Considerando
que um dos meus “vícios” é ler. Nos últimos 60 dias devorei cinco obras com
temas variados. Foram elas: "RUI BARBOSA - Da coleção a Vida de Grandes Brasileiros, da Editora três", "ALEXANDRE E OUTROS HERÓIS", de Graciliano Ramos, da Editora Record, "O SAPO QUE ENGOLIA ILUSÕES", de Moacir Japiassu, da Atual Editora, "GUERRA E PAZ", de Liev Tolstói, da Editora Cia de Letras e "CAMINHO DE PEDRAS", de Rachel de Queiroz, da coleção Aché dos imortais da Literatura Brasileira .
Hoje comento sobre uma delas. Trata-se do livro
“CAMINHO DE PEDRAS”, escrito por Rachel de Queiroz, Publicado em 1937. Nessa
obra, a escritora cearense se equipara a renomados escritores da literatura
universal.
O
enredo da obra trata sobre a época em que a ditadura militar imperava em nosso
país, sob o comando do presidente Getúlio Vargas. Os personagens principais são
Jean Jaques e Noemi, que são casados e tem um filho pequeno, chamado Guri
e Roberto, um jornalista carioca que
viaja do Rio de Janeiro com destino ao Ceará, a fim de fundar um sindicato/partido
socialista. Lá chegando se junta a um pequeno grupo de trabalhadores e
intelectuais em prol de um socialismo utópico. Aos poucos o líder do grupo,
Roberto vai conseguindo juntar em torno de si e dos seus ideais alguns amigos.
Dentre eles, está Roberto, que vem se tornar o primeiro secretário do sindicato.
Sua esposa Noemi, também se junta ao grupo.
Na
página 68, tem uma passagem interessante. Apesar de escrita em 1937, o
tema ainda é bastante atual. O grupo de operários realiza um comício na praça
da estação, quando o personagem “Vinte e Um” sobe num banco e abre o evento.
Era contra a Caixa de Beneficência:
- Ladrões, roubam o nosso sangue, roubam
o nosso salário, se enchem, e o que fica:? Não tem hospital, não tem escola,
não tem pensão, não tem nada!. Para onde vai o dinheiro das mensalidades? Ladrões,
ladrões!”.
O
comício prossegue com vários discursos inflamados até que o tropel das
ferraduras e a cavalaria aparecem e dispersam o grupo, prende alguns membros e
em poucos minutos a praça está limpa de gente.
O
fato é que, entre reuniões e encontros, como acontece na vida real, Roberto se
apaixona pela mulher do amigo Jean Jaques, a Noemi. Durante um bom tempo eles
conseguem disfarçar dos amigos e de Roberto, até quando, por insistência do
amante, ela resolve assumir o romance. A maior dificuldade dela é contar para o
seu marido o fim do casamento, já que entende que o mesmo não deu causa e
sempre a tratou muito bem, contudo, entende que encontrou o seu verdadeiro
amor. Ela ainda tenta continuar se encontrando com o amante sem terminar o
casamento, já que até ali vivia em paz e harmonia, contudo, essa paz não
conseguiu vencer a paixão repentina pelo amigo de luta sindical Roberto. Noemi
resolve, então, contar tudo ao marido.
O
momento da confissão é um dos pontos fortes da obra e a separação nesse momento
é algo inevitável. Jean Jaques, ao saber da “traição”, arruma a mala e vai
embora, deixando o filho com Noemi. Esta não se desfaz apenas do casamento, já
que como conseqüência perde o emprego em um “stúdio de fotografia” e a
companhia de algumas amigas, eis que a sociedade também a reprovou.
Adiante,
o Guri, filho de Noemi com Jean Jaques adoece e acaba morrendo. Os amigos
Felipe e Angelita... um a um, vão “desaparecendo”. Até o atual companheiro Roberto, que procurava dar
apoio a Noemi, é preso e levado para longe, envolvido com “propaganda
subversiva”. Justamente ele, que ela pensava ser o verdadeiro amor.
Agora
sozinha, sem amigos, sem o filho, sem o companheiro, Noemi chora, e chora
muito...
O
único consolo que ainda resta é um filho que se encontra no ventre, fruto do seu
relacionamento com Roberto, este futuro pai que termina a história preso, no
sul do país, não se sabe exatamente onde, enquanto que Noemi ... “depois de semanas terríveis, inúteis,
conseguira se arranjar numa casa de roupas brancas. Costurava o dia todo,
curvada sobre a máquina, abafando, interrompendo-se de vez em quanto para tomar
um pouco de ar, enquanto no ventre o filho de Roberto aumentava a se debatia”...
A
obra é concluída com Noemi pensando em deixar aquele trabalho e procurar outro
mais leve que rendesse para ajudar na comida e permitir ao menino crescer á
vontade, espernear á vontade.
Caminha
devagar conversando com o filho no ventre, quando pisa em falso numa pedra
solta. Arrima-se ao muro. O pequeno se sacode todo, comovido também com o
choque.
Noemi
sorrindo, ampara com a mão o ventre dolorido, e exclama:
- Mais devagar companheiro!. E volta a subir a ladeira áspera,
devagarinho.
Nessa
obra Raquel descreve com muita clareza a ilusão, e porque não dizer, a utopia
do amor perfeito. Mostra que a realidade do dia-a-dia deixa morrer não só
sentimentos e anseios, mas também demonstra que o ser humano muitas vezes
percorre CAMINHOS DE PEDRAS, não tão fáceis de serem vencidos.
Todo
o enredo tem como pano de fundo a luta pela liberdade e a política, palco de
muitas disputas, muitos sonhos e porque não dizer, muitas “desilusões”.
A
obra conta com 150 páginas, recheadas de muita emoção. Vale a pena ser lida.
Para um bom leitor, 4 a 5 dias são suficientes. Nesse período eu li e reli a obra. Valeu a pena!.
Breve comentarei sobre as outras obras
Tem mais trechos do livro que o senhor pode botar ?????
ResponderExcluirTem sim, não coloquei mais para que a matéria não fique muito longa. Obrigado pela leitura e pelo comentário. Se quiser adquirir a obra, pesquisei agora na estante virtual e vi que lá você encontra por um valor, a partir de R$ 7,00. o Link segue abaixo.
Excluirhttps://www.estantevirtual.com.br/livros/rachel-de-queiroz/caminho-de-pedras/114886024?q=caminho+de+pedras
Estou apaixonada pela história.
ResponderExcluirNão Tem Resenha Crítica ?
ResponderExcluirGabriele, primeiramente, obrigado pela leitura da matéria neste blog. Sobre a resenha crítica, não fiz pois a intenção principal é despertar o interesse do leitor em conhecer a obra,por isso fiz o resumo simplificado, sem essa preocupação. Mas agradeço pela sugestão, vou procurar fazer isso nas próximas postagens, mas sempre de forma simples e resumida. Abraço.
ExcluirBonjour je veu acheter le livre que dois-je faire puisque sui en Afrique merci
ResponderExcluirVocê pode acessar o link abaixo, e pedir o livro pela internet. Foi nesse site que adquiri o meu. O preço é bom, e apesar de tratar-se de sebo (livros usados) sempre estão em ótimo estado de conservação. Boa sorte. Eis o link: https://www.estantevirtual.com.br/livros/rachel-de-queiroz/caminho-de-pedras/114886024
ExcluirOlá, boa noite...
ResponderExcluirQueria saber quais são as características da segunda geração modernista na obra...
ResponderExcluirBom dia amigo ou amiga. Apesar de não ser um especialista na área, mas por gostar muito de literatura, acredito que a visão social e política, a influência do realismo e do romantismo, e ainda a realidade social da época, são marcas destacadas e usuais pelos escritores dessa geração e que estão presentes em "O caminho de Pedras" de Rachel de Queiroz.
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