sábado, 29 de novembro de 2014

AVENTURA NO VALE DO CATIMBAU - NOVA DICA DE LEITURA


      O titulo desta matéria é do livro que li na manhã de hoje. Seu autor é o paraibano Josédio Gusmão, natural de Campina Grande, bacharel em Geografia, pela Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP e pesquisador das regiões semi-áridas do sertão paraibano. A publicação da obra ocorreu no 1997, pela Editora BAGAÇO. A obra narra com ricos detalhes, a história de um professor e seus alunos que resolvem se aventurar em passeio turístico, pelas terras longícuas e selvagens do agreste pernambucano, mais precisamente o VALE DO CATIMBAU.

    O livro, catalogado como ficção brasileira conta com 133 páginas recheadas de fortes emoções. Para melhor descrever o passeio o autor contou com o auxílio do ilustrador Zenival, que fez seu trabalho de forma tão profissional que conseguiu “casar” o texto com os desenhos tão vivos que parecem fotos reais.  Inclusive a capa, que por ser colorida (as demais ilustrações são em preto e branco), demonstra perfeitamente uma das paisagens do Vale do Catimbau.

         A narrativa começa com o grupo de turistas- o professor e seus alunos arrumando as bagagens e entrando no ônibus que sai da capital com destino ao interior de Buíque. No percurso, cada cidade, cada paisagem, o clima, a vegetação, os personagens vistos no caminho são vistos e recebem uma explicação do professor para seus alunos. Nada passa sem ser visto e observado e explicado pelo professor, inclusive a passagem pelas “Serra das Russas”, as cidades de Gravatá e Caruaru, as paradas para lanche, a chegada em Arcoverde e depois na Vila dos Carneiros em Buíque, onde um grupo de alunos registra o momento tirando uma foto cercando o famoso “pé de tambor”.

         Por fim, chegada no destino, o Vale do Catimbau. Lá o guia Luiz e o índio Jurandir dão as boas vindas aos turistas e aí começa uma bela narrativa do passeio turístico, destaque principal do livro. Os desaparecimentos, as surpresas em cada trilha, os pequenos acidentes, o mistérios do velho Zuza e da lagoa do Puiú, nada passa despercebido,é como se o leitor também estivesse em meio aquele grupo de turistas vivenciando cada emoção.

         Com uma leitura de fácil compreensão e rica em detalhes, a obra é recheada de emoções, prendendo o leitor em cada página em cada ilustração – diga-se de passagem muito bem . em alguns momentos

         A obra termina com o grupo retornando com o professor para sua cidade.
         A título de ilustração, descrevo trechos da última página:

“No dia seguinte, o motorista apresentou-se. Havia ficado na vila do Carneiro. Luiz, despedindo-se de todos, voltava para a Cabana do velho Zuza.
         Assim, o grupo ecológico do professor seguia de volta para casa. E, em cada um havia uma história para contar...

         Lá no alto, bem no alto das escarpas avermelhadas, uma pequenina silhueta acenava para o ônibus que desaparecia nas curvas do Vale do Catimbau....” 

        Quem se interessar em adquirir a obra pode entrar em contato com a Editora Bagaço, no endereço rua Conde de Irajá, 315, Torre. Recife – PE. CEP 50.710.310 ou com o próprio autor Josédio Gusmão, que infelizmente não consignou no livro nenhuma forma de contato pessoal, no entanto a Editora poderá suprir essa ausência de contato.

         Outra forma de aquisição é consultando o link abaixo, no qual o leitor vai encontrar o livro pelo valor de R$: 8,75 a R$: 12,50 mais o frete que deve ficar em torno de R$ 5,00.


http://www.estantevirtual.com.br/q/josedio-gusmao-aventura-no-vale-do-catimbau

sábado, 8 de novembro de 2014

ARRUMANDO A ESTANTE E "REVIRANDO A VIDA"


   Aproveitei o dia de hoje para dar uma arrumada na minha estante, que considero minha "biblioteca particular". Iniciei os trabalhos por volta de 9 hs. Como gosto muito de trabalhar ouvindo música, liguei o som e coloquei o CD Muira-Ubi - Cantilenas e Saudades, de Paulinho Leite e Tonino Arcoverde. Cada canção, uma história. 

