sábado, 1 de novembro de 2014

A ARTE DE ESCREVER, DE SCHOPENHAUER



      Conclui nesta tarde a leitura do livro "A ARTE DE ESCREVER" de Schopenhauer. O livro foi publicado pela editora L&PM POCKET e tem 167 páginas com dicas, as mais diversas para quem gosta de escrever. É uma antologia de ensaios originais de "Parerga e Paralipomena", obra de 1851.

     Arthur Schopenhauer foi um filósofo alemão, escritor e poliglota e estudioso da linguagem do século XIX. Nasceu em Danzig, na Prussia a 22 de fevereiro de 1788 e morreu em Frankfurt am Main, a 21 de setembro de 1860.

    Na obra aqui referida, ele descreve de forma clara, as vezes crua e precisa e em alguns momentos de forma bastante cômica, os caminhos que todo escritor deve percorrer para ter êxito em seus projetos.

      Em vários trechos ele critica  escritores europeus, inclusive da própria Alemanha, e por consequência do mundo inteiro, por aceitarem, de forma passiva a decadência da escrita erudita e até a "morte" das línguas mais antigas, como o latim, no seu ver, as mais importantes do planeta. Ele não poupa críticas, inclusive ao o seu  próprio povo alemão: "(...) A abolição do latim como língua geral da erudição e, em contrapartida, a introdução do espírito pequeno-burguês nas literaturas nacionais foram um verdadeiro infortúnio para as ciências na Europa (...)", assegura. Mais adiante conclui: (...) basta notar o descuido com elas na França e mesmo na Alemanha (...)".

         O livro é dividido em cinco capítulos, assim distribuídos: I - Sobre a erudição e os eruditos, II - Pensar por si mesmo, III - Sobre a escrita e o estilo, IV - Sobre a leitura e os livros, e V - Sobre a linguagem e as palavras.

        Schopenhauer era pessimista em sua visão de mundo, considerou ser a vontade a ultima e mais fundamental força da natureza, que se manifesta em cada ser no sentido de sua total realização e sobrevivência. O conceito de vontade deste filósofo diz respeito a algo infinito, uno, indizível, e não a uma vontade finita, individual, ciente. Esta estaria presente no homem como em toda a natureza. Para ele, a realidade é vontade irracional, onde o finito nada mais é que mera aparência da realidade. A vontade infinita, traz, com ela a característica da saciabilidade, sendo então, algo conflitoso que geraria dor e sofrimento ao homem. 

         Organizado, traduzido e prefaciado e com notas der Pedro Süssekind, nascido No Rio de Janeiro em 1973, doutor em Filosofia pela UFRJ, além de tradutor, escritor e professor, especializado em Literatura Comparada na Universidade Livre de Berlin,  a obra é recomendada não só para quem  gosta de escrever, mas também para quem pretende ter uma boa compreensão de qualquer obra literária, seja ela um romance, um ensaio, uma reportagem ou mesmo uma peça teatral..

   Da obra destaco algumas frases para que o leitor tenha alguma ideia de seu conteúdo:

"(...) Só se sabe aquilo sobe o que se pensou com profundidade(...)" 

(...) Os eruditos são aqueles que leram coisas nos livros, mas os pensadores, os gênios, os fachos de luz e promotores da espécie humana são aqueles que as leram diretamente no livro do mundo (...)"

"(...) Com frequência escrevi frases que hesitei em apresentar ao público, em função de seu caráter paradoxal, e depois as encontrei, para minha agradável surpresa, expressas literalmente nas obras antigas de grandes homens (...)".

"(...) A presença de um pensamento é como a presença de quem se ama. Achamos que nunca esqueceremos esse pensamento e que nunca seremos indiferentes à nossa amada. Só que longe dos olhos, longe do coração!. O mais belo pensamento corre o perigo de ser irremediavelmente esquecido quando não é escrito, assim como a amada pode nos abandonar se não nos casarmos com ela (...)". 

     Sobre os críticos, que usam pseudônimo, para não serem identificados o autor assevera:

 "(...) Velhaco, diga seu nome!. Pois atacar, encapuzado e disfarçado as pessoas que passeiam mostrando seus rostos não é algo que um homem honrado faça: só os patifes e os canalhas agem assim. Portanto, velhaco, diga seu nome! (...)"

      Sobre essa tema, ela ainda declara:

"(...) Asim como a polícia não permite que as pessoas andem pelas ruas mascaradas, não deveria ser admitido que elas escrevessem anonimamente(...)".

"(...) É sempre melhor deixar de lado algo bom do que incluir algo insignificante(...)".

      Por último destaco mais duas frases que julguei por demais interessantes:

"(...)Usar muitas palavras para comunicar poucos pensamentos é sempre o sinal inconfundível da mediocridade; em contrapartida, o sinal de uma cabeça eminente é resumir muitos pensamentos em poucas palavras (...)".

"(...) A ignorância degrada os homens somente quando se encontra associada à riqueza. O pobre é rejeitado por sua pobreza e necessidade; no seu caso, os trabalhos substituem o saber e ocupam o pensamento. Em contrapartida, os ricos que são ignorantes vivem apenas em função de seus prazeres e se assemelham a gado, como se pode verificar diariamente (...)". (grifos nossos)

"(...) A palavra dos homens é o material mais duradouro. Se um poeta deu corpo à sua sensação passageira com as palavras mais apropriadas, aquela sensação viverá através de séculos nessas palavras e é despertada novamente em cada leitor receptivo (...)".

     Concluo, asseverando que, apesar de escrito há quase dois séculos, a mensagem do autor continua atual e ainda pulsa forte, principalmente para aqueles que apreciam uma boa leitura, ou que como eu, vez por outra gosta de "escrevinhar".

       Para um bom leitor, creio que no máximo três dias são suficientes para leitura da obra.  






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