sábado, 4 de julho de 2020

REVENDO A CACHOEIRA DO TEMPO DE MINHA ADOLESCÊNCIA


                         


                   Em mais uma caminhada costumeira que faço diariamente com os amigos Airon Liberato e Carlinhos, agora também com a companhia do Pr. Jonathan Rodrigues, ontem, de improviso, mudamos a rota do passeio. A pretensão era irmos para o Sítio Cumbre, no entanto, no meio do caminho, decidimos mudar o destino e fomos visitar a Cachoeira de Santos, como eu fiquei conhecendo desde criança. Alguns a chamam também de “Cachoeira do Mulungu”, outros “Cachoeira do Cumbre”, no entanto, desde criança a conheço como “Cachoeira de Santos”.

                   Pois bem, feito o desafio e aceito pelos três (Eu, Airon e o Pr Jonathan – Carlinhos não nos acompanhou hoje) cruzamos a estrada e mais adiante pedimos autorização aos proprietários de um sítio que existe no caminho, para pularmos a cancela ali existente, recebendo a devida autorização, mais adiante nos agachando para atravessarmos uma cerca de arame farpado e por um caminho estreito feito vários “SS” esses,  cheio de matos e pedras, fomos descendo serra abaixo. Mais adiante, outra cerca de arame farpado, árvores e plantas nativas das mais diversas. E a ladeira continuava. 

                   De longe já escutávamos o barulho da queda d’água. Finalmente chegamos. Contemplada a beleza de cima da serra, descemos e durante uma meia hora desfrutamos de um gostoso banho de água cristalina. Registramos o momento com algumas fotos e no caminho de volta decidi que em homenagem a este passeio saudosista publicaria uma matéria que está em meu livro “AS JANELAS DO SOBRADO”, nas páginas 109/110, conforme se vê abaixo:  

 Observação: A foto desta matéria é a mesma que foi publicada no livro e na parte final estão identificados todos os personagens:  

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                       A CACHEIRA DE SANTOS

                  Ainda existe e é um verdadeiro paraíso na terra. A Amazônia de Buíque. Fica a sete ou oito quilômetros do centro da cidade. Lá você sente a brisa do vento, o cheiro da água descendo pelas pedras, o perfume dos jasmins e o barulho das cascatas correndo pelo meio da mata. Lá você vê o pulo do saguim, o canto da cigarra, do galo de campina, do nego tiziu, do pardal e o azulão voando de galho em galho. Fui tantas vezes àquele paraíso que perdi a conta. O caminho é feito de picadas, estreitas e encurvadas como vários “ésses” ao redor das matas. Ladeira sobe, ladeira desce. Mugido de vaca, latido dos cachorros. - Bom dia senhor! - Bom dia Senhora! - Olha a cerca aí, menino, se abaixa! - Uma paradinha pra descançar e um pulo aqui outro ali para atravessar a correnteza. Quando chegávamos valia a pena.

                   Houve um tempo que era compromisso certo todo domingo. Um grupo de amigos: eu, Carlinhos, meu primo Isaias (Dido), Edmir Régis (filho de Tatá), seu irmão Robson, Nelson Pezão (sobrinho de seu Sátiro), meu irmão Roberto Tárcio e outros, saíamos de casa por volta das seis horas da manhã, portando um garrafão de suco, biscoitos, pães e muita carne de sol. Nunca esquecíamos também um radinho de pilha (motorádio), que era ligado praticamente o dia todo. Na volta - normalmente às cinco da tarde - muito cansaço pelas subidas e descidas das serras - dávamos sempre uma paradinha na casa de D. Noca, uma velhinha que vendia uma excelente cocada de coco, à beira da estrada, acompanhada de um copo d’água salobra que matava a nossa sede.

                   Enquanto isso, a mata se preparava para mais uma noite de repouso, vigiada inicialmente pela beleza da lua-cheia, que ia se acordando por trás de suas enormes árvores infestadas de cigarras e pelas estrelas que povoavam os céus, piscando como pirilampos. Na madrugada, o matagal era protegido por seus seguranças - os espinhos e urtigas e o som do seu silêncio insidioso.

                   Apesar da cachoeira ainda existir, depois da construção da barragem da Compesa, diminuiu o volume d’água e também a frequência das pessoas naquele verdadeiro “paraíso selvagem”, porém, ainda hoje vale a pena uma visita àquele “pedacinho de céu”.



Cachoeira de Santos - Foto  do ano de 1982) Personagens: Da esquerda p/ direita: Em pé: Rinaldo, filho de Pedro Coelho - com a mão no peito; Toquinha (filho de Cóca, fazendo um “v” com a mão direita); Jair Rocha (com um garoto nos ombros); Murilo França, com a mão direita levantada; Véi (filho de Estreitinho); Tárcio (só a cabeça), componente do conjunto musical Los Manos (de barba e bigode); Luis Nilson (camisa branca), Filho de Afonso Padilha; Cassinho de Gercino; Charles de Pergentino, Júnior de Murilo (de camisa listada), Roberval, He Man - o Galego; Júnior de Zilú (de bermuda estampada); Raul da Farmácia, Doreca, Bernadete. 

Agachados da esquerda p/direita: Ronie de Nininha; Musquitinho, Biu de Genaro; Paulo Tarciso (por trás da adolescente Elsa, de camisa vermelha), Juarez, filho de Xará, Ezequiel de Valdeci, Fernando de Zeca, Luis (Bonga), Jairo França (2º agachado ao lado da criança). A criança gordinha ao lado direito, de sunga, é Tonton de Raul. Na frente de Fernando é Carrinho, conhecido por Lateta. Das três crianças, a de cabelos longos é Cleudman, filha de Bernadete e Zuca.

Abaixo algumas fotos do passeio de ontem (03.07.2020).








Foto do ano de 1'982 mesmo dia da foto principal


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