domingo, 23 de maio de 2021

OS DEGRAUS DA ESCADA DA VIDA



                Agora de manhã, ao me levantar, quando estava me barbeando e penteando os cabelos, olhando no espelho, me veio à mente uma música muito bonita que vez por outra estou escutando. A canção intitulada “A Lista”, do cantor e compositor Oswaldo Montenegro, que começa dizendo: Faça uma lista de grandes amigos que você mais via há dez anos atrás; quantos você ainda vê todo dia, quantos você já não encontra mais...”.  Nesses breves momentos de reflexão sobre a vida, voltei aos tempos da infância, quando aqui onde resido era um parque infantil. Balanços, gangorra, escorregadores, gira-gira, campo de futebol, etc. O local era muito arborizado. Dentre as árvores gigantes haviam jaqueiras, cajueiros, mangueiras, e outra, muito visitada pela gurizada era o pé de graviola. Recordei que praticamente toda tarde esse parque ficava superlotado de crianças e adolescentes, que usavam aqueles brinquedos, em meio a correrias e saudáveis gargalhadas, mas, aos domingos era o dia mais que especial, porque além das crianças, os pais também se faziam presentes. Com o passar do tempo, como sempre, os gestores que foram assumindo o comando do município destruíram ou permitiram que o parque fosse totalmente desativado, fazendo desaparecer também a alegria que aquele lugar proporcionava a todos nós.

                Prosseguindo a reflexão, aquela canção pergunta: Onde você ainda se reconhece, na foto passada ou no espelho de agora?”. Me olhando no espelho, notei que os meus cabelos foram pintados pelo tempo, estão quase que totalmente brancos. Diversas rugas estão surgindo em minha face. A visão já está embassada e há anos preciso usar óculos que à cada consulta aumenta o grau. Os passos já não são mais os mesmos de ontem, apesar de contar com apenas 5.7 (cinco ponto sete) na linguagem dos mais jovens. Os sonhos também vão se resumindo com o passar do tempo – quando a gente é jovem tem tantos planos. