quinta-feira, 15 de agosto de 2013

OS DESORDEIROS SOMOS NÓS?



         


          A revista Veja da semana passada (07.08.2013), edição nº 2333, nas páginas 110 e 112 o escritor João Ubaldo Ribeiro, publicou um artigo interessante sobre os dias atuais que estamos vivenciando em nosso país. Inicialmente, ele comenta que: “é comum que, quando estamos falando mal do Brasil, nos referimos na terceira pessoa tanto ao país quanto ao seu povo. Dizemos que o brasileiro tem tais ou quais defeitos graves, como se nós não fôssemos brasileiros iguais a quaisquer outros. Em relação aos políticos, agimos quase como se se tratasse de marcianos ou de uma espécie diferente da nossa... “Os corruptos são eles”, os que sujam as ruas são “eles”, os funcionários relapsos são “eles” – nunca nós”.

         Mais adiante, prossegue o escritor: “E não somente a violência e a insegurança são maiores entre nós do que geralmente se reconhece. Não está na moda falar em padrões morais e quem se arrisca a mencioná-los é desdenhosamente chamado de moralista. Mas não tem nada de moralista aquele que lembra que o homem é um ser moral. Sem senso moral, o homem é um bicho ou um psicopata. Claro, a nação não perdeu suas referências morais, mas o clima nessa área parece hoje cínico e complacente e não é raro que o apego a algum valor moral seja qualificado como coisa de otário. Recato e pudor parecem ter sumido e o exibicionismo, em mil formas contemporâneas, se manifesta em toda parte. Atos de civilidade, como devolver dinheiro achado, são manchete nos jornais”.

         E prossegue o articulista: O desprezo pela lei e pela moral, a não ser nos raros casos em que a sansão chega com prontidão e eficácia, é a regra entre nós. E essa situação é piorada pela existência das conhecidas leis que não pegam, ou ainda, de leis meio disparatadas, que ninguém acredita que serão observadas com rigor”.

         Continuando seu artigo o escritor cita que: “Há quem sustente que, se o sujeito for pegado por um fiscal do Ibama, matando um caititu no mato é melhor negócio matar o fiscal do que reconhecer o assassinato do caititu. Depois de matar o fiscal, o caçador foge do flagrante, apresenta-se depois à polícia, é réu primário com domicílio conhecido, responde a processo em liberdade e pega aí seus dois aninhos, talvez em regime semiaberto. Já a morte do caititu seria crime inafiançável, cana dura imediata e implacável.

         Ubaldo conclui sua reflexão dizendo: “Não sabemos bem porque somos desordeiros, mas sabemos que somos. E estamos condenados a continuar sendo, quanto não levarmos a sério o desrespeito á lei e mantivermos uma relação afetiva com a malandragem, a esperteza marota e a frouxidão de princípios”.
  
         Pegando a deixa no escritor e em sua matéria chamo o leitor á reflexão a alguns “eventos” ocorridos recentemente e que de tanto vermos essa desordem na nação, ficamos anestesiados como se fosse a coisa mais normal do planeta. Um dos casos é o das chamadas “marcha das vadias”. Com a vinda do Papa Francisco ao nosso país esse grupo de “vadias” como se autodenominam, foram à praça pública, despidas tanto de roupa quanto de pudor e com gestos insanos insinuaram prática de cenas de sexo com objetos sagrados da igreja católica, inclusive esfregando nos órgãos genitais o crucifixo de Cristo, e fizeram isso em nome da tolerância e respeito à diversidade, o aborto, a liberação das drogas, o casamento homossexual, etc. Em outras oportunidades fizeram esse mesmo protesto na calçada da Igreja Católica, onde exibiam um cartaz com a seguinte mensagem: “Tirem seus rosários dos nossos ovários! ”.. Esse mesmo movimento já fizeram na frente de algumas igrejas evangélicas, onde usaram a frase: “Tire sua cruz da minha vagina!”.

         Missas e cultos cristãos estão sendo perturbados semanalmente através dos ativistas que fazem parte desse movimento. Qualquer pessoa que se coloca contra esse comportamento é taxado de fanático, fundamentalista e ultrapassado. Parece que somos obrigados a concordar, jamais discordar.

         Recentemente o pastor e deputado Marco Feliciano, presidente da comissão de direitos humanos, foi provocado em viagem num avião, quando alguns ativistas dançavam e faziam gestos provocantes perturbando não só o político, mas várias outras pessoas que usavam o mesmo vôo. Esse mesmo líder já foi perturbado quando realizava culto em praça pública e até no interior de algumas igrejas. Discordâncias a parte, existem os meios legais para rebater, mas perturbação da forma que vem ocorrendo tem outro nome – “CRIME”. Daí vem a indagação:  Será que as previsões penais abaixo foram revogadas ou ainda estão em vigência em nosso país? 

-Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo
 “O art. 208 do Código Penal que textualmente prevê:
“Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa, impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso, vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso.
Pena detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano,ou multa”.

Ato obsceno
“O art. 233 do Código Penal: “Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.

         Se não foram revogadas, por que as autoridades e a sociedade fecham os olhos e tapam os ouvidos? Como se tudo não passasse de uma cena teatral?.
         Se os pólos fossem invertidos, com toda certeza a imprensa teria dado espaço em toda programação, mas não interessa a elas. Respeito e tolerância é uma coisa. Passividade e conivência são outras.

         Voltando às palavras do grande escritor Ubaldo: “Não está na moda falar em padrões morais e quem se arrisca a mencioná-los é desdenhosamente chamado de moralista". E ele mesmo conclui: “Sem senso moral, o homem é um bicho ou um psicopata”.     

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