Li no período
de 14 a 16
de março vigente a história de Santo Agostinho, obra da coleção “Grandes personalidades
de todos os tempos”, da Editora Três, da qual, com dificuldade, faço o seguinte
resumo:
Agostinho nasceu no dia 13 de novembro
de 354, na cidade de Tagasta, na Numídia, província romana na África do Norte,
região que corresponde a atual Argélia. A vida desse personagem é fascinante
por vários motivos. Inicia seus estudos aos sete anos de idade, sob a
orientação de um litterator em sua terra natal (Tagasta). Aos 13 anos viaja
para Madaura, onde estuda gramática. Em 370, por falta de recursos volta para
sua terra natal e passa um ano sem nada fazer, quando no ano seguinte morre seu
pai. Agostinho auxiliado por seu parente e amigo Romaniano viaja novamente para
Catargo, para continuar os estudos, é quando passa a viver maritalmente com uma
mulher pela qual se apaixona. Contava nessa época com 17 anos. No ano seguinte
nasce o filho de Agostinho, o qual recebe o nome de Deodato. Quanto à mãe da
criança, não se sabe o nome dela, mas segundo narra o livro foi a grande paixão
de Agostinho.
No
ano 373 Agostinho descobre a filosofia ao ler o texto de Cícero, intitulado Hortensius e no ano seguinte retorna a
Tagasta, sua terra natal onde leciona gramática. É nessa época que converte-se
ao maniqueísmo, o que leva sua mãe Mônica a
recusar de recebê-lo em casa e o mesmo passa uma temporada na casa do seu amigo
e parente Romaniano. No ano 375 funda
uma escola de oratória. Mais adiante, em 384 o prefeito de Roma, Simaco o
nomeia professor de retórica em Milão e Agostinho visita Santo Ambrósio, o
bispo da cidade.
No
ano 385 sua mãe vai ao seu encontro em Milão, acompanhado por Navígio, irmão de
Agostinho. Nesse período sua mãe o convence a separar-se da mulher com quem
vivia e a casar-se com outra. Separado, e enquanto esperava pelo casamento,
Agostinho passa a viver com outra mulher. Mais adiante, os sermões de Ambrósio
o levam a afastar-se do maniqueísmo.
Em
386 estuda filosofia neoplatônica e descobre as epístolas de Paulo. O padre
Simpliciano, com quem se confessa, o põe a par da vida do reitor Mário
Vitorino. Nesse período Agostinho descobre a história de Santo Antonio, o
eremita e renuncia a mulher, com quem vivia, a noiva e sua escola, passando a
dedicar-se exclusivamente a Deus.
Aos
33 anos de idade, no ano 387 é batizado, por Ambrósio (bispo de Milão), na
presença de sua mãe Mônica e do seu filho Adeodato e escreve nesse ano duas
obras “De imortalite Anima” e “De
musica”. Em seguida volta para sua cidade natal onde vende a herança
paterna e distribui o valor entre os pobres, isso no ano de 388. No ano
seguinte morre seu filho Adeodato.
No
ano de 396, Agostinho, que não desejava cargos na igreja, é convocado para
assumir a vaga deixada pelo bispo Hipona, que veio a falecer. De início recusa
o cargo, porém, é convencido de que está se negando “o projeto de Deus” e
começa uma nova etapa na vida de Agostinho, que no ano de 413 começa a escrever
uma de suas mais importantes obras “A cidade de
Deus”. Participa de vários
congressos e debates públicos, sempre em defesa da fé cristã e morre em 430,
contando com 76 anos.
A
obra em apreço descreve que Agostinho quando criança considerava sua vida como
um inferno: “aos seis anos, por exemplo, esse inferno
assumira a forma da escola com suas punições. Por detestar os estudos apanhou
muito de seus mestres, que de resto tachou de injustos e perversos”.
Registra ainda a obra que naquela época, mesmo
as famílias cristãs não batizavam seus filhos imediatamente – aguardavam
atingirem a idade da razão, desta forma, após o nascimento de Agostinho ele foi
marcado com o sinal da cruz e “temperado com o sal divino”, entrando assim na
lista dos catecúmenos, costume da época. O batismo viria mais adiante.
Detestava
a leitura, a escrita, os cálculos e principalmente o grego e a aritmética.
Preferia brincar a estudar, como qualquer criança.
Durante
a sua juventude desejava “amar e ser amado e encontrava mais doçura quando o
ser a quem amava me entregava o seu corpo”. Para ele amor e satisfação sexual
não passavam de uma só e mesma coisa. O que lhe interessava realmente era a
busca do prazer...” e lastimou o fato de não ter casado cedo.
