quinta-feira, 6 de junho de 2013

AGOSTINHO, O HOMEM E O SANTO




 

            Li no período de 14 a 16 de março vigente a história de Santo Agostinho, obra da coleção “Grandes personalidades de todos os tempos”, da Editora Três, da qual, com dificuldade, faço o seguinte resumo:

         Agostinho nasceu no dia 13 de novembro de 354, na cidade de Tagasta, na Numídia, província romana na África do Norte, região que corresponde a atual Argélia. A vida desse personagem é fascinante por vários motivos. Inicia seus estudos aos sete anos de idade, sob a orientação de um litterator em sua terra natal (Tagasta). Aos 13 anos viaja para Madaura, onde estuda gramática. Em 370, por falta de recursos volta para sua terra natal e passa um ano sem nada fazer, quando no ano seguinte morre seu pai. Agostinho auxiliado por seu parente e amigo Romaniano viaja novamente para Catargo, para continuar os estudos, é quando passa a viver maritalmente com uma mulher pela qual se apaixona. Contava nessa época com 17 anos. No ano seguinte nasce o filho de Agostinho, o qual recebe o nome de Deodato. Quanto à mãe da criança, não se sabe o nome dela, mas segundo narra o livro foi a grande paixão de Agostinho.

         No ano 373 Agostinho descobre a filosofia ao ler o texto de Cícero, intitulado Hortensius e no ano seguinte retorna a Tagasta, sua terra natal onde leciona gramática. É nessa época que converte-se ao maniqueísmo, o que leva sua mãe Mônica a recusar de recebê-lo em casa e o mesmo passa uma temporada na casa do seu amigo e parente Romaniano.  No ano 375 funda uma escola de oratória. Mais adiante, em 384 o prefeito de Roma, Simaco o nomeia professor de retórica em Milão e Agostinho visita Santo Ambrósio, o bispo da cidade.

         No ano 385 sua mãe vai ao seu encontro em Milão, acompanhado por Navígio, irmão de Agostinho. Nesse período sua mãe o convence a separar-se da mulher com quem vivia e a casar-se com outra. Separado, e enquanto esperava pelo casamento, Agostinho passa a viver com outra mulher. Mais adiante, os sermões de Ambrósio o levam a afastar-se do maniqueísmo.

         Em 386 estuda filosofia neoplatônica e descobre as epístolas de Paulo. O padre Simpliciano, com quem se confessa, o põe a par da vida do reitor Mário Vitorino. Nesse período Agostinho descobre a história de Santo Antonio, o eremita e renuncia a mulher, com quem vivia, a noiva e sua escola, passando a dedicar-se exclusivamente a Deus.

         Aos 33 anos de idade, no ano 387 é batizado, por Ambrósio (bispo de Milão), na presença de sua mãe Mônica e do seu filho Adeodato e escreve nesse ano duas obras “De imortalite Anima” e  De musica”. Em seguida volta para sua cidade natal onde vende a herança paterna e distribui o valor entre os pobres, isso no ano de 388. No ano seguinte morre seu filho Adeodato.

         No ano de 396, Agostinho, que não desejava cargos na igreja, é convocado para assumir a vaga deixada pelo bispo Hipona, que veio a falecer. De início recusa o cargo, porém, é convencido de que está se negando “o projeto de Deus” e começa uma nova etapa na vida de Agostinho, que no ano de 413 começa a escrever uma de suas mais importantes obras “A cidade de Deus”. Participa de vários congressos e debates públicos, sempre em defesa da fé cristã e morre em 430, contando com 76 anos.   

         A obra em apreço descreve que Agostinho quando criança considerava sua vida como um inferno: “aos seis anos, por exemplo, esse inferno assumira a forma da escola com suas punições. Por detestar os estudos apanhou muito de seus mestres, que de resto tachou de injustos e perversos”.

          Registra ainda a obra que naquela época, mesmo as famílias cristãs não batizavam seus filhos imediatamente – aguardavam atingirem a idade da razão, desta forma, após o nascimento de Agostinho ele foi marcado com o sinal da cruz e “temperado com o sal divino”, entrando assim na lista dos catecúmenos, costume da época. O batismo viria mais adiante.

         Detestava a leitura, a escrita, os cálculos e principalmente o grego e a aritmética. Preferia brincar a estudar, como qualquer criança.

         Durante a sua juventude desejava “amar e ser amado e encontrava mais doçura quando o ser a quem amava me entregava o seu corpo”. Para ele amor e satisfação sexual não passavam de uma só e mesma coisa. O que lhe interessava realmente era a busca do prazer...” e lastimou o fato de não ter casado cedo.

