Na
semana pré-carnavalesca, mais precisamente no dia 04 de fevereiro corrente, adquiri
vários livros da coleção “GRANDES PERSONAGENS DE TODOS OS TEMPOS, da Editora
Três. Considerando que não curto carnaval e a cidade estava numa calmaria
plena, aproveitei a ocasião para iniciar a leitura dessas obras. A primeira que
escolhi para ler foi MAHATMA GANDHI, o grande líder pacifista indiano. Conhecia
muito pouco de sua história, mas depois dessa leitura, compreendi porque esse
grande líder político e religioso foi tão amado pelo seu povo e respeitado pelo
mundo inteiro. Quando iniciava a leitura - sempre às 7 da manhã e a noite, não
tinha vontade de parar. Cada capítulo do livro, muito bem elaborado, por sinal,
me persuadia num desejo de prosseguir a leitura, que só vinha dar uma pausa
quando chegava o momento de tirar uma soneca, sempre por volta de meia noite,
as vezes até ultrapassando esse horário.
A leitura foi tão boa que em apenas uma
semana li duas vezes a referida obra, de mais de 200 páginas. Na segunda
leitura, de posse de uma lápis marca texto, destaquei várias passagens que
julguei interessantes.
Só para o leitor ter uma ideia de quem
foi esse grande líder, ele nasceu na cidade de Porbandar, na Índia Ocidental.
Seu pai era o primeiro ministro local. Casou-se com 13 anos de idade com Kasturba,
conforme acordo entre as famílias (tradição do lugar). Na infância e adolescência,
era tímido ao extremo, a ponto de se envergonhar dos colegas de classe. Chegou
até mesmo a tentar suicídio em determinado momento da vida. Ainda jovem
formou-se em Direito na University College (Londres - Inglaterra), porém, mesmo
havendo concluído o curso, sentia-se incapaz de fazer a mais simples defesa de
um réu, tanto que na primeira oportunidade, abandonou a tribuna quando lhe foi
concedida a palavra, eis que trêmulo e inseguro, às lágrimas, pediu ao
magistrado que nomeasse outro defensor, para não ver o réu prejudicado.
Essa situação, evidentemente veio a
mudar posteriormente, quando Gandhi começou a ser convidado para defesa de
outros casos, de início mais simples, até ser convidado para ser advogado de
uma grande empresa presidida por um empresário Muçulmano, na África do Sul. Um
destaque que faço na vida desse líder indiano era a comunhão que conseguir
manter com líderes de várias matizes religiosas, e o mais importante, ser respeitado
e admirado por todos, a ponto de outro grande líder mundial, Mather Luther King,
ter sido influenciado pela sua vida e usado sua arma da não violência na defesa
dos negros da Inglaterra.
Depois de
resolver um caso difícil, Gandhi passou a ter notoriedade por sua atuação. Ele
mesmo relata: "eu aprendi a descobrir o lado bom da natureza humana e
entrar nos corações dos homens. Eu percebi que a verdadeira função de um
advogado era unir partes separadas".
Gandhi acreditava que o papel do advogado era tentar
no máximo realizar acordo entre as partes, jamais humilhar o “concorrente”.
Contudo, o destaque maior desse grande personagem da história foi a sua
luta pela independência do povo indiano. Ele fez disso um projeto de vida, um
ideal. Mas esse projeto não ficou só na mente ou no papel. Partiu para luta. Defendeu
minorias na África, lutou até o último momento pela independência do seu povo,
até então dominado pelo governo inglês.
Realizou
várias viagens ao longo de todo território hindu, com a função de conseguir a
conscientização em massa de todas as pessoas, mostrando a necessidade da
prática da desobediência civil e do uso da não violência. Outra arma muito usada pelo
grande líder era o jejum, que no seu entender era “a oração mais poderosa e
também a mais sincera a compensadora”.
Em sua luta pelos oprimidos foi preso
e espancado várias vezes, porém nunca agia com a mesma violência contra seu
agressor. Certa feita um cristão junto com o seu sacerdote teve um encontro com
Gandhi e confidenciou ao pregador: Vamos convertê-lo ao cristianismo!”. A
resposta do sacerdote foi taxativa: Convertê-lo?: como, se nós vemos só vemos
Cristo em sua vida!.
Um dos eventos que ficou mundialmente
conhecido foi “A MARCHA DO SAL”, ocorrida no ano de 1930 quando Gandhi
inicialmente acompanhado de setenta e oito participantes, iniciou uma marcha de
124 milhas para o mar, que duraria mais de vinte e quatro dias. Milhares tinham
se juntado no começo, e vários milhares uniram-se durante a marcha. Primeiro
Gandhi e, então outros juntaram um pouco de água salgada na beira-mar em
panelas, deixando ao sol para secar. Em Bombaim o Congresso teve panelas no telhado;
60.000 pessoas juntaram-se ao movimento, e foram presas centenas delas. Em
Karachi onde 50.000 assistiram o sal sendo feito, a multidão era tão espessa
que impedia a policia de efetuar alguma apreensão. As prisões estavam lotadas
com pelo menos 60,000 ofensores. Incrivelmente lá "não havia praticamente
nenhuma violência por parte da população; as pessoas não queriam que Gandhi
cancelasse o movimento.
Gandhi
foi preso antes de que pudesse invadir os "Trabalhos Dharasana Sal",
mas o amigo dele Sr. Sarojini Naidu conduziu 2.500 voluntários e os advertiu a
não resistir às interferências da polícia. De acordo com uma testemunha ocular,
o repórter Miller de Webb, eles continuaram marchando até serem detidos abaixo
do aco-shod lathis, por quatrocentos policiais, mas eles não tentaram lutar.
Para
não me delongar muito nessa matéria, concluo-a, registrando que depois de uma vida
inteira dedicada, não só ao povo indiano, mas uma luta contra a violência, a
opressão, a desigualdade racial, e até contra guerra religiosa e pelos direitos da mulher, Gandhi foi
assassinado em 30 de janeiro de 1948, por Nathuram Godse, um hindu radical que,
infiltrado em uma reunião com líderes políticos e religiosos (judeus, cristãos,
muçulmanos, hindus, etc), sacando de seu revólver, efetuou três disparos a
queima roupa, contra Gandhi, que caiu no local, recitando algumas orações.
O
assassino, posteriormente, foi condenado e enforcado, muito embora Gandhi, tenha
feito seu último pedido, ainda quando dava seus últimos suspiros, rogando que o
seu assassino não fosse condenado, já que a arma mais usada nos suas mensagens
era a não violência.
Prometo na próxima postagem reduzir o texto.
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