Leu
muito e logo compreendeu e dominou as ciências mais difíceis. Ele próprio conta
que assimilou com facilidade todos os conhecimentos de seu tempo, tendo sido
sempre o primeiro aluno entre todos os seus companheiros.
Aos
22 anos de idade ensinava os jovens de sua idade, ou mesmo a mais velhos e era por todos considerado o melhor mestre de eloquência de
Cartago. Mais do que o perfeito mestre, mais do que um orador
arrebatado, mais do que um poeta, que num verdadeiro passe de mágica,
desvendava espetacularmente os segredos da poesia - Agostinho era o perfeito
amigo, aquele que não entendia a procura da verdade sem a participação
primeira, e mais fundamental do que toda sabedoria, do amor.
A conversão de Agostinho não foi uma atitude súbita,
processou-se gradativamente como resultado de uma série de impressões e
descobertas cada vez mais iluminadoras.
Depois da conversa com Ponticiano, ele não passou da incredulidade à fé,
mas simplesmente resolveu por em prática os preceitos da fé. Foi um
acontecimento de natureza ética e não propriamente de natureza mística.
Convertido
e exercendo o ministério de bispo, amava seu povo. Falando-se só utilizava
palavras de ternura, mesmo quando se tratava de repreensões. Apaziguava suas
brigas, era para manter a caridade entre eles. Englobava em seu coração até
mesmo os heréticos. Se condenava e refutava suas doutrinas, respeitava
profundamente suas pessoas. E Acrescentava: “Que nossos
adversários digam tudo o que quiserem contra nós. Continuamos a amá-los”. Seus discursos eram sempre assim: partia da
profunda consciência da miséria humana, inclusive a sua, para a luz da palavra
de Deus, descobrir na própria natureza do homem a sua grandeza.
Para
Agostinho, “o recinto da igreja transformava-se numa
pequena comunidade democrática em que todos tenham alguma coisa a dizer, a
contestar, a reclamar – e como tal eram ouvidos e respeitados”. No
entendimento dele, “todo homem quer ser feliz”.
Conhecia
todos os filósofos e os moralistas da antiguidade, mas nunca escondeu sua
admiração por Cícero, nem por Platão, que o iniciaram no amor da
sabedoria. Mas foi no Cristianismo que
descobriu uma verdade única: “A revelação de um Deus vivo, infinitamente
misericordioso, tratando o homem como um pai trata seu filho, como um amigo
trata seu amigo, até assumir a natureza do próprio homem e oferecer-lhe em
partilha sua própria vida”.
Agostinho
não ensinava apenas que a graça tinha poder de transformar a vontade humana,
mas também que a caridade desempenhava papel importante no cumprimento da lei
divina.
Foi
considerado um homem completo: “poeta, orador, psicólogo, filósofo, teólogo,
místico, pastor, administrador – tudo isso reunido numa síntese harmoniosa.
Primeiro foi pecador, depois santo, a princípio, professor, em seguida pastor;
torna-se depois cenobita, dirigente de diocese, poeta, lógico, romântico,
tradicionalista, revolucionário, reitor eloqüente e orador das multidões”.
Concluo
destacando outro texto desta obra onde o sábio Agostinho diz: “A verdade não é somente uma coisa que se aprende, mas também
um patrimônio de que o homem se deve apropriar. O Cristianismo, ao invés de
limitar-se a uma coleção de dogmas, é uma vida que precisa ser vivida
integralmente”.
Como
se vê, como qualquer ser humano, de carne e osso, no dizer popular, Santo
Agostinho teve seu lado natural, chegando até mesmo a se apaixonar, conviver
com uma mulher com a qual teve um filho, o que o fez declarar, ainda na fase da
juventude que lastimava o fato de não ter casado cedo, declarações que hoje
poderiam ser mal compreendidas, contudo, analisando o ser humano por inteiro,
não apenas como ser espiritual, podemos concordar plenamente com a sua vida,
antes e depois de dedicar-se exclusivamente a igreja, pois faz parte do
crescimento humano as várias experiências vividas pelo homem Agostinho, que
depois de convertido passou a ser chamado de Santo Agostinho.
Deixou
um legado tão rico de lições e ensinamentos que mesmo depois de dois milênios
sua obra continua influenciando as gerações atuais.
Para
os interessados em conhecer mais um pouco desse grande personagem cristão,
recomenda-se a leitura da obra “A CIDADE DE DEUS”, de sua autoria.
Frases de Santo Agostinho:
"O orgulho é a fonte de todas as fraquezas, por que é a fonte de todos os vícios"
"Não fazer coisas boas, é preciso fazê-las bem".
"O supérfluo dos ricos é a necessidade dos pobres"
"Não é tanto o que fazemos, mas o motivo pelo qual fazemos que determina a bondade ou a malícia".
Uma das mais famosas: "Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam porque me corrompem".
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