quinta-feira, 2 de abril de 2020

SONHO DE UM ADOLESCENTE







                 Na manhã de hoje (02-04-2020), vasculhando meus pertences, encontrei dentro de um livro, uma folha datilografada, na época que trabalha no cartório do velho Xéu. Nessa folha escrevi um sonho que tive na madrugada de 27 de maio de 1987. Como achei interessante aquela experiência resolvi registrar numa folha, e agora,  passados 32 anos e 11 meses, publico neste site cultural, para aqueles que apreciam a arte de sonhar, lembrando que o sonho foi verdadeiro e que naquela época contava com apenas 23 anos de idade, morava sozinho na casa que e vizinha de D. Cóca de Maria Joaquina. Doce lembrança. Eis o sonho:

                                       “O SONHO”

              Fui para a cama exausto pelo cansaço de mais um dia de trabalho. Todo meu corpo reclamava e pedia descanso, pois havia trabalhado muito nos últimos dias. Não demorou muito para que eu adormecesse, e para suavizar o meu cansaço, sonhei. Se foi só um sonho ou algo fora da realidade não importa. De uma coisa tenho certeza, foi um sonho que todos desejariam passar da utopia para a realidade....

                   Era bem cedinho. A chuva caia fortemente em toda a cidade. O vento soprava tão valente que causava medo na população daquela pequena cidade, na qual eu não conhecia ninguém, aliás, nem sabia como havia chegado ali. Só que em meio àquela chuva e ventos, alguém bateu à porta .Era uma criança que eu não conhecia, me chamando para dar uma olhada na cidade. De início tive receio, mas acabei aceitando o convite. Segurei na sua mão e saímos a passear pelas ruas e avenidas daquela pequena e bonita cidade. 

                    A chuva havia cessado e o sol começava a soltar seus raios por trás dos montes, enquanto a criança me conduzia a um campo coberto muitas flores, das mais diversas cores e perfumes. Borboletas e pássaros festejavam a natureza, bailando e visitando cada botão que desabrochava naquele bonito jardim, enquanto meu coração explodia de emoção. Aquele forte sentimento vinha de dentro do meu mais profundo ser. Até o ar que eu respirava era mais leve. Um verdadeiro paraíso.       

                   De repente aquele pequeno ser me conduziu à uma praça, onde havia um parque de diversões, com centenas de crianças entoando uma canção de melodia não muito estranha, me dando boas vindas. 

- Venha! Disse uma criancinha, em companhia de um pequeno grupo, que saia pelas ruas da cidade  mais parecida com um paraíso terreno.  

                   As pessoas se abraçavam, cantavam e sorriam, demonstrando imensa felicidade. 

- Venham, venham ver a guerra! Gritou outra criança, que pegou em minha mão e me conduziu em um grande campo, onde tanques, aviões e armas estavam sendo preparados para entrar em ação. Mas aquele pequeno ser me dizia para não temer, pois tudo ia acabar bem. 

              Instantes depois as ruas estavam repletas de gente e para surpresa minha, a guerra teve início, só que era uma guerra diferente. As armas que abastecia os tanques eram flores. Cada soldado trazia nas mãos grande ramalhetes de rosas e bolsas plásticas cheias de balas de chocolate para todos os presentes. Carrinhos de algodão doce e pipoca se espalhavam pela cidade, milhares de balões invadiam os céu azul, subindo e colorindo o universo. Enquanto isso, uma grande orquestra filarmônica executava as mais lindas canções que os ouvidos humanos jamais escutaram. A felicidade reinava em todo lugar.

                Em outra avenida, na calçada de um colégio, um jovem de barba e óculos arredondados tocava violão e cantava uma canção falando de paz e harmonia, acompanhado de três amigos. Os quatro usavam trajes de uma famosa banda inglesa.      

               Um senhor de meia idade, trajando botas, paletó e chapéu, calças sustentadas por um suspensório, oferecia sua bengala para auxiliar um velhinho atravessar a rua, enquanto o grande herói das crianças, Tarzan caminhava livremente pelas ruas da cidade, carregando no ombro o sua amiga de aventuras, a macaca Chita.        

               Mais adiante pais e filhos se abraçavam, enquanto a população dava liberdade aos pássaros que antes mantinham presos em gaiolas. 

                   Presídios e hospitais foram se transformado em abrigos. Ninguém mais necessitava de médicos, nem de policiais ou de magistrados, pois a paz agora reinava, de fato.

              De repente o planeta terra já não tinha divisões e o mundo parecia apenas um pomar.  Tudo era possível acontecer, desde que fosse para o bem da humanidade.

                   A tarde ia morrendo e quando aquela criancinha me chamou para que eu conhecesse mais um ponto daquele pequeno paraíso. Ouvi um choro infantil e me acordei. Era a criança da casa vizinha que havia acordado, e chorando, chamava por sua mãe.

                       Voltei a realidade, e como diz Roberto Carlos, na canção “O sonho que tive a noite”, sentei-me na cama e: (...) fiquei tanto tempo pensando, em tudo que tive sonhando e por um momento pensei ser verdade o sonho que tive, o sonho que tive...” 


P.S. as imagens de ilustração colhidas da internet 

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