Em
mais uma caminhada costumeira que faço diariamente com os amigos Airon Liberato
e Carlinhos, agora também com a companhia do Pr. Jonathan Rodrigues, ontem, de
improviso, mudamos a rota do passeio. A pretensão era irmos para o Sítio
Cumbre, no entanto, no meio do caminho, decidimos mudar o destino e fomos
visitar a Cachoeira de Santos, como eu fiquei conhecendo desde criança. Alguns
a chamam também de “Cachoeira do Mulungu”, outros “Cachoeira do Cumbre”, no
entanto, desde criança a conheço como “Cachoeira de Santos”.
Pois
bem, feito o desafio e aceito pelos três (Eu, Airon e o Pr Jonathan – Carlinhos
não nos acompanhou hoje) cruzamos a estrada e mais adiante pedimos autorização aos
proprietários de um sítio que existe no caminho, para pularmos a cancela ali
existente, recebendo a devida autorização, mais adiante nos agachando para atravessarmos
uma cerca de arame farpado e por um caminho estreito feito vários “SS” esses, cheio de matos e pedras, fomos descendo serra
abaixo. Mais adiante, outra cerca de arame farpado, árvores e plantas nativas
das mais diversas. E a ladeira continuava.
De
longe já escutávamos o barulho da queda d’água. Finalmente chegamos. Contemplada
a beleza de cima da serra, descemos e durante uma meia hora desfrutamos de um
gostoso banho de água cristalina. Registramos o momento com algumas fotos e no
caminho de volta decidi que em homenagem a este passeio saudosista publicaria
uma matéria que está em meu livro “AS JANELAS DO SOBRADO”, nas páginas 109/110,
conforme se vê abaixo:
Observação: A foto desta matéria é a mesma que
foi publicada no livro e na parte final estão identificados todos os
personagens:
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A CACHEIRA DE SANTOS
Ainda
existe e é um verdadeiro paraíso na terra. A Amazônia de Buíque. Fica a sete ou
oito quilômetros do centro da cidade. Lá você sente a brisa do vento, o cheiro
da água descendo pelas pedras, o perfume dos jasmins e o barulho das cascatas
correndo pelo meio da mata. Lá você vê o pulo do saguim, o canto da cigarra, do
galo de campina, do nego tiziu, do pardal e o azulão voando de galho em galho.
Fui tantas vezes àquele paraíso que perdi a conta. O caminho é feito de picadas,
estreitas e encurvadas como vários “ésses” ao redor das matas. Ladeira sobe,
ladeira desce. Mugido de vaca, latido dos cachorros. - Bom dia senhor! - Bom
dia Senhora! - Olha a cerca aí, menino, se abaixa! - Uma paradinha pra
descançar e um pulo aqui outro ali para atravessar a correnteza. Quando
chegávamos valia a pena.
Houve
um tempo que era compromisso certo todo domingo. Um grupo de amigos: eu,
Carlinhos, meu primo Isaias (Dido), Edmir Régis (filho de Tatá), seu irmão
Robson, Nelson Pezão (sobrinho de seu Sátiro), meu irmão Roberto Tárcio e
outros, saíamos de casa por volta das seis horas da manhã, portando um garrafão
de suco, biscoitos, pães e muita carne de sol. Nunca esquecíamos também um
radinho de pilha (motorádio), que era ligado praticamente o dia todo. Na volta
- normalmente às cinco da tarde - muito cansaço pelas subidas e descidas das
serras - dávamos sempre uma paradinha na casa de D. Noca, uma velhinha que
vendia uma excelente cocada de coco, à beira da estrada, acompanhada de um copo
d’água salobra que matava a nossa sede.
Enquanto
isso, a mata se preparava para mais uma noite de repouso, vigiada inicialmente
pela beleza da lua-cheia, que ia se acordando por trás de suas enormes árvores
infestadas de cigarras e pelas estrelas que povoavam os céus, piscando como
pirilampos. Na madrugada, o matagal era protegido por seus seguranças - os
espinhos e urtigas e o som do seu silêncio insidioso.
Apesar da cachoeira ainda
existir, depois da construção da barragem da Compesa, diminuiu o volume d’água
e também a frequência das pessoas naquele verdadeiro “paraíso selvagem”, porém,
ainda hoje vale a pena uma visita àquele “pedacinho de céu”.
Cachoeira
de Santos - Foto do ano de 1982) Personagens: Da esquerda p/ direita:
Em pé: Rinaldo, filho de Pedro
Coelho - com a mão no peito; Toquinha (filho de Cóca, fazendo um “v” com a mão
direita); Jair Rocha (com um garoto nos ombros); Murilo França, com a mão
direita levantada; Véi (filho de Estreitinho); Tárcio (só a cabeça), componente
do conjunto musical Los Manos (de barba e bigode); Luis Nilson (camisa branca),
Filho de Afonso Padilha; Cassinho de Gercino; Charles de Pergentino, Júnior de
Murilo (de camisa listada), Roberval, He Man - o Galego; Júnior de Zilú (de
bermuda estampada); Raul da Farmácia, Doreca, Bernadete.
Agachados da esquerda p/direita: Ronie de Nininha;
Musquitinho, Biu de Genaro; Paulo Tarciso (por trás da adolescente Elsa, de camisa vermelha), Juarez,
filho de Xará, Ezequiel de Valdeci, Fernando de Zeca, Luis (Bonga), Jairo
França (2º agachado ao lado da criança). A criança gordinha ao lado direito, de
sunga, é Tonton de Raul. Na frente de Fernando é Carrinho, conhecido por
Lateta. Das três crianças, a de cabelos longos é Cleudman, filha de Bernadete e
Zuca.
Abaixo algumas fotos do passeio de ontem (03.07.2020).
Foto do ano de 1'982 mesmo dia da foto principal |
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