terça-feira, 7 de maio de 2013

CARRAPATO NA ORELHA

 
 
CARRAPATO NA ORELHA – Ontem, retornando de Arcoverde para Buíque, nas imediações do lugar conhecido como “Mata Sete”, havia um cavalo amarrado à beira da estrada, balançando a cabeça continuamente. Um dos passageiros que viajava no carro de lotação, agricultor das redondezas, informou que era porque aquele animal estava com carrapato na orelha. Como o animal não pode coçar, fica remexendo a cabeça o tempo todo, em virtude da coceira que gera aquele inseto, até que o seu dono perceba a ferida e venha colocar algum remédio, sob pena de ver aquela chaga se espalhar pelo resto do corpo e o animal ficar agonizando.


        Quando o veículo prosseguiu a viagem comecei a “matutar” comigo mesmo: O povo brasileiro, principalmente o pobre, em parte se encontra como aquele animal, com a orelha coçando e sem ter a quem pedir socorro. Quando precisa de algum serviço hospitalar, dependendo do problema, fica a ver navios, pois, na maioria das cidades, dificilmente encontra um médico de plantão ou remédio. Quando encontra um não tem o outro. Normalmente um simples exame tem que viajar para cidades maiores, pois onde reside não se faz tal procedimento e as vezes quando chega na outra cidade, informam que não tem mais vaga para consulta.

DIPIRONA - Há 12 anos, quando fui submetido a uma cirurgia renal no Hospital do Sassepe, em Recife, ouvi de um vereador de uma cidade próxima de Buíque, que estava também ali internado, que em sua cidade era comum todas as pessoas que eram consultadas só receberem um único remédio no receituário: “DIPIRONA”. Como ele era na época era vereador, perguntou ao médico porque ele só medicava aquele remédio para todos os pacientes, seja qual fosse o problema de saúde, ao que o médico respondeu: - “Mas como eu vou passar outro remédio, se a prefeitura só disponibiliza esse?”.  Como Dipirona serve pra todo tipo de dor, aludido médico tinha que medicá-lo pra todo mundo.

        Esse próprio paciente, que era muito engraçado, me confidenciou que certa feita, antes de ser vereador, estava com uma crise aguda de vesícula e foi se consultar com outro médico, em uma cidade vizinha. Ao chegar sua vez, sentado diante do médico, este indagou:
-O que é que você tem? Ele respondeu:
- Não tenho nada (dinheiro), porque se tivesse alguma coisa estaria me consultando em um hospital de qualidade e não aqui! O médico, cautelosamente prosseguiu:
- Calma cidadão, eu estou apenas perguntando o que é que o senhor tem!. O paciente remendou:
- E o senhor é médico ou fiscal da fazenda?

        Brincadeiras a parte, o paciente me falou que foi necessário ser transferido para Recife, pois nem em sua cidade, nem nos municípios vizinhos tinha atendimento para o seu caso, e o pior, nem mesmo havia ambulância para transportá-lo, teve que ser socorrido por amigos.
 

TRÁFICO DE CRIANÇAS PARA ADOÇÃO – O Brasil inteiro assistiu na mais recente apresentação do programa “Fantástico”, da Rede Globo (05.05.2013), o tráfico de crianças para adoção, em cujo esquema estavam envolvidas autoridades diversas, inclusive do Judiciário. Processo de adoção que leva as vezes um período de no mínimo sete, oito meses ou mais para ser julgado em definitivo, com a “mãozinha” dos envolvidos era resolvido em apenas dois dias. Segundo a reportagem mostrou, de uma única família, foram retirados cinco filhos em uma cidadezinha do interior da Bahia, para serem adotadas por famílias de São Paulo. Os laudos, os estudos sociais, os pareceres, que na prática levam 15, 20 ou até 30 dias para serem fornecidos, eram elaborados sempre em favor dos adotantes em menos de um dia. 

        Descobertas as irregularidades - na linguagem nordestina “a safadagem”, outro magistrado assumiu o cargo anteriormente ocupado pelo Juiz que conduziu e sentenciou os processos e anulou todas as decisões, determinando o retorno das crianças para o lar dos pais legítimo. Daí em diante, começa outra situação, ao menos inusitada. "Chove" agora denúncias contra esse Juiz que reparou tão grande “erro” processual. Alegam que ele já está sendo processado por distratar promotores e advogados, que durante um ano só lavrou 3 (três) sentenças, o que é no mínimo de se suspeitar de tal informação, porque as Corregedorias de cada Tribunal de Justiça tem seus serviços de acompanhamento dos trabalhos em cada comarca e no mínimo, não iria aceitar uma situação como essa, sem tomar as devidas providências. Alegam até que o dito Juiz em certa ocasião usou spray de pimenta contra advogados e/ou promotor de justiça, em sala de audiências. Daí cabe uma pergunta: Ele era um juiz ou um louco? Se o comportamento realmente aconteceu, porque ainda continuava atuando como magistrado? O que se pode imaginar é que o problema real foi que esse magistrado descobriu o “esquema” e para não ficar como herói, tem que ser transformado em réu, mesmo diante da imprensa. Isso só o tempo dirá...

Imagens ilustrativas

O MÉDICO DOS CANCEROSOS - Outro caso de se lamentar foi aquele do médico que recebia por consultas e tratamentos de pacientes já falecidos, alguns até há mais de um ano de sepultados e também determinava aos seus subordinados a medida a ser aplicada em pacientes ainda vivos, mesmo ciente de que aquela medicação não teria nenhum efeito na saúde do paciente. Ou seja, era ele, o médico quem decidia, ou no mínimo abreviava a vida das vítimas e, para agravar mais a situação, encaminhava muitos pacientes para o seu próprio consultório particular.

        Ao ser entrevistado, com a cara mais lavada, respondeu que todos os procedimentos estavam corretos e mesmo o “Fantástico” mostrando as gravações telefônicas dos acordos vergonhosos promovidos pelo referido profissional, ele procurou negar o inegável.

A MULHER "DONA DA VIDA" - Sem contar com aquela médica, que semelhantemente a esse profissional da saúde, (ou da morte), escolhia quem iria viver por mais alguns dias e quem iria “viajar” mais cedo.

        Pois é, caro leitor, se nós refletirmos com mais profundidade, vamos descobrir que estamos igual aquele cavalo mencionado no início dessa postagem. Com “carrapato na orelha” e sem ter a quem pedir socorro. Se denunciar o caso pode ser vítima mais adiante do “esquema” e mesmo na mais pura inocência, pode se transformar de um herói em um sapo, como as feiticeiras das historias infantis. Todo cuidado é pouco. Só Deus para nos socorrer!.
 
 

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