Na foto 2, este blogueiro dançando quadrilha com Doraídes e na foto 4 com Lourdinha na festa Junina da praça Nanô Camelo, em junho de 1986 |
Assistindo
recentemente pela TV a programação junina para algumas cidades da região, percebo uma grande diferença entre as festas
atuais e aquelas vividas há poucos anos – não é há séculos, apenas alguns anos, talvez
menos que duas décadas.
Me
recordo que na década de 80 até o finalzinho dos anos 90 durante o mês de junho
existiam em nossa cidade, várias palhoças. Uma delas era na Av. Félix Paes de
Azevedo, conhecida como a rua do Chafariz. Outra ficava na praça da Rodoviária
e era conhecida como a palhoça da família “Pergentino”, que depois passou a ser
administrada pela popular “Manaca”. Outra palhoça ficava na Av. Amélia
Cavalcanti, próximo de onde atualmente é a Colônia Penal Feminina. Essas três
palhoças eram organizadas pelos moradores de cada rua e nelas havia um serviço
de som, sanfoneiro pé de serra e se vendiam além das comidas típicas (milho
assado, cozido, pamonha, canjica, bolo de milho, etc) havia também o famoso
quentão paulista e outras bebidas do tipo, além, é claro de muita cerveja.
Normalmente
esses festejos duravam de de 15
a 20 dias. Era um período de muita amizade, paqueras,
namoros e todo mundo se conhecia, porque a cidade era bem menor que atualmente.
Dificilmente havia uma ocorrência policial nessas festas já que todos se
respeitavam.
Cada
equipe organizava a sua quadrilha e em numa noite designada, havia a disputa na
palhoça principal – a do centro da cidade, para ver qual seria a vencedora. O
que importava não era o título, mas a participação. As músicas eram puramente
nordestinas. Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Jorge de Altinho, Genival Lacerda,
dentre outros. Sentíamos orgulho de sermos nordestinos. Ouvindo essas canções,
o “tilinque” do triângulo e io batuque da zabumba, sentido o cheiro da pólvora
oriundo dos ‘peidos de veia” e dos fogos de artifício que explodiam ali perto,
o busca pé que assoviava rua afora, metendo medo nas crianças, brilhando no
espaço e correndo feito cobra, vindo a desaparecer cinquenta ou cem metros
adiante. Sentíamos a nossa alma mais humana. Não havia espaço para stress ou
coisa do tipo. A alegria pura reinava. As músicas contribuam para isso. Não
eram essas pancadarias de hoje.
Os
casais dançavam coladinhos, jovens, ainda tímidos tentavam conquistar suas
princesas a convidando para um passe no salão todo enfeitado de balão,
bandeiras e coberto de palhas de coqueiros. Vez por outra a timidez era tão
grande que o “cavalheiro pisava o pé da princesa”, mas apenas se entreolhavam sorrindo
e a dança continuava.
No
final da festa, que não era tão tarde como atualmente, o prêmio maior do
príncipe era conseguir levar sua bela adormecida em casa e ganhar um beijo de
despedida e ouvir a confirmação de que amanhã queria dançar com ele novamente.
Hoje tá tudo diferente. A começar pela
música. O pé de serra com tanta declaração de amor foi trocado pelo “bate
estaca’ que vem recheado de palavrões. As pessoas em vez de dançarem, ficam de
braços cruzados de longe apenas assistindo passivamente o artista se
apresentar, e, se naquele tempo haviam mesas e cadeiras para as pessoas
descansarem até recobrar as energias, atualmente tem que permanecer em pé no
meio da rua durante horas, as vezes até o sol clarear.
O QUE AINDA DE
APROVEITA – Mesmo com essas mudanças no modelo das festas populares, diga-se de
passagem não é só no mês de junho, vez por outra os organizadores ainda
contratam alguns artistas de qualidade. A vantagem desse tipo de evento é que
todos tem o mesmo direito de assistir, pois no modelo anterior, quando as
festas eram realizadas em clubes, apenas
os mais “endinheirados” tinham esse privilégio. Hoje o pobre tem o prazer de
assistir Fagner, Zé Ramalho, Gilberto Gil, Santana, Elba Ramalho, Zezé de
Camargo e Luciano, e outros grandes nomes da MPB, no mesmo espaço dos
endinheirados, as vezes até mais próximo dos artistas. Ao menos nesse aspecto a
coisa parece ter melhorado, pois, se assim não fosse, muita gente iria passar
pela vida sem ter o direito de ver esses e outros cantores, a não ser pela TV
ou nas bancas de revistas.
Entretanto, quem viveu aquele tempo, não tão
distante, sente saudades e lembra também que nas festas das palhoças todos eram
iguais, não se pagava para entrar e se o cabra era “bom de pé” e sabia despistar
a timidez, sempre conseguia levar a paquera em casa e ganhar um “xero” de
presente, voltando para casa se sentindo o Dom Juan da noite. Lembro: Apenas se
sentindo, nada mais que isso, mas já era um bom começo. Afinal, toda caminhada começa no primeiro
passo.
Quem tem mais de quarenta anos e não passou por isso levante a mão !.
Ou melhor, como eu não posso ver você levantando a mão, comente essa matéria.
Compartilhe !. Se você ainda está sozinho e não teve tempo de encontrar sua
cara metade quem sabe se nesse são João a “burrinha da felicidade” não vai
parar na porta de sua casa nesse, trazendo na garupa a sua Carolina pra tu
dançar a noite inteirinha com ela numa sala de reboco !.
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