sábado, 8 de junho de 2013

A DISTÂNCIA ENTRE A POESIA E A REALIDADE



         Uma música do cantor e compositor Gilson, muito executada nos anos 80 tem um trecho que diz: Eu queria ter na vida simplesmente, um lugar de mato verde pra plantar e pra colher; ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer.”!

         Letra e melodia belas. Ainda hoje quando ouvimos essa canção, nutrimos um sentimento de muita tranquilidade e paz.  Acredito que diante de um mundo tão conturbado como está atualmente, uma música dessa qualidade nos ajuda refletir um pouco mais sobre a correria da vida, por tanto trabalho, tanto lucro, fama, riqueza, e a brevidade da vida.

         Porem, um amigo meu certa vez me confidenciou que cantarolava essa música no seu local de trabalho, trabalho, quando um colega dele lhe alertou:

-Na música é muito bonito. Agora vai tu morar numa casinha dessas, sem energia, sem geladeira, sem fogão a gás, sem computador com internet, lá nas brenhas e vê se tua mulher vai concordar e se sentir feliz como diz na música!”.

         Com esse alerta, disse meu amigo, que ficou como aqueles bonecos de desenho animado, parou e raciocinou na letra:

Tenho andado tão sozinho ultimamente, que não vejo à minha frente nada que me dê prazer. Sinto cada vez mais longe a felicidade vendo em minha mocidade tanto sonho perecer....”.

Aí meu amigo concluiu:
- Esse cara sou eu. E prosseguiu: Ultimamente estou trabalhando tanto que não tenho tempo pra nada. Há mais de ano não viajo com minha esposa ou com meus filhos. Não tenho mais tempo pra uma peladinha com meus amigos, nunca mais parei em casa para assistir um bom filme com minha família. Caramba!.

         Daí, lembrou-se de um sítio que seus pais possuem numa cidade vizinha, no qual existem muitas árvores, frutas e um pequeno barreiro. Assim, teve a ideia de convidar a esposa para aproveitarem um feriadão de 4 dias e viajarem com os três filhos para aquele “paraíso”.

         Feito o convite, a resposta da amada não foi das melhores:

- Naquelas brenhas, nem mesmo um só dia, quanto mais quatro. Se quiser vá só, comigo não!. Daqui de onde a gente mora, só se for pra outro lugar maior, sítio, Deus me livre !

         Foi quando meu amigo lembrou do que havia dito o seu colega de trabalho e viu que ele tinha razão. A música é muito bonita. A letra, nota dez, melodia nota mil. Agora só em novela ou filme, na prática, meu amigo a coisa é bem, diferente.  

         Na vida real, Belchior já alertou: “Mas não se preocupe meu amigo com os horrores que eu lhe digo, isso é somente uma canção, a vida realmente é diferente, quer dizer, ao vivo é muito pior !”.

         Foi aí que meu amigo resolveu mudar de rota, seguindo a “sugestão” de sua esposa, para não dormir no sofá, e, em vez de um passeio no sítio viajou para a capital, com destino a uma praia. Para não se dar por vencido viajou de ida e volta ouvindo aquela bela canção, e até cantarolando:

Eu queria ter na vida simplesmente, um lugar de mato verde pra plantar e pra colher; ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer.”

         Ao retornarem ao lar o gatão percebeu que quando o camarada é casado não tem essa de decidir sozinho como ele fazia antes, a decisão tem que ser em conversa, em diálogo para que a decisão seja do casal, como é o caso dele, que sempre depois de um bom diálogo a decisão é sempre do marmanjo, desde que a resposta seja “sim senhora !”.

         Mas que o passeio foi bom não tenho dúvida, o amigo me confidenciou que foi como a segunda lua de mel e ainda de quebra, decorou a “casinha branca” para nunca mais esquecer que quem manda em casa quase sempre é a mulher.


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