A mensagem de hoje é a respeito
de uma canção gravada nos idos de 1976, pelo saudoso poeta-cantor Belchior. O
título dessa canção - que na verdade é uma linda poesia atemporal é “Apenas um
rapaz latino americano”. Digo atemporal porque suas queixas nunca deixaram de
ser atuais, mesmo nos dias de hoje quando seu autor já partiu deste plano. Porém,
sua “navalha afiada” continua cortando.
Cada frase da canção merecia ser comentada, mas quero destacar nesta tarde apenas o texto abaixo:
Mas não se preocupe meu amigo
Com os horrores que eu lhe digo
Isso é somente uma canção
A vida realmente é diferente
Quer dizer:
Ao vivo é muito pior...
Na época que foi escrita, na verdade era mais uma crítica ao sistema político, mas na postagem que ora faço, quero adentrar num contexto mais popular que é a vida humana.
Normalmente quando somos crianças, adolescentes ou até jovens não costumamos refletir sobre as agruras da vida. Sempre adiamos essas conversas ou reflexões para adiante. Se tudo está bem, por que pensar nas durezas da vida, se elas sempre chegam quando a gente menos espera!
Em conversa com uma colega de trabalho costumo dizer, em tom de brincadeira: “O ser humano aqui na terra aguenta muito repuxo’. Seja uma doença, uma cirurgia, um problema familiar, o desemprego, um aperto financeiro, seja de que ordem for, somos bastante fortes para vencer aquele problema e mais adiante percebermos que estamos “são e salvos”, mesmo com as cicatrizes ainda latentes.
Nem só de flores e jardins é a nossa vida. Quando adolescentes ou ainda jovens sonhamos com um mundo “cor de rosa”. Vamos fazer o curso superior dos nossos sonhos. Ter um excelente emprego, casa própria quitada, um bom carro, e, depois de aproveitar a vida aí sim, pensar emo casamento com o príncipe ou princesa dos nossos sonhos. Casar, ter filhos e viver no mundo da “fantasia”. Assim são ou foram os sonhos da maioria de nós...
Mas, como diz o verso da canção: “Ao vivo é muito pior”. Quando atingimos a maturidade, que para a maioria chega na fase dos “entas”, que começa aos quarenta anos, a gente percebe que nem tudo aconteceu do jeito que a gente sonhou ou programou. O curso que fizemos não foi o do nosso sonho, mas o possível naquele momento. O emprego ou trabalho, da mesma forma, não foi o tão sonhado, mas também foi o que “apareceu”. O casamento, da mesma forma, descobrimos que a princesa ou príncipe tão sonhado (a) – até para a nossa sorte, casou com outro(a) e aquele(a) com nos casamos apesar de não ser um príncipe (cesa) dos nossos sonhos pueris, está superando as expectativas, até porque percebemos que nós mesmos não somos aquele(a) que desejaríamos ser. Temos defeitos até demais para serrem corrigidos.
E assim, entre trancos e barrancos, vamos levando a vida; muitas vezes não do jeito que sonhamos ou desejamos, mas do jeito que é possível. Até porque, vivendo num país feito o nosso, até sobreviver já é um grande milagre. E, se para alguns a vida não está às mil maravilhas, para quem está no começo da estrada , continua bonita, assim como foi pra nós quando éramos adolescentes e jovens, pois na escola na vida nunca entramos de férias, estamos sempre aprendendo. Então, busquemos alcançar notas acima da média, porque nota máxima é difícil alguém alcançar.
Finalizo com os versos de outra canção muito popular, agora do saudoso Gonzaguinha que diz:
“Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita: “É bonita, é bonita e é bonita..."
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