sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O DESERTO CONTINUA FÉRTIL



      


      Já disse certa vez, neste blog, que não possuo nenhum vício que venha me prejudicar. Agora existem duas coisas nas quais me considero viciado e me acompanham desde tenra idade, se é possível denominar esses costumes de vício. São músicas e bons livros. Destes nunca consegui me separar. Já disse também que a leitura nos proporciona não só conhecimento, como também nos faz viajar para lugares, cenas e fatos que ajudam no nosso crescimento como seres humanos.
 
       Das obras lidas recentemente, já fiz destaque das biografias dos grandes líderes Mahatma Gandhi e Martin Luther King Jr, Santo Agostinho, Rui Barbosa. Dias atrás comentei obre a obra “Caminhos de Pedras” da cearense Raquel de Queiroz, dentre outras.

        Nesta manhã, quero fazer um breve comentário sobre outra obra, que acabei de ler há poucos instantes e pelo seu conteúdo a recomendo a todos que gostam de degustar uma boa leitura.
           
           Trata-se do livro “O DESERTO É FÉRTIL”, de autoria do grande e eterno Arcebispo de Olinda/PE, D. HÉLDER CÃMARA.  O livro contém 105 páginas, foi publicado pela editora Civilização Brasileira no ano de 1981, em sua 11ª edição, antes, porém, já se tornou internacionalmente conhecido em inglês, francês, italiano e espanhol. Para um bom leitor pode ser degustado em duas ou três horas ininterruptas. Caso o leitor não disponha desse tempo, no máximo em três ou quatro oportunidades alternadas é possível concluir a leitura.      

            A sua mensagem é destinada a todos, mas a defesa principal é relativa as minorias, que o autor denomina de “Minorias Abraâmicas”, que apesar da conotação religiosa com o líder hebreu Abraão, na verdade o foco não é essencialmente religioso, mas social, e de certa forma político, sempre em busca da justiça e da paz.

            Destaque faço das seguintes palavras do autor: “Acredito nessas minorias capazes de compreender a “ação, justiça e paz” e de adotá-la como campo de estudo e de atuação. Chamo-as “Minorias Abraâmicas”, porque como Abraão, esperamos contra toda esperança”.

            No capítulo 8, intitulado “O Segredo da eterna juventude”, D. Hélder dá a receita certa para tal, nos seguintes termos:

         “O Segredo de ser sempre jovem – mesmo quando os anos passam deixando marcas no corpo. O segredo da perene juventude de alma é ter uma causa a que dedicar a vida. Com 20 anos, sem sombra de ruga ou de cabelo branco, é possível ser um vencido da vida, um pessimista, um velho!. Quem pergunta as si mesmo, sem encontrar resposta válida, o que é afinal a vida e que motivos podem ser invocados para enfrentá-la com decisão, está com a juventude correndo risco...”.

            Na minha humilde avaliação o livro traz uma visão coerente e realista da vida humana, nossas dúvidas e certezas, a relação do “crente” com quem não crê, demonstrando sempre que é possível sim esses dois grupos lutarem juntos por um projeto em favor da paz e contra todo o tipo de opressão.

            Dom Helder Câmara nasceu em 07 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, no Ceará. Foi ordenado em 15 de agosto de 1931, em 1952 foi nomeado bispo auxiliar no Rio de Janeiro. Em 12 de março de 1964 foi designado como arcebismo de Olinda e Recife. Alcançou altos cargos na hierarquia eclesial, mas a humildade nunca o afastou daquele povo que ele escolheu para pastorear.

            Combatido pelas elites insensíveis ao sofrimento humano, não se deixou abater, chegando ser indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel da Paz. Partiu desta para a outra vida no dia 28 de agosto de 1999. Contava com 90 anos de idade.

Certa feita declarou: "Se eu dou comida a um pobre, me chamam de santo, mas se eu pergunto por que ele é pobre, me chamam de comunista”.

            Recomendo, portanto, essa obra a todos quantos gostam de uma boa leitura.

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