  A primeira delas, inclusive a mais ouvida, porque repeti diversas vezes foi A LISTA, composição de Oswaldo Montenegro. A letra, que é mais do que um poema, na verdade, cantado é um lindo hino de reflexão, me fez mergulhar na melodia e no tempo, em cada frase. A primeira estrofe começa convidando:  "Faça uma lista de grandes amigos; Quem você mais via há dez anos atrás. Quantos você ainda vê todo dia. Quantos você já não encontra mais…"
    Voltei não só nos dez anos, fui mais profundo, cerca de vinte, trinta anos. Me lembrei dos amigos de infância e adolescância que ainda vejo praticamente todo dia: Carlinhos, Geraldo de Pergentino, Erivaldo da Farmácia, Paulão de Humberto, João Paulo (filho de seu Filadelfo), Júnior JKMS, Roberval Ramos, Manoel Wevvel, Mutuka e todo pessoal do Som Bléss Set e muitos outros . Me veio a mente também o amigo Esildo Barros, que morou na mesma rua que eu (próximo à praça Félix França), nos anos 70. Outras pessoas também me visitaram a mente: Lindalva Gomes, grande amiga e confidente dos tempos da Escola Vigário João Inácio, Nativa, Graça Gomes, Socorro Benedito e um sem número de professores que marcaram, e muito, a minha vida.  

   Depois desses amigos, obedecendo a canção, continuei me recordando de outros que já não encontro mais, porque se ausentaram da cidade em busca de trabalho e nunca mais retornaram, ou retornam apenas por poucos dias. Foi aí que entrou na lista o grande irmão Fernando Marcos Cavalcanti, que há duas décadas reside em Maceió; Donisete de Edgar, uma das pessoas mais alegres da minha adolescência, que há mais de trinta anos foi embora para São Paulo e nunca mais retornou à Buíque; Jair França, e seu irmão Jailson, conhecido como "Galego de Mário Buchudo", que também residem em São Paulo há mais de três décadas. Me lembrei também de Luis Coquinho e Cícero Carcereiro e suas "presepadas de menino" que tornaram minha infância e adolescência e de tantos outros mais alegre. Me recordei também Vanda de seu Beron, Teresa de D. Teté, Antonio de Sinhozinho, Neguinho seu irmão, o índio Dezinho de Águas Belas e até de outros que, no dizer do poeta cantor Rolando Boldrin, "viajaram antes do combinado". Entretanto, a mente continuou divagando enquanto a canção prosseguia seu defafio: 
    "Onde você ainda se reconhece, na foto passada ou no espelho de agora?" Foi aí que revirando as gavetas da estante vi diversos álbuns de fotografias e percebi as semelhanças e diferenças nas fotos de apenas 10 anos atrás e na "cara" que via no espelho há poucos minutos, ao me pentear....
    Entretanto, a música continuou me desafiando a refletir: "Quantos mistérios que você sondava. Quantos você conseguiu entender?". Nesse momento percebi que muitos mistérios que eu pensava desvendar, nos meus cinquenta anos de vida, pouquíssimos conseguir encontrar a resposta, apenas um: DEUS EXISTE. No demais, a única coisa que concluí é: "O QUE EU SEI É UM PINGO E O QUE IGNORO É UM OCEANO".

    Como a canção não parava de provocar reflexões fui mais adiante: "Quantos segredos que você guardava, hoje são bobos ninguém quer saber?". Foi nesse momento que me lembrei que no sábado passado estive no museu municipal e lá vi que o confessionário que era usado na igreja matriz passou a ser peça de museu. Me veio a mente os tempos de criança, quando ainda tão  inocente me ajoelhei naquele confessionário confidenciando os "pecados" próprios de criança e recebi ali o perdão do sacerdote, e com certeza de Deus também. Os segredos daquele tempo até eu mesmo esqueci, pois, como diz a canção: eram bobos e ninguém quer saber". Mas naquela época foi muito importante.  