         Leu muito e logo compreendeu e dominou as ciências mais difíceis. Ele próprio conta que assimilou com facilidade todos os conhecimentos de seu tempo, tendo sido sempre o primeiro aluno entre todos os seus companheiros. 

         Aos 22 anos de idade ensinava os jovens de sua idade, ou mesmo a mais velhos e era por todos considerado o melhor mestre de eloquência de Cartago. Mais do que o perfeito mestre, mais do que um orador arrebatado, mais do que um poeta, que num verdadeiro passe de mágica, desvendava espetacularmente os segredos da poesia - Agostinho era o perfeito amigo, aquele que não entendia a procura da verdade sem a participação primeira, e mais fundamental do que toda sabedoria, do amor.
 
         A conversão de Agostinho não foi uma atitude súbita, processou-se gradativamente como resultado de uma série de impressões e descobertas cada vez mais iluminadoras.  Depois da conversa com Ponticiano, ele não passou da incredulidade à fé, mas simplesmente resolveu por em prática os preceitos da fé. Foi um acontecimento de natureza ética e não propriamente de natureza mística.

         Convertido e exercendo o ministério de bispo, amava seu povo. Falando-se só utilizava palavras de ternura, mesmo quando se tratava de repreensões. Apaziguava suas brigas, era para manter a caridade entre eles. Englobava em seu coração até mesmo os heréticos. Se condenava e refutava suas doutrinas, respeitava profundamente suas pessoas. E Acrescentava: “Que nossos adversários digam tudo o que quiserem contra nós. Continuamos a amá-los”.  Seus discursos eram sempre assim: partia da profunda consciência da miséria humana, inclusive a sua, para a luz da palavra de Deus, descobrir na própria natureza do homem a sua grandeza.

         Para Agostinho, “o recinto da igreja transformava-se numa pequena comunidade democrática em que todos tenham alguma coisa a dizer, a contestar, a reclamar – e como tal eram ouvidos e respeitados”. No entendimento dele, “todo homem quer ser feliz”.

         Conhecia todos os filósofos e os moralistas da antiguidade, mas nunca escondeu sua admiração por Cícero, nem por Platão, que o iniciaram no amor da sabedoria.  Mas foi no Cristianismo que descobriu uma verdade única: “A revelação de um Deus vivo, infinitamente misericordioso, tratando o homem como um pai trata seu filho, como um amigo trata seu amigo, até assumir a natureza do próprio homem e oferecer-lhe em partilha sua própria vida”.   

         Agostinho não ensinava apenas que a graça tinha poder de transformar a vontade humana, mas também que a caridade desempenhava papel importante no cumprimento da lei divina.

         Foi considerado um homem completo: “poeta, orador, psicólogo, filósofo, teólogo, místico, pastor, administrador – tudo isso reunido numa síntese harmoniosa. Primeiro foi pecador, depois santo, a princípio, professor, em seguida pastor; torna-se depois cenobita, dirigente de diocese, poeta, lógico, romântico, tradicionalista, revolucionário, reitor eloqüente e orador das multidões”.

         Concluo destacando outro texto desta obra onde o sábio Agostinho diz: “A verdade não é somente uma coisa que se aprende, mas também um patrimônio de que o homem se deve apropriar. O Cristianismo, ao invés de limitar-se a uma coleção de dogmas, é uma vida que precisa ser vivida integralmente.

         Como se vê, como qualquer ser humano, de carne e osso, no dizer popular, Santo Agostinho teve seu lado natural, chegando até mesmo a se apaixonar, conviver com uma mulher com a qual teve um filho, o que o fez declarar, ainda na fase da juventude que lastimava o fato de não ter casado cedo, declarações que hoje poderiam ser mal compreendidas, contudo, analisando o ser humano por inteiro, não apenas como ser espiritual, podemos concordar plenamente com a sua vida, antes e depois de dedicar-se exclusivamente a igreja, pois faz parte do crescimento humano as várias experiências vividas pelo homem Agostinho, que depois de convertido passou a ser chamado de Santo Agostinho.

         Deixou um legado tão rico de lições e ensinamentos que mesmo depois de dois milênios sua obra continua influenciando as gerações atuais.

         Para os interessados em conhecer mais um pouco desse grande personagem cristão, recomenda-se a leitura da obra “A CIDADE DE DEUS”, de sua autoria.

Frases de Santo Agostinho:

"O orgulho é a fonte de todas as fraquezas, por que é a fonte de todos os vícios" 

"Não fazer coisas boas, é preciso fazê-las bem".

"O supérfluo dos ricos é a necessidade dos pobres" 

"Não é tanto o que fazemos, mas o motivo pelo qual fazemos que determina a bondade ou a malícia".

Uma das mais famosas: "Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam porque me corrompem".

Nenhum comentário:

Postar um comentário