Quero aproveitar o espaço para homenagear uma gama de
contadores de histórias, reais ou fictícias que tornam a nossa vida mais
prazerosa.
Como é bom a gente pegar um bom livro e
nos deleitar em sua leitura, viajar em cada capítulo, mergulhar na vida dos
personagens, as vezes até tomar partido e ao final sentir aquele gostinho que
valeu a pena.
Não que o escritor seja um “salvador
da pátria”, mas com certeza ele contribui para preencher certos espaços na alma
humana que só uma boa leitura pode conseguir sem direito a prestação de contas
do leitor. É que o escritor é aquele que recria o mundo e a vida segundo a sua
visão, que pode ou não ser compartilhada por aqueles que cultivam o habito da
leitura e que são os verdadeiros parceiros de quem escreve, na maioria das
vezes nem se conhecendo pessoalmente.
Foi esse o caso de um senhor, oficial aposentado da Polícia Militar que me ligou
de São Paulo, me parabenizando pelo lançamento do livro “As Janelas do
Sobrado”. O homem contava com mais de 80 anos e confessou que chorou ao ler
minha obra. Reviveu os tempos de infância, quando morava aqui em Buíque.
Em outra oportunidade, um jovem senhor
buiquense, residente em São
Paulo me ligou numa tarde de sábado e passamos mais de hora
conversando ao celular. Ele disse está encantado com a leitura da minha obra, que já havia lido juntamente com sua esposa, por três vezes e até
me convidou para passar uns dias com sua família durante as férias.
Outro amigo buiquense residente em
Arcoverde, me confidenciou que iniciou a leitura do meu livro durante a noite e
quase amanheceu o dia sem conseguir dormir, querendo consumir cada página,
movido pela emoção de ver naqueles relatos parte de sua vida e de sua família.
São fatos como esses que nos enche de
alegria e motivação para continuar escrevendo, não para fazer da escrita um
negócio rentável, mas pelo prazer de ser também um contador de histórias.
O agora saudoso Rubem Alves, dizia que
todo escritor é um bom contador de histórias. Ariano Suassuna dizia que gostava
muito de histórias, tanto escritas pelos eruditos, quanto mais, e acima de
tudo, aquelas vividas e contadas pelo povo simples do nordeste brasileiro, seu
mundo.
Em toda cidade, por pequena que seja
sempre existem os bons contadores de histórias. Pessoas simples que nunca
escreveram um livro, as vezes sequer assinam o nome, mas são exímios contadores
de histórias, capazes de prender a atenção de ouvintes, por inquieto que seja.
Pois é pra esses e tantos outros que envio meus cumprimentos nesta data, com o
desejo de que nunca faltem motivos e assuntos para novas histórias. Mesmo que sejam ilusórias ou contos da
“carochinha”. Elas também tem o seu papel na vida do ser humano. As vezes
precisamos sair do sério e voltar a ser criança. A vida já é séria demais para
passarmos por ela de cara fechada, sem a alegria de ao menos contar uma história ou cantar uma canção para uma criança.
Vamos
dar ouvidos a imaginação e contar historias (e ouvir a dos outros também). Assim fazendo, espantaremos a solidão, que é uma fera e que devora, pois ela é amiga das
horas prima irmã do tempo e faz nossos relógios caminharem lentos, causando um
descompasso em nosso coração. Assim dizia a canção. (Trecho da música SOLIDÃO, de Alceu Valença).
Um abraço aos escritores buiquenses,
Manoel Modesto, Graça Maia, Cidinaldo Araújo, Rosa Ramos, Sivaldo, Leonardo (Léo Chocolate) Irivânia e tantos outros, e a nossa
saudade daquele que fez de Buíque o seu cordão umbilical Cyl Gallindo.