sábado, 28 de outubro de 2023

UM DESCANSO MERECIDO, PARA UM SERVIDOR AGUERRIDO

 


           No dia de ontem, por volta das 13h, no Fórum Dr. João Roma, Buíque-PE aconteceu uma festa de confraternização pela aposentadoria do colega oficial e Justiça JOSÉ BEZERRA DOS SANTOS, também conhecido como ZÉ SIQUEIRA.

       Bezerra completou quarenta anos de serviços prestados ao Poder Judiciário de Pernambuco, tendo em vista que iniciou suas atividades na função de oficial de justiça ad-hoc, ou seja, sem ser submetido ao concurso público, o que só veio a acontecer aproximadamente cinco anos depois.

            Aprovado em concurso público assumiu de fato e de direito, vindo a concluir o seu tempo para aposentadoria no presente mês de outubro, quando deu entrada no respectivo pedido, que veio a ser deferido no dia 13 do coerente mês, sendo publicado o ato no Diário Oficial da Justiça.

         Zé Bezerra foi um servidor que “honrou a casa” durante seus quarenta anos de serviços prestados. Pontual, zeloso, compreensivo e acima de tudo, um ser humano de ótimo relacionamento, tanto com relação aos seus chefes, quanto com os demais colegas.

         Habilidoso em muitas atividades, foi um grande profissional no sentido de fazer a popular “cubação de terra”, ou seja, medir áreas de terrenos rurais, seja de pequena ou de grande extensão.

            Outro destaque de Bezerra são suas brincadeiras, sempre respeitosas, no entanto engraçadas.

          Um acontecimento que ele sempre lembra foi que certa vez viajamos eu, ele, o juiz e Direito da época e um motorista da prefeitura de Buíque, com destino ao Tribunal de Justiça, em Recife. Saímos daqui por volta das cinco horas da manhã, chegando lá por volta da 8:30h. Um dos motivos da viagem era que o Juiz de Direito teria uma audiência com o Desembargador Presidente, enquanto nós auxiliares além de resolver algumas situações junto ao Departamento de pessoal fomos pegar material de expediente, já que naquela época a entrega não era feita pelos correios.

              Em Recife o sol estava quente igual a um forno.

         Chegada a hora do almoço nós quatro (eu, Zé Bezerra, o Dr. Juiz de Direito e o motorista da prefeitura) fomos a um grande restaurante chinês, que ficava próximo ao Tribunal de Justiça para almoçar. Cerca de duzentas cadeiras espalhadas em diversas mesas. Gente por todo lado, nas filas se servindo e passando pela balança para pesar e efetuar o pagamento do almoço.

           Zé Bezerra se atrasou e ficou o “rabo da gata” enquanto nós três estávamos bem servidos no restaurante, nos alimentando e sentindo a ausência do colega.

           De repente vimos que um garçon pegou o prato do nosso amigo e levou do lugar onde estava para uma mesa mais distante, perto de uma janela.

       Como não sabíamos o que estava ocorrendo, imaginamos que poderia ter sido que o colega havia esquecido de passar pela balança, ou mesmo deixado de efetuar o pagamento, por pensar que esse seria feito depois de almoçar. Mesmo assim pensamos: Zé ´Bezerra já é crescido e sabe se virar.

          Assim terminamos de almoçar e ficamos esperando nosso amigo concluir a sua refeição. Quando ele terminou veio para a nossa mesa.  Foi aí que perguntamos: “E aí José, o que estava acontecendo com aquele garçon? Ao que ele respondeu:

-O homem quando viu o meu prato, com quase um quilo e meio de comida, me tirou do lugar onde eu estava e disse: "Meu filho. Deus te proteja com tanto apetite, mas me acompanhe que eu vou lhe levar para um lugar mais “ventiloso”, pois se ficar ai o senhor corre o risco de desmaiar". E aí deu aquela gargalhada gostosa que todo nordestino de interior sabe dar nessas ocasiões.

         Nessa época nosso amigo era conhecido por “gostar de comer demais”. Quando havia almoço no fórum, ele sempre deixava por último, para pegar todo o resto que sobrava nas panelas e colocar tudo numa vasilha das grandes que havia na cozinha, e ainda comia meia lata de doce de lata, fosse de banana ou de goiaba.

         Outro comportamento de Bezerra era de nunca deixar um mandado ou uma atividade de sua função atrasar. Sempre foi muito pontual e amava sua profissão, tanto que só se aposentou porque recebeu a recomendação de um dos servidores do departamento de pessoal do Tribunal de Justiça, que lhe avisou que se deixasse para se aposentar depois dos 75 anos iria ter perda financeira.

                Por esse motivo requereu sua aposentadoria, que foi  deferida, e na tarde de hoje aconteceu sua “despedida” no Fórum, com muitos abraços, mensagens dos colegas e até lágrimas, diante das fortes emoções que sempre acontecem em momentos como esses.

           Na minha mensagem ao colega, relembrei alguns momentos que marcaram sua passagem pelo fórum nesses quarenta anos, pois iniciei minhas atividades naquela instituição praticamente junto com ele,  que hoje se despede e encerrei minhas palavras cantando a canção “Tocando em frente”, de Almir Satter.  

            A seguir o Dr. Fábio Bezerra, advogado, filho do oficial homenageado fez uso da palavra, muito emocionado e disse da satisfação de ter em seu genitor um exemplo de profissional e ser humano. Um exemplo a ser seguido. 

           Depois dos cumprimentos de todos os colegas a Doutora Juíza, de Direito, Diretora do fórum entregou uma placa de aço com a seguinte mensagem: 

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“Ter você como colega de trabalho foi uma experiência maravilhosa. Obrigado pelo companheirismo e amizade.

                          Seus amigos de jornada

                          Fórum Dr. João Roma

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                Encerro esta mensagem com uma frase muito bonita escrita por  “Antoine de Saint – Exupery, em sua obra “O Pequeno Príncipe”:  

            Felicidades José Bezerra, nessa nova etapa de vida que começa agora. Paz, saúde e harmonia., e, como você mesmo disse: Nossa amizade permanece por toda a vida. 


                    Abaixo, algumas fotos da confraternização:

 

Família do oficial José Bezerra

 

                                Os amigos e colegas de trabalho

                            José Bezerra e Ângela Barros

  

                         Zé Bezerra e Áurea Gomes

                           José Bezerra e Márcia Marina
 
                               
José Bezerra e Maria Verônica

 

           José Bezerra e Ermita Pereira

 

                             José Bezerra e esposa Fátima Barbosa

                           Paulo Tarciso, saudando os colegas

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