sábado, 2 de novembro de 2013

VENDENDO VELAS, PINTANDO CRUZES E VIVENDO EMOÇÕES NO DIA DE FINADOS.



        
  
      Certo poeta popular, cujo nome não me vem à memória neste momento, uma vez estava visitando o túmulo dos entes queridos e fez o seguinte verso sobre o dia de finados:

“Hoje muita gente veio
Os seus mortos visitar
Vindo hoje a passeio
Depois volta pra morar”.

         Brincadeira a parte, essa é uma pura verdade. No dia de hoje, milhares de pessoas visitam, nos cemitérios os túmulos dos seus entes queridos, alguns acendendo uma vela ou fazendo uma prece pelos que partiram desta vida, outros simplesmente para rever alguns amigos que residem distante e só retornam a sua cidade de origem em datas como esta. Muitos dos que ali estão visitando, nos anos seguintes estão sendo visitados. Quantas vezes estava na companhia do meu pai visitando o túmulo do meu avô paterno!. Hoje meu pai também já “viajou” e seu túmulo é quem é visitado. Assim é a vida...
        
         Me recordo neste momento de um poema que Xéu do cartório gostava de declamar nas tardes de sol poente. Em tom saudosista ele dizia bem alto: “Até mesmo nas flores se vê a diferença da sorte. Umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte”. Nessa época o cartório ficava ao lado da igreja Matriz.

         Quando criança, me lembro que a visitação nos cemitérios era muito maior que hoje, praticamente o dobro. Quando contava com 12, 13 anos, costumava me juntar a outros “moleques” para vender velas. No dia anterior comprávamos duas ou três caixas em um supermercado e na manhã do dia seguinte estávamos ali caminhando pelo cemitério: Olhe a vela, quem vai querer?.

         Quando a noite chegava contávamos o apurado e normalmente o lucro era bom e além de vender muito, a gente comprava fiado e só pagava o que vendesse no dia seguinte. Se sobrasse algumas velas a gente devolvia.

         Me recordo que certo ano, eu e Waldick de Edgar mudamos de ramo. Em vez de vender velas, compramos pincéis e tintas e inventamos de colocar os nomes dos mortos, nas cruzes das sepulturas. A preço de hoje, cobrávamos três ou quatro reais e no final da tarde o apurado era melhor que do vendendo velas.

         Como moleque curioso, observava que alguns amigos mais maduros que a gente, inventavam até de paquerar no cemitério. Mas vejam só!. Pois é, ficavam ali, sentados em alguma tumba de um parente entre piscados e olhadelas para sua escolhida que de longe correspondia, seja com um olhar ou ao menos com um sorriso tímido. Era a mistura da tristeza pelos que partiram e a emoção pelas paixões que sempre renascem em todos corações, como escreveu Charles Chaplim, naquela canção: “Para que chorar o que passou, lamentar perdidas ilusões, se o ideal que sempre nos acalentou renascerá em outros corações”. (Luzes da Ribalta).

         Quem está lendo esta matéria agora pode pensar: mas que loucura uma mistura dessa!. Respondo: Quem escreve é assim, vai digitando sem muito raciocínio pra ver no que dar e as vezes o resultado é esse. Como na vida real. Viver é uma grande mistura de emoções. Vida e morte, encontros e despedidas, inverno e verão. Enquanto isso, a gente vai escrevendo, revisando e as vezes alterando o rumo da nossa história. Ate quando Deus assim permitir.

         Um recado final:  Reflitam sobre o sentido da vida e coloquem Deus no centro dela.

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