A SECA NA MINHA TERRA
(2012 -2013)
Paulo Tarciso
Vou descrever
aos amigos
Com tristeza e
desencanto
A seca que
hoje reina
No nordeste em
todo canto
Deixando a
grama queimada
E até o gado
anda manco.
O sol parece
uma brasa
O céu azul a
brilhar
A terra queima
igual fogo
Barreiros e
rios a secar
Até cacimbas
antigas
Já deixaram de
minar.
Nos jardins
murcharam as flores
Estradas gado
em caveira
No rosto do
nordestino
Só se percebe
a canseira
A dor é grande
em sua fala
Em vez da água
é poeira.
O milho antes plantado
Não mesa não
mais se vê
Feijão de
corda e a fruta
Telhado está a
ferver
As vezes um
redemoinho
Muda a
paisagem do ipê.
Um amigo me
contou
E sei que foi
com verdade
Que lá em
Arapiraca.
Foi uma
infelicidade
Um fazendeiro
que havia
Partiu
deixando saudade.
Mais de 200
cabeças
De gado ele
possuía
Vendo elas se
acabando
Uivando na
agonia
Sem ter água
nem comida
Fez tudo que
ele podia.
Se vendo sem
solução
No carro o
gado levou
Pr’um amigo em
Amazonas
E quando de lá
voltou
Deu um tiro na
cabeça
E a própria
vida tirou.
Outro caso foi
aqui
E foi no
sábado na feira
Um pobre homem
aqui vinha
Com a sua
companheira
Trazia cinco
cabritos
Para apurar
uma asneira.
Não teve quem
lhe comprasse
Nem um
carneiro sequer
Pois todos
estavam magros
Só via couro e
o pé
Ele amarrou os
bichinhos
E foi embora
sem fé.
Quando foi se
despedindo
Os animais
amarrou
Numa cerca lá
do pátio
E ainda
acarinhou
O carneiro que
deixava
E suas
lágrimas enxugou.
Deixou para
quem quisesse
Sem pagar
nenhum tostão
Voltou com a
companheira
Na mais triste
solidão
Com uma sacola
nas costas
Só arroz e
pouco pão.
A barragem da
Compesa
Que a cidade
abastecia
Ficou seca
igual deserto
Só o barro é
que se via
Até os pipas
tiraram
Pra aumentar a
agonia.
Mesmo assim a
conta vem
Todos os meses
a cobrar
Os canos
enferrujados
Não tem mais
água a jorrar
E o povo só
reclamando
Alguns a conta
a rasgar.
Nos tempos da
eleição
Só via os
pipas passar
Se um
candidato botasse
Querendo os
votos ganhar
Logo o outro
concorrente
Chegava pra
disputar.
Botava outro
caminhão
Com água boa e
de graça
Até os
vereadores
Levavam os
carros à praça
E água vinha
pra todos
Além da água,
a cachaça.
Mas passada a
eleição
Se vendo agora
eleitos
Não tem nem
uma carroça
Depois de
passado o pleito
Quem quiser
água que compre
Agora não tem
mais jeito.
A lagoa lá da
Cruz
Em pouco tempo
secou
Até o lago do
clube
A seca não
suportou
Nem mesmos
peixes escaparam
Só a lembrança
ficou.
Uma cena mui
comum
É caminhões a
passar
Na rua
vendendo água
E preço só a
aumentar
E ninguém vê
providência
O povo só a
esperar.
Eu tenho uma
cacimba
Que serve pra
minha casa
Mas também
para os visinhos
É pouco e não
cobro nada
Não faço disso
comércio
Pois não sou
dono de nada.
A água é Deus
quem manda
E meu emprego
já tenho
Entendo quem
vive disso
É seu emprego
e engenho
Mas se
aproveitar da seca
É coisa que
não convém.
Se eu tivesse
espaço
Um poço ia
cavar
Dar água pra
quem quisesse
Sem ser
preciso pagar
Mas tem ricos
se aproveitando
Mas Deus do
céu vai olhar.
Sei que a seca
sempre existe
No nordeste já
faz tempo
Mas sofrer por
causa disso
Interessa quem
ta dentro
De quem está
no comando
Do governo o
instrumento.
Se eles se
interessassem
Vários poços
construíam
Chafarizes em
cada vila
Mas isso o
povo não viu
Pois o pipa
rende voto
Como o fogo no
pavio.
É a industria
da seca
Que aqui é
muito antiga
Não interessa
o fim dela
E quanto maior
a fila
De gente
clamando: “Água”
Mas eles
enchem a barriga.
Quando assisto
na TV
Os notícias
que nos dão
É que inda tem
cinco anos
Dessa seca no
sertão
Dizem assim os
cientistas
Nos estudos
que lhes dão.
Sei que eles
se baseiam
Nos estudos
que detém
Nos satélites
lá do alto
Mas eu sei que
existe alguém
Que pode mudar
o quadro
Sem pedir
ordem a ninguém.
Mas sei que
Deus vai olhar
Pra nossa
situação
Mandar água
logo em breve
Trazer água e
até trovão
Para que o
povo entenda
O mundo está
em sua mão.
Quando o sol
está nascendo
Ouço no rádio
a canção
Asa Branca do
Gonzaga
Galinha
ciscando o chão
Gado berrando
de sede
Pulsa forte o
coração.
Voa baixo o
urubu
Busca
alimentação
Que por sinal
tem de sobra
Mas não lhe
dar congestão
Mau cheiro de
animal morto
Está em toda
região.
Vemos agora em
passeio
Pelas ruas da
cidade
Vaca, touro e
até carneiro
Na mais pura
liberdade
Espalhando
lixo e fezes
Por toda
comunidade.
Lagartixa
pelas pedras
Vez por outra
a correr
O bode magro
espirrando
O bem-te-vi
nem se vê
Coruja canta
de noite
Só aumentando
o sofrer.
Como dizia o
poeta:
Não deixo o
meu cariri
Enquanto tenho
esperança
Não quero sair
daqui
O nordestino
tem fé
Eu sei que
Deus vai ouvir.
Fé nordestina
é forte
Agüenta calor
e frio
Mas nunca
perde a esperança
Por isso em
Deus eu confio
Outras secas
já vieram
E Ele nos
acudiu.
Seja com seca
ou enchente
Daqui não
quero correr
Não pego o pau
de arara
Pra ir ao sul
só sofrer
Vou continuar
esperando
Breve aqui vai
chover.
Escrito em
21.03.2013
Paulo Tarciso
Freire de Almeida
Buíque - PE
Nossaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
ResponderExcluirE muito grande
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