domingo, 5 de agosto de 2018

O CORDÃO UMBILICAL QUE NÃO QUER SER PARTIDO




       Esse tema veio a lume quando assisti recentemente algumas entrevistas na televisão, através do Youtube. Uma delas foi do ex juiz e comentarista de futebol, Arnaldo Cézar Coelho, que depois de mais de vinte anos, fazendo cobertura em várias copas nacionais e internacionais resolveu dar um adeus a esse trabalho, tão marcante diante na televisão brasileira. Outras entrevistas que também me deixaram reflexivo foram as de “Bira” e do “Derico”, ex-componentes do quinteto do famoso Talk Show Jô Soares onze e meia, da Rede Globo. Daí, me vieram a mente outros tantos artistas que de uma hora para outra resolveram encerrar suas atividades, quando estavam em pleno êxito. São exemplos dessa plêiade, o cantor cearense Belchior, a Banda ABBA, o RPM, e até a mais famosa de todos os tempos, os BEATLES, dentre outras. 

         Há também aqueles que não abandonaram a função ou profissão por livre e espontânea vontade, mas porque tiveram seus contratos encerrados e não reincididos; outros porque mudaram de empresa ou as vezes até deixaram o país, se mudando para outras nações, deixando aqueles que estavam acostumados há anos ou décadas ver o seu trabalho, como que órfãos daqueles encontros diários ou semanais. Evidente que são substituídos por outros, mesmo assim fica aquela saudade por algum tempo, até que a pessoa venha se acostumar e aceitar essas mudanças. São fatos como esses que fazem a gente questionar sobre o sentido das palavras “adeus” e “saudade”.

         Como se sentiu o Jô Soares, ao apresentar seu último programa diário por mais de trinta anos? Como se sentiu “Ronaldo Fenômeno” ao participar da última partida de futebol? Qual foi o sentimento de Cid Moreira, ao dar o seu último “Boa noite” no Jornal Nacional, apresentado por ele no período de 1969 a 1996 ?. Me recordo agora quando o cine Nevada, administrado por meu pai, exibiu seu último filme aqui em Buíque. Como foi triste ver os cartazes sendo retirados, desmontado o serviço de som e ver os bancos sendo vendidos...    

         Por falar em saudade, quem não se recorda da festa de despedida da turma da 8ª série, os momentos marcantes de vários anos juntos e agora a adaptação com a nova turma na faculdade, e, mais adiante, uma nova despedida. A aula da saudade e aquele friozinho na barriga como se a gente não quisesse jamais cortar o cordão umbilical com aquela turma de amigos, colegas de classe, professores e até mesmo o espaço físico, que durante um bom tempo fez parte da nossa vida e do nosso crescimento como ser humano? 

       O certo é que toda despedida leva um pouco de nós e deixa conosco um pouco daqueles de quem nos despedimos. Compreendemos desta forma, os motivos daquelas pessoas que não gostam de participar de nenhuma festa de despedida. No fundo elas tentam elastecer um pouco mais a presença ou anestesiar a dor da ausência, tão presente em nosso dia a dia.

Cinema que pertenceu ao meu pai - décadas de 70 e 80 e este escritor e blogueiro com dez anos de idade, no antigo colégio das feiras.
 
 


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