Na manhã de hoje (02-04-2020), vasculhando meus pertences, encontrei
dentro de um livro, uma folha datilografada, na época que trabalha no cartório
do velho Xéu. Nessa folha escrevi um sonho que tive na madrugada de 27 de maio
de 1987. Como achei interessante aquela experiência resolvi registrar numa
folha, e agora, passados 32
anos e 11 meses, publico neste site cultural, para aqueles que apreciam a arte de sonhar,
lembrando que o sonho foi verdadeiro e que naquela época contava com
apenas 23 anos de idade, morava sozinho na casa que e vizinha de D. Cóca de
Maria Joaquina. Doce lembrança. Eis o sonho:
“O SONHO”
Fui para a cama exausto pelo cansaço de
mais um dia de trabalho. Todo meu corpo reclamava e pedia descanso, pois havia
trabalhado muito nos últimos dias. Não demorou muito para que eu adormecesse, e
para suavizar o meu cansaço, sonhei. Se foi só um sonho ou algo fora da
realidade não importa. De uma coisa tenho certeza, foi um sonho que todos desejariam
passar da utopia para a realidade....
Era bem cedinho. A chuva caia
fortemente em toda a cidade. O vento soprava tão valente que causava medo na
população daquela pequena cidade, na qual eu não conhecia ninguém, aliás, nem
sabia como havia chegado ali. Só que em meio àquela chuva e ventos, alguém
bateu à porta .Era uma criança que eu não conhecia, me chamando para dar uma
olhada na cidade. De início tive receio, mas acabei aceitando o convite.
Segurei na sua mão e saímos a passear pelas ruas e avenidas daquela pequena e
bonita cidade.
A
chuva havia cessado e o sol começava a soltar seus raios por trás dos montes,
enquanto a criança me conduzia a um campo coberto muitas flores, das mais
diversas cores e perfumes. Borboletas e pássaros festejavam a natureza,
bailando e visitando cada botão que desabrochava naquele bonito jardim,
enquanto meu coração explodia de emoção. Aquele forte sentimento vinha de
dentro do meu mais profundo ser. Até o ar que eu respirava era mais leve. Um
verdadeiro paraíso.
De
repente aquele pequeno ser me conduziu à uma praça, onde havia um parque de
diversões, com centenas de crianças entoando uma canção de melodia não muito
estranha, me dando boas vindas.
- Venha! Disse uma criancinha, em companhia de um pequeno grupo, que saia
pelas ruas da cidade mais parecida com
um paraíso terreno.
As
pessoas se abraçavam, cantavam e sorriam, demonstrando imensa felicidade.
- Venham, venham ver a guerra! Gritou outra criança, que pegou em minha
mão e me conduziu em um grande campo, onde tanques, aviões e armas estavam
sendo preparados para entrar em ação. Mas aquele pequeno ser me dizia para não
temer, pois tudo ia acabar bem.
Instantes
depois as ruas estavam repletas de gente e para surpresa minha, a guerra teve início,
só que era uma guerra diferente. As armas que abastecia os tanques eram flores.
Cada soldado trazia nas mãos grande ramalhetes de rosas e bolsas plásticas cheias
de balas de chocolate para todos os presentes. Carrinhos de algodão doce e
pipoca se espalhavam pela cidade, milhares de balões invadiam os céu azul,
subindo e colorindo o universo. Enquanto isso, uma grande orquestra filarmônica
executava as mais lindas canções que os ouvidos humanos jamais escutaram. A
felicidade reinava em todo lugar.
Em
outra avenida, na calçada de um colégio, um jovem de barba e óculos
arredondados tocava violão e cantava uma canção falando de paz e harmonia,
acompanhado de três amigos. Os quatro usavam trajes de uma famosa banda
inglesa.
Um
senhor de meia idade, trajando botas, paletó e chapéu, calças sustentadas por
um suspensório, oferecia sua bengala para auxiliar um velhinho atravessar a
rua, enquanto o grande herói das crianças, Tarzan caminhava livremente pelas
ruas da cidade, carregando no ombro o sua amiga de aventuras, a macaca
Chita.
Mais
adiante pais e filhos se abraçavam, enquanto a população dava liberdade aos
pássaros que antes mantinham presos em gaiolas.
Presídios
e hospitais foram se transformado em abrigos. Ninguém mais necessitava de
médicos, nem de policiais ou de magistrados, pois a paz agora reinava, de fato.
De
repente o planeta terra já não tinha divisões e o mundo parecia apenas um
pomar. Tudo era possível acontecer,
desde que fosse para o bem da humanidade.
A
tarde ia morrendo e quando aquela criancinha me chamou para que eu conhecesse
mais um ponto daquele pequeno paraíso. Ouvi um choro infantil e me acordei. Era
a criança da casa vizinha que havia acordado, e chorando, chamava por sua mãe.
P.S. as imagens de ilustração colhidas da internet
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