     E, ainda provocando pela canção, pois a repeti diversas vezes, atendi a próxima reflexão: "Faça uma lista dos sonhos que tinha; quantos você desistiu de sonhar!". Foi aí que me recordei que um dos sonhos que tinha quando criança era ser locutor de rádio, ainda fiz um curso por correspondência mas nunca cheguei a fazer um programa, a não ser nas difusoras do cinema de meu pai. Outro sonho muito momentâneo, já na fase mais adulta foi ir embora de Buíque e colocar um comércio em outra cidade. Isso foi provocado pelo baixo salário que ganhava e não ter um emprego fixo e com salário razoável. Outro sonho era ter uma bela chácara ou sítio para brincar de balanço nas árvores com meus filhos, criar animais, dormir nas redes da varanda do sítio, etc. Desse sonhos apenas o último pode ainda voltar a existir, no entanto, meus filhos já cresceram, e muito rápido, e com isso o sonho deixou de existir para dar lugar a outros desejos.       

    Para concluir, os últimos questionamentos do poema  canção: "Quantos defeitos sanados com o tempo?  e, quantas canções que você não cantava hoje assobia pra sobreviver? Sobre os defeitos, não sei se os sanei com o tempo, talvez adquiri outros e substituí alguns. Quem sabe mais são os amigos do meu convívio. Sobre as canções, creio que eu sempre gostei de cantar, e muito mais de assobiar. É tanto que meus vizinhos já identificam minha aproximação de casa. É que tenho por hábito caminhar assobiando, e as vezes tão alto que se escuta com 50 metros de distância. Aí as pessoas dizem: Lá vem Paulo!  

     Por último, vem as últimas frases do poema: "Quantas pessoas que você amava, hoje acredita que amam você?" Esse último questionamento deixo para os amigos responderem. De minha parte  confesso ter um grande amor por todos e o desejo de tê-los na minha lista  por toda minha vida, presente e futura. 

Para quem quiser ver a poesia completa, ei-la:

A LISTA

Oswaldo Montenegro

Faça uma lista de grandes amigos

Quem você mais via há dez anos atrás

Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais…
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar…
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?


P.S. 1. Ao final da "arrumada", joguei um monte de papel fora, limpando as gavetas e concluí tudo por volta das 17 horas. Assim como na vida, a gente tem que fazer isso de vez em quanto. "Dar uma arrumada. Jogar algumas coisas fora e organizar o que fica". 

P.S. 2.Quem quiser ir mais profundo, é só procurar no google a canção, na voz do seu autor ou com a dupla arcoverdense Paulinho Leite e Tonino Arcoverde e sentir as mesmas emoções que eu sempre sinto quando ouço essa música. 



  

sábado, 1 de novembro de 2014

A ARTE DE ESCREVER, DE SCHOPENHAUER



      Conclui nesta tarde a leitura do livro "A ARTE DE ESCREVER" de Schopenhauer. O livro foi publicado pela editora L&PM POCKET e tem 167 páginas com dicas, as mais diversas para quem gosta de escrever. É uma antologia de ensaios originais de "Parerga e Paralipomena", obra de 1851.

     Arthur Schopenhauer foi um filósofo alemão, escritor e poliglota e estudioso da linguagem do século XIX. Nasceu em Danzig, na Prussia a 22 de fevereiro de 1788 e morreu em Frankfurt am Main, a 21 de setembro de 1860.

    Na obra aqui referida, ele descreve de forma clara, as vezes crua e precisa e em alguns momentos de forma bastante cômica, os caminhos que todo escritor deve percorrer para ter êxito em seus projetos.

      Em vários trechos ele critica  escritores europeus, inclusive da própria Alemanha, e por consequência do mundo inteiro, por aceitarem, de forma passiva a decadência da escrita erudita e até a "morte" das línguas mais antigas, como o latim, no seu ver, as mais importantes do planeta. Ele não poupa críticas, inclusive ao o seu  próprio povo alemão: "(...) A abolição do latim como língua geral da erudição e, em contrapartida, a introdução do espírito pequeno-burguês nas literaturas nacionais foram um verdadeiro infortúnio para as ciências na Europa (...)", assegura. Mais adiante conclui: (...) basta notar o descuido com elas na França e mesmo na Alemanha (...)".

