Reza
o adágio popular que futebol, política e religião não se discute. Em parte,
esse ditágio tem um pouco de verdade. Não que esses temas, por si só não sejam
discutíveis, entretanto, a depender dos personagens que dialogam, realmente não
há como debater temas tão apaixonantes, sobre os quais seus interlocutores
esquecem tudo que é razão e só enxergam o que lhes interessam.
Em
se falando em futebol, uma das maiores paixões do país, quem torce por determinado
clube não tem o mínimo interesse em ouvir qualquer questionamento que venha
contrariar seu time de coração. Afinal o seu é sempre o melhor em todas as
situações. Se perde, foi porque o juiz roubou.
Se ganha alguns jogos mas não chega a final foi porque o outro clube foi
beneficiado de alguma fraude por parte do árbitro. Mesmo que seu clube nunca
tenha ganhado sequer um campeonato, é sempre o melhor. É como um jovem casal
apaixonado, que só tem os olhos para o seu parceiro. Não adianta argumento,
conselho de pais amigos ou quem quer que seja. É mas do que uma paixão. É um
êxtase.
Se
o assunto é religião, aí vem outras agravantes. Até porque entra o "transcendental", que não admite discussão. É crer ou não crer. Questão de fé.... A minha é e única certa.
Ninguém se salva se não for da minha igreja, da minha fé, do meu grupo. O mais
curioso é que mesmo professando a mesma fé, o mesmo Deus, o mesmo livro
sagrado, só o fato de pertencer a uma agremiação diferente já é o suficiente
para uns “condenar” e dar o veredicto final aos outros. Está perdido!. Morreu
sem salvação! Mais
severo que o poder judiciário, porque este ainda concede o direito de recorrer
da sentença do juiz para outra instância superior, porém, a sentença que muitos
proferem não dar direito a recurso nenhum. Já está transitada em julgado sem
nenhuma misericórdia. Enquanto o próprio Jesus adverte: “Não julgueis para não
serdes julgados”. Só Ele é Juiz de todos.
É
correto também afirmar que boa parte de membros desses grupos não comunga com
essa prática, mas não são poucos os que se intitulam “donos da verdade” que
mais parecem “Os empresários de Jesus”, como certa feita cantou Nelson Ned. E
isso sem adentrar em outras religiões, que de alguma forma também se intitulam
a mais pura, mais correta e verdadeira, embora esteja, cada uma, a seu modo,
procurando ajudar a humanidade, de alguma forma contribuindo com esse papel tão importante na vida humana atualmente tão apegada ao materialismo e carente de algo espiritual.
Nesse
assunto sempre gostei de viver humildemente a minha fé cristã, compreendendo
todos os grupos, respeitando aqueles que professam caminhos diferentes e
procurando fazer o possível para, como amigos, ter comunhão, compreensão e
respeitar a todos, mesmo discordando em alguns pontos de vista. Entretanto,
compreendo que esse é outro tema de difícil diálogo, porque as pessoas não
estão abertas ao diálogo, aos argumentos. Creio até que esse comportamento
interessa a muitos líderes porque fica mais fácil “conduzir seu rebanho”.
Outro
assunto dos mais graves é a política. Esse é o pior deles, porque é onde reside
os mais escusos interesses, capaz de cegar qualquer argumento, por mais real
que seja. Não interessa quem é mais capaz, mais honesto ou tem o melhor plano
de governo. Na verdade é um verdadeiro campo minado onde estão presentes
mortes, traições, atentados, intrigas, calúnias, ameaças, tudo em nome de poder
aparente e passageiro. Certa
feita indaguei a um líder político: a ingratidão é um comportamento que fere a
alma humana. Na política existe isso?. Sua resposta foi taxativa: Na política a
ingratidão deita e rola solta.
Por
isso nunca foi apaixonado por essa seara, nunca me interessei em subir em
palanque, colocar adesivos em meu carro nem nas paredes de minha casa. Entretanto, reconheço, existem pessoas sérias
e comprometidas em todos esses segmentos sociais (futebol, religião e política),
que estão presentes em nosso cotidiano. Homens e mulheres de bem, que com suas
lutas, seus exemplos e suas vidas, nos exortam, nos orientam, divertem e nos ajudam
nos degraus da vida.
A recomendação é procurar viver respeitando os
contrários e de alguma forma tentando suavizar as guerras da vida. Afinal, para qualquer pessoa equilibrada e sensata, qualquer assunto pode ser discutido ou debatido, inclusive os aqui citados, desde que o objeto da discussão não seja humilhar o oponente ou impor suas verdades, até porque enquanto seres humanos, vivemos todos num mesmo planeta e precisamos viver sempre em harmonia uns com os outros.
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