não fosse tão importante  para a nossa literatura, embora tivesse consciência de seu real valor, entretanto, por humnildade não e declarava tão importante. 

            A história se passa no Rio de Janeiro e o período histórico, subtende-se que foi em meados dos anos sessenta para o início da década de setenta.

Sobre a autora:

CLARICE LISPECTOR, foi uma escritora e jornalistas ucraniana naturalizada brasileira e se declarava pernambucana. Autora de romances, contos e ensaios. É considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX e a maior escritora judia desde Franz Kafka.  Nasceu em 10 de dezembro de 1920 (Chechelnyk – Ucrânia) e faleceu em 09 de dezembro de 1977 – véspera do seu aniversário. (Rio de Janeiro-RJ). 

Algumas de suas obras:

Perto do coração selvagem (1942)
A Cidade Sitiada (1949)
Laços de Família (1960)
A Legião Estrangeira (1964)
A Paixão Segundo G. H (1964)
O Mistério do Coelho Pensante (1967)
A Mulher que Matou os Peixes (1968)
Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969)
Felicidade Clandestina (1971)
Água Viva (1973)
A Imitação da Rosa (1973)
Via Crucis do Corpo (1974)
Onde Estivestes de Noite? (1974)
Visão do Esplendor (1975)
A Hora da Estrela (1977)

No link abaixo, a última entrevista de Clarice Lispector

https://www.youtube.com/watch?v=U9ca-fYpbsc