Uma
música do cantor e compositor Gilson, muito executada nos anos 80 tem um trecho
que diz: “Eu
queria ter na vida simplesmente, um lugar de mato verde pra plantar e pra
colher; ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o
sol nascer.”!
Letra
e melodia belas. Ainda hoje quando ouvimos essa canção, nutrimos um sentimento
de muita tranquilidade e paz. Acredito
que diante de um mundo tão conturbado como está atualmente, uma música dessa
qualidade nos ajuda refletir um pouco mais sobre a correria da vida, por tanto
trabalho, tanto lucro, fama, riqueza, e a brevidade da vida.
Porem,
um amigo meu certa vez me confidenciou que cantarolava essa música no seu local
de trabalho, trabalho, quando um colega dele lhe alertou:
-Na música é
muito bonito. Agora vai tu morar numa casinha dessas, sem energia, sem
geladeira, sem fogão a gás, sem computador com internet, lá nas brenhas e vê se
tua mulher vai concordar e se sentir feliz como diz na música!”.
Com
esse alerta, disse meu amigo, que ficou como aqueles bonecos de desenho animado,
parou e raciocinou na letra:
“Tenho andado
tão sozinho ultimamente, que não vejo à minha frente nada que me dê prazer. Sinto
cada vez mais longe a felicidade vendo em minha mocidade tanto sonho perecer....”.
Aí meu amigo
concluiu:
- Esse cara
sou eu. E prosseguiu: Ultimamente estou trabalhando tanto que não tenho tempo
pra nada. Há mais de ano não viajo com minha esposa ou com meus filhos. Não
tenho mais tempo pra uma peladinha com meus amigos, nunca mais parei em casa
para assistir um bom filme com minha família. Caramba!.
Daí,
lembrou-se de um sítio que seus pais possuem numa cidade vizinha, no qual
existem muitas árvores, frutas e um pequeno barreiro. Assim, teve a ideia de
convidar a esposa para aproveitarem um feriadão de 4 dias e viajarem com os
três filhos para aquele “paraíso”.
Feito
o convite, a resposta da amada não foi das melhores:
- Naquelas
brenhas, nem mesmo um só dia, quanto mais quatro. Se quiser vá só, comigo não!.
Daqui de onde a gente mora, só se for pra outro lugar maior, sítio, Deus me livre
!
Foi quando meu amigo lembrou do que
havia dito o seu colega de trabalho e viu que ele tinha razão. A música é muito
bonita. A letra, nota dez, melodia nota mil. Agora só em novela ou filme, na prática,
meu amigo a coisa é bem, diferente.
Na
vida real, Belchior já alertou: “Mas não se preocupe meu amigo com os horrores que
eu lhe digo, isso é somente uma canção, a vida realmente é diferente, quer
dizer, ao vivo é muito pior !”.
Foi
aí que meu amigo resolveu mudar de rota, seguindo a “sugestão” de sua esposa, para
não dormir no sofá, e, em vez de um passeio no sítio viajou para a capital, com
destino a uma praia. Para não se dar por vencido viajou de ida e volta ouvindo
aquela bela canção, e até cantarolando:
“Eu queria ter na vida
simplesmente, um lugar de mato verde pra plantar e pra colher; ter uma casinha
branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer.”
Ao
retornarem ao lar o gatão percebeu que quando o camarada é casado não tem essa
de decidir sozinho como ele fazia antes, a decisão tem que ser em conversa, em
diálogo para que a decisão seja do casal, como é o caso dele, que sempre depois
de um bom diálogo a decisão é sempre do marmanjo, desde que a resposta seja “sim
senhora !”.
Mas
que o passeio foi bom não tenho dúvida, o amigo me confidenciou que foi como a
segunda lua de mel e ainda de quebra, decorou a “casinha branca” para nunca
mais esquecer que quem manda em casa quase sempre é a mulher.
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