sábado, 13 de dezembro de 2014

O DIA QUE EU CHOREI COM SENADO BRASILEIRO

          
Foto 1 Senadores Paulo Paim e Eduardo Suplicy cumprimentando Pedro Simon. Foto 2: posse de Pedro Simon como 30º governador do Estado do Rio Grande do Sul, em março de 1987, no Palácio Piratini e foto 3.Despedida de Pedro Simon no Senado Federal.

      Foi Durante uma sessão especial, repleta de fortes emoções, que o senador PEDRO SIMON, do PMDB do Rio Grande do Sul se despediu daquele parlamento, depois de 32 anos de serviços prestados ao seu Estado e ao país. O dia 10 de dezembro de 2014 ficou marcado nos anais daquela casa legislativa.

             Em seu emocionado discurso de despedida, Simon, relembrou seus dias de infância e juventude, seus embates políticos, sempre em prol da liberdade e da democracia. Lembrou muitos amigos que percorreram os mesmos trilhos, alguns deles ainda na ativa e ali presentes, porém muitos já em outro plano, como o ex governador Miguel Arraes de Alencar, Mário covas, Darcy Ribeiro.  Ulisses Guimarães, Tancredo Neves e tantos outros.

             Com muita emoção, o Senador frisou que “o tempo não espera por ninguém e corre velozmente”. Relembrou com riqueza de detalhes, “como se fosse agora” o seu discurso como orador na formatura da turma do curso de Direito, lido há mais de 60 anos e fez uma ponte entre aquele momento e que vivenciava agora. 

             Há 60 anos de vida pública, Pedro Simon foi governador do Rio Grande do Sul no período de março de 1987 a 01 de abril de 1990, Deputado Estadual, por 4 mandatos consecutivos pelo mesmo Estado, exerceu também o cargo de Ministro da agricultura e desde o dia 15 de março de 1979 exercia com muita dignidade o cargo de Senador da República, representando o Estado do Rio Grande do Sul. 

            Assim como o Pedro da Bíblia, o Simon, encerrou sua carreira. O da bíblia deixou um legado espiritual, o de Rio Grande do Sul, deixa um legado de exemplos de honradez, coragem, determinação e honra, sempre em busca da paz social e da liberdade do nosso país.

             Em sua fala de despedida Simon, disse: “As minhas palavras deixam agora o alento dos discursos para semear idéias com a juventude que clama por mudanças. Minhas sementes de ética na política do Brasil de hoje e de amanhã” – afirmou.

             Fez criticas ao governo atual e citou casos de corrupção como o mensalão e os escândalos da Petrobrás, no entanto comemorou a luta contra impunidade e a aprovação da Lei da Ficha Limpa, que considerou um grande passo rumo à moralidade na representação política.

             Com a voz as vezes embargada pela emoção, citou vários momentos importantes de sua vida, lembrou seus familiares, recitou poema de Manoel de Barros e resumindo sua vida pública, parafraseando Francisco de Assis, de que confessa ser devoto, recitou:

 “Onde vi repressão, lutei para levar liberdade;
Onde vi tirania, lutei para levar democracia;
Onde vi corrupção, lutei para levar ética.;
Onde vi impunidade, lutei para levar justiça”.

          Disse que vai aproveitar o tempo para conversar com os amigos, ler, ouvir música e se dedicar a família.

           Ao concluir seu discurso foi ovacionado de pé por vários minutos e em seguida passou a ser homenageado por apartes por 36 de seus colegas, que fizeram questão de registrar o momento.  Destaco alguns deles:

          A Senadora Ana Amélia (PS-RS) leu uma carta recebida por ela de um admirador de Simon, em cujo teor dizia que o ele era um homem reto e justo que deixará uma lacuna impreenchível.

            O Senador Paulo Pain (PT-RS), que presidiu a Sessão histórica disse que se orgulhava de participar daquele data histórica para ouvir o discurso de um conterrâneo.

           O Senador Eduardo Suplicy, que também se despede do Senado, teve que interromper sua fala várias vezes, diante de tanta emoção e destacou a amizade, o respeito e o equilíbrio que o Simon sempre manteve naquele ambiente, mesmo quando ocupava posições divergentes das dos seus colegas.

           Outros senadores também apartearam a memorável sessão, como Magno Malta (ES), Jarbas Vasconcelos (PE),Valdir Roupp (RO) Roberto Requião (PR) e tantos outros, todos exaltando o exemplo do político na luta pela redemocratização do país e considerado como inspiração e referencia de ética na política para a maioria dos colegas, que lamentaram a perda para o Senado.

           Depois de mais de três horas discursando e ouvindo apartes, o presidente da Sessão Paulo Pain (PT-RS), considerando a idade avançada do senador Simon, com a devida vênia, interrompeu o discurso e indagou se o homenageado queria usar de uma das cadeiras da mesa do Senado, ouvindo a resposta que mesmo cansado iria continuar de pé até o fim da Sessão e nesse momento foi mais uma vez aplaudido e continuou de pé até o último orador usar a palavra, inclusive agradecendo a cada um logo após receber cada saudação. A sessão especial durou mais de seis horas.

         Sem suas palavras finais, Simon proferiu também suas bem aventuranças:

“Bem-aventurados todos aqueles que, abnegados, gritam e lutam contra a corrupção e contra a impunidade;
“Bem-aventurados os que, apostolados, empunham a bandeira da ética na política;
“Bem-aventurados sejam todos os que, por meio de assinatura e pressão sobre o Congresso Nacional, alcançarem o índice da pontuação da Ficha Limpa”.

           A sessão ocorreu na manhã e tarde do dia 10 de dezembro vigente e como não tive tempo para assisti-la completa pela TV SENADO e tendo em vista que a mesma foi repetida a noite, fiz questão de assisti-la por inteiro até às 02h40m da madrugada, sem dar um cochilo sequer.

           E como disse no título desta matéria, não me envergonho de dizer que em alguns momentos me emocionei e chorei, como tantos outros parlamentares ali presentes, concluindo que, apesar de tantos políticos que não merecem um voto do seu povo, ainda existe homens sérios e comprometidos com a sua missão de honrar seu povo e sua pátria.

           Foi nesse calor emocional daquela madrugada, quase três horas da manhã que fiz questão de acessar o email do senador e enviar uma mensagem “De neto para o avô”, parabenizando o “Pedro de RS” que em Brasília honrou a nação e o povo brasileiro.

 Valeu Simon.  



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