         O livro é dividido em cinco capítulos, assim distribuídos: I - Sobre a erudição e os eruditos, II - Pensar por si mesmo, III - Sobre a escrita e o estilo, IV - Sobre a leitura e os livros, e V - Sobre a linguagem e as palavras.

        Schopenhauer era pessimista em sua visão de mundo, considerou ser a vontade a ultima e mais fundamental força da natureza, que se manifesta em cada ser no sentido de sua total realização e sobrevivência. O conceito de vontade deste filósofo diz respeito a algo infinito, uno, indizível, e não a uma vontade finita, individual, ciente. Esta estaria presente no homem como em toda a natureza. Para ele, a realidade é vontade irracional, onde o finito nada mais é que mera aparência da realidade. A vontade infinita, traz, com ela a característica da saciabilidade, sendo então, algo conflitoso que geraria dor e sofrimento ao homem. 

         Organizado, traduzido e prefaciado e com notas der Pedro Süssekind, nascido No Rio de Janeiro em 1973, doutor em Filosofia pela UFRJ, além de tradutor, escritor e professor, especializado em Literatura Comparada na Universidade Livre de Berlin,  a obra é recomendada não só para quem  gosta de escrever, mas também para quem pretende ter uma boa compreensão de qualquer obra literária, seja ela um romance, um ensaio, uma reportagem ou mesmo uma peça teatral..

   Da obra destaco algumas frases para que o leitor tenha alguma ideia de seu conteúdo:

"(...) Só se sabe aquilo sobe o que se pensou com profundidade(...)" 

(...) Os eruditos são aqueles que leram coisas nos livros, mas os pensadores, os gênios, os fachos de luz e promotores da espécie humana são aqueles que as leram diretamente no livro do mundo (...)"

"(...) Com frequência escrevi frases que hesitei em apresentar ao público, em função de seu caráter paradoxal, e depois as encontrei, para minha agradável surpresa, expressas literalmente nas obras antigas de grandes homens (...)".

"(...) A presença de um pensamento é como a presença de quem se ama. Achamos que nunca esqueceremos esse pensamento e que nunca seremos indiferentes à nossa amada. Só que longe dos olhos, longe do coração!. O mais belo pensamento corre o perigo de ser irremediavelmente esquecido quando não é escrito, assim como a amada pode nos abandonar se não nos casarmos com ela (...)". 

     Sobre os críticos, que usam pseudônimo, para não serem identificados o autor assevera:

 "(...) Velhaco, diga seu nome!. Pois atacar, encapuzado e disfarçado as pessoas que passeiam mostrando seus rostos não é algo que um homem honrado faça: só os patifes e os canalhas agem assim. Portanto, velhaco, diga seu nome! (...)"

      Sobre essa tema, ela ainda declara:

"(...) Asim como a polícia não permite que as pessoas andem pelas ruas mascaradas, não deveria ser admitido que elas escrevessem anonimamente(...)".

"(...) É sempre melhor deixar de lado algo bom do que incluir algo insignificante(...)".

      Por último destaco mais duas frases que julguei por demais interessantes:

"(...)Usar muitas palavras para comunicar poucos pensamentos é sempre o sinal inconfundível da mediocridade; em contrapartida, o sinal de uma cabeça eminente é resumir muitos pensamentos em poucas palavras (...)".

"(...) A ignorância degrada os homens somente quando se encontra associada à riqueza. O pobre é rejeitado por sua pobreza e necessidade; no seu caso, os trabalhos substituem o saber e ocupam o pensamento. Em contrapartida, os ricos que são ignorantes vivem apenas em função de seus prazeres e se assemelham a gado, como se pode verificar diariamente (...)". (grifos nossos)

"(...) A palavra dos homens é o material mais duradouro. Se um poeta deu corpo à sua sensação passageira com as palavras mais apropriadas, aquela sensação viverá através de séculos nessas palavras e é despertada novamente em cada leitor receptivo (...)".

     Concluo, asseverando que, apesar de escrito há quase dois séculos, a mensagem do autor continua atual e ainda pulsa forte, principalmente para aqueles que apreciam uma boa leitura, ou que como eu, vez por outra gosta de "escrevinhar".

       Para um bom leitor, creio que no máximo três dias são suficientes para leitura da obra.