Já disse certa vez,
neste blog, que não possuo nenhum vício que venha me prejudicar. Agora existem
duas coisas nas quais me considero viciado e me acompanham desde tenra idade,
se é possível denominar esses costumes de vício. São músicas e bons livros. Destes
nunca consegui me separar. Já disse também que a leitura nos proporciona não só
conhecimento, como também nos faz viajar para lugares, cenas e fatos que ajudam
no nosso crescimento como seres humanos.
Das
obras lidas recentemente, já fiz destaque das biografias dos grandes líderes
Mahatma Gandhi e Martin Luther King Jr, Santo Agostinho, Rui Barbosa. Dias
atrás comentei obre a obra “Caminhos de Pedras” da cearense Raquel de Queiroz,
dentre outras.
Nesta
manhã, quero fazer um breve comentário sobre outra obra, que acabei de ler há
poucos instantes e pelo seu conteúdo a recomendo a todos que gostam de degustar
uma boa leitura.
Trata-se do livro “O DESERTO É FÉRTIL”, de autoria do grande e eterno
Arcebispo de Olinda/PE, D. HÉLDER CÃMARA.
O livro contém 105 páginas, foi publicado pela editora Civilização
Brasileira no ano de 1981, em sua 11ª edição, antes, porém, já se tornou
internacionalmente conhecido em inglês, francês, italiano e espanhol. Para um
bom leitor pode ser degustado em duas ou três horas ininterruptas. Caso o
leitor não disponha desse tempo, no máximo em três ou quatro oportunidades
alternadas é possível concluir a leitura.
A
sua mensagem é destinada a todos, mas a defesa principal é relativa as
minorias, que o autor denomina de “Minorias Abraâmicas”, que apesar da
conotação religiosa com o líder hebreu Abraão, na verdade o foco não é
essencialmente religioso, mas social, e de certa forma político, sempre em
busca da justiça e da paz.
Destaque
faço das seguintes palavras do autor: “Acredito nessas minorias capazes de
compreender a “ação, justiça e paz” e de adotá-la como campo de estudo e de
atuação. Chamo-as “Minorias Abraâmicas”, porque como Abraão, esperamos contra
toda esperança”.
No
capítulo 8, intitulado “O Segredo da eterna juventude”, D. Hélder dá a receita
certa para tal, nos seguintes termos:
“O
Segredo de ser sempre jovem – mesmo quando os anos passam deixando marcas no
corpo. O segredo da perene juventude de alma é ter uma causa a que dedicar a
vida. Com 20 anos, sem sombra de ruga ou de cabelo branco, é possível ser um
vencido da vida, um pessimista, um velho!. Quem pergunta as si mesmo, sem
encontrar resposta válida, o que é afinal a vida e que motivos podem ser
invocados para enfrentá-la com decisão, está com a juventude correndo
risco...”.
Na
minha humilde avaliação o livro traz uma visão coerente e realista da vida
humana, nossas dúvidas e certezas, a relação do “crente” com quem não crê,
demonstrando sempre que é possível sim esses dois grupos lutarem juntos por um
projeto em favor da paz e contra todo o tipo de opressão.
Dom
Helder Câmara nasceu em 07 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, no Ceará. Foi
ordenado em 15 de agosto de 1931, em 1952 foi nomeado bispo auxiliar no Rio de
Janeiro. Em 12 de março de 1964 foi designado como arcebismo de Olinda e
Recife. Alcançou altos cargos na hierarquia eclesial, mas a humildade nunca o
afastou daquele povo que ele escolheu para pastorear.
Combatido
pelas elites insensíveis ao sofrimento humano, não se deixou abater, chegando
ser indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel da Paz. Partiu desta para a outra
vida no dia 28 de agosto de 1999. Contava com 90 anos de idade.
Certa feita declarou: "Se eu dou comida a um pobre, me chamam de
santo, mas se eu pergunto por que ele é pobre, me chamam de comunista”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário