quarta-feira, 12 de junho de 2013

AS PALHOÇAS DE ANTIGAMENTE E FESTAS DE HOJE EM DIA


Na foto 2, este blogueiro dançando quadrilha com Doraídes e na foto 4 com Lourdinha na festa Junina da praça Nanô Camelo, em junho de 1986


         Assistindo recentemente pela TV a programação junina para algumas cidades da região, percebo uma grande diferença entre as festas atuais e aquelas vividas há poucos anos – não é há séculos, apenas alguns anos, talvez menos que duas décadas.

         Me recordo que na década de 80 até o finalzinho dos anos 90 durante o mês de junho existiam em nossa cidade, várias palhoças. Uma delas era na Av. Félix Paes de Azevedo, conhecida como a rua do Chafariz. Outra ficava na praça da Rodoviária e era conhecida como a palhoça da família “Pergentino”, que depois passou a ser administrada pela popular “Manaca”. Outra palhoça ficava na Av. Amélia Cavalcanti, próximo de onde atualmente é a Colônia Penal Feminina. Essas três palhoças eram organizadas pelos moradores de cada rua e nelas havia um serviço de som, sanfoneiro pé de serra e se vendiam além das comidas típicas (milho assado, cozido, pamonha, canjica, bolo de milho, etc) havia também o famoso quentão paulista e outras bebidas do tipo, além, é claro de muita cerveja.

         Normalmente esses festejos duravam de de 15 a 20 dias. Era um período de muita amizade, paqueras, namoros e todo mundo se conhecia, porque a cidade era bem menor que atualmente. Dificilmente havia uma ocorrência policial nessas festas já que todos se respeitavam.

         Cada equipe organizava a sua quadrilha e em numa noite designada, havia a disputa na palhoça principal – a do centro da cidade, para ver qual seria a vencedora. O que importava não era o título, mas a participação. As músicas eram puramente nordestinas. Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Jorge de Altinho, Genival Lacerda, dentre outros. Sentíamos orgulho de sermos nordestinos. Ouvindo essas canções, o “tilinque” do triângulo e io batuque da zabumba, sentido o cheiro da pólvora oriundo dos ‘peidos de veia” e dos fogos de artifício que explodiam ali perto, o busca pé que assoviava rua afora, metendo medo nas crianças, brilhando no espaço e correndo feito cobra, vindo a desaparecer cinquenta ou cem metros adiante. Sentíamos a nossa alma mais humana. Não havia espaço para stress ou coisa do tipo. A alegria pura reinava. As músicas contribuam para isso. Não eram essas pancadarias de hoje.

         Os casais dançavam coladinhos, jovens, ainda tímidos tentavam conquistar suas princesas a convidando para um passe no salão todo enfeitado de balão, bandeiras e coberto de palhas de coqueiros. Vez por outra a timidez era tão grande que o “cavalheiro pisava o pé da princesa”, mas apenas se entreolhavam sorrindo e a dança continuava.

         No final da festa, que não era tão tarde como atualmente, o prêmio maior do príncipe era conseguir levar sua bela adormecida em casa e ganhar um beijo de despedida e ouvir a confirmação de que amanhã queria dançar com ele novamente.

         Hoje tá tudo diferente. A começar pela música. O pé de serra com tanta declaração de amor foi trocado pelo “bate estaca’ que vem recheado de palavrões. As pessoas em vez de dançarem, ficam de braços cruzados de longe apenas assistindo passivamente o artista se apresentar, e, se naquele tempo haviam mesas e cadeiras para as pessoas descansarem até recobrar as energias, atualmente tem que permanecer em pé no meio da rua durante horas, as vezes até o sol clarear.  


O QUE AINDA DE APROVEITA – Mesmo com essas mudanças no modelo das festas populares, diga-se de passagem não é só no mês de junho, vez por outra os organizadores ainda contratam alguns artistas de qualidade. A vantagem desse tipo de evento é que todos tem o mesmo direito de assistir, pois no modelo anterior, quando as festas eram realizadas em clubes,  apenas os mais “endinheirados” tinham esse privilégio. Hoje o pobre tem o prazer de assistir Fagner, Zé Ramalho, Gilberto Gil, Santana, Elba Ramalho, Zezé de Camargo e Luciano, e outros grandes nomes da MPB, no mesmo espaço dos endinheirados, as vezes até mais próximo dos artistas. Ao menos nesse aspecto a coisa parece ter melhorado, pois, se assim não fosse, muita gente iria passar pela vida sem ter o direito de ver esses e outros cantores, a não ser pela TV ou nas bancas de revistas.  

           Entretanto, quem viveu aquele tempo, não tão distante, sente saudades e lembra também que nas festas das palhoças todos eram iguais, não se pagava para entrar e se o cabra era “bom de pé” e sabia despistar a timidez, sempre conseguia levar a paquera em casa e ganhar um “xero” de presente, voltando para casa se sentindo o Dom Juan da noite. Lembro: Apenas se sentindo, nada mais que isso, mas já era um bom começo.  Afinal, toda caminhada começa no primeiro passo.

Quem tem mais de quarenta anos e não passou por isso levante a mão !. Ou melhor, como eu não posso ver você levantando a mão, comente essa matéria. Compartilhe !. Se você ainda está sozinho e não teve tempo de encontrar sua cara metade quem sabe se nesse são João a “burrinha da felicidade” não vai parar na porta de sua casa nesse, trazendo na garupa a sua Carolina pra tu dançar a noite inteirinha com ela numa sala de reboco !.
  

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