segunda-feira, 7 de setembro de 2020

RELEMBRANDO OS "VELHOS SETE DE SETEMBRO"

 


                         Hoje, 07 de setembro de 2020, quando comemoramos 198 anos de independência do nosso pais, publico nesta página virtual um texto do meu livro “As Janelas do Sobrado”, onde faço comentários sobre assa linda festividade, como era vivenciada nas décadas de 60 a 80.Eis o conteúdo no livro:

                        "As escolas maiores da cidade, como ainda hoje, eram a Vigário João Inácio e a Duque de Caxias, que também foi denominada de José Modesto. Era uma verdadeira disputa entre os dois educandários. Existia também o Externado São Félix de Cantalice, que era mais conhecido como “Colégio das Freiras”, onde tive o privilégio de estudar alguns anos, sob a coordenação das freiras Irmãs Leônia e Gertrudes. Esta última, ainda hoje residente neste município, na casa antes administrada pelo Padre José Kherly.

                         No início do mês de agosto até o dia 06 de setembro aconteciam os grandes ensaios para o desfile da independência do Brasil. A banda ía na frente e aquela grande fila, como diria Gilberto Gil, “parecendo uma cobra se arrastando pelo chão”, se espalhava pelas ruas principais da cidade, vigiada pelos professores e alguns orientadores militares.

                       O dia da independência era marcado por profundas emoções. Últimos preparos para os desfiles; as costureiras enlouquecidas para dar conta das fardas encomendadas e muita ansiedade para ver o maior desfile do ano. Era comum a disputa entre as escolas ser mais acirrada nesse dia. Existiam outras escolas, mas as mais disputadas eram Duque de Caxias e Vigário João  Inácio, as maiores da época. Quem afinal era o campeão dos desfiles? Cada um divulgava no dia seguinte que a sua. Nunca soube de fato quem foi realmente a vencedora. Uma coisa eu sei. Campeão foi o povo, que assistiu as mais belas apresentações cívicas que Buíque já viu. Na época, eu não entendia porque tanta disputa entre as escolas. Era criança e não conhecia a maldade dos adultos. Só depois de muitos anos percebi que aquela guerra acirrada era motivada pela politicagem que infelizmente está “infiltrada” em todos os segmentos da sociedade.

                         Ressalto que apesar de me referir à guerra, na verdade eram apenas algumas provocações, insultos e piadas de mau gosto que eram trocados entre os “mais velhos” da época, normalmente de grupos políticos rivais.

                          Eu estudava na Escola São Felix de Cantalice, mais conhecida como “Colégio das Freiras”, onde hoje é a fábrica de queijo de Luis de Quincó. Lembro-me de uma manhã de ensaio, quando Cabo Mariano dava instrução para a gurizada: “um, dois... um dois...; Direita volver. Esquerda volver. Descansando!” Alguns não acertavam e ele pegava na mão direita do desatencioso e colocava no ombro do colega da frente e o desfile continuava.

                            Na escola cantávamos o Hino Nacional e o de Pernambuco e nunca entrávamos na classe sem antes rezar um “Pai Nosso e uma Ave-Maria”. Vez por outra assistíamos o hasteamento da bandeira nacional e ai de quem não se comportasse! ".

                                                                                             Páginas 62-63

 

                         Complementando a matéria recordo que era muito comum nesses desfiles as representações com carro alegórico. Uma delas que me chamou muito a atenção foi a de Tiradentes. O personagem (que salvo engano foi representado pelo jovem da época, Zé Alves, filho de Antonio Mariquita), vestido o com um uma beca branca, mãos amarradas e uma forca acima do seu pescoço e os verdugos, responsáveis pela execução, todos vestidos a caráter, davam a impressão de ser uma cena real. O caminhão com esses personagens percorria as ruas principais da cidade dando um brilho especial aos desfiles cívicos.

                     Encenações da independência do Brasil, a libertação dos escravos, a família real, homenagens a Luiz Gonzaga, os retirantes do sertão, etc. foram cenas que marcaram a sociedade buiquense, sem contar com as filas intermináveis de estudantes desfilando, já que na época era obrigatório. Os trajes mais usados eram calça azul ou preta, camisa branca e o popular sapato Conga. Era um orgulho e uma satisfação para os pais descerem ao centro da cidade para ver seus filhos desfilando ou tocando na banda marcial.

                      Com a mudança do governo militar para o civil, deixou de ser obrigatório o desfile dos alunos, e, de fato seria difícil na atualidade essa obrigação, até porque aumentou o números de escolas – consequentemente de alunos, e uma tarde não seria suficiente para assistir aos desfiles nos moldes antigos, por isso atualmente apenas a banda de cada escola e um pequeno grupo de alunos desfilam representando seu educandário, no entanto o brilho, a beleza e as emoções continuam do mesmo jeito, trazendo momentos de encantamento aos nossos corações.

                       Este ano não aconteceram os desfiles por causa da pandemia do covid-19 mas, esperamos que no ano vindouro tudo volte ao normal para que nossa juventude mostre mais uma vez o seu encanto e sua beleza.         

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Abaixo algumas fotos cedidas pelo Museu municipal, pelo saudoso Cândido Leite e pelo professor Blésman Modesto, referentes a desfiles ocorridos na décadas de 50 a 80.

 

Seria muito bom identificar os personagens mas fica difícil por causa do tempo. Das fotos da década de 80 eu até consigo identificar alguns, mas com relação às demais, por não ser de minha época não é possível tal identificação. 

 

                                                       Foto década de 70 - cedida pelo Museu Municipal

 

                                                Abaixo Banda Municipal de Buíque. Época do prefeito João Godoy
 

 
Fotos acima e abaixo -  Ano 1951 cedidas pelo saudoso Cândido Leite

 
Foto cedida pelo Museu municipal - Ano 1951

                                              Foto cedida pelo professor Blésman Modesto. Década de 80

Foto da década de 80 cedida por Blésman Modesto

                                     Foto cedida pelo professor Blésman Modesto. Década de 80
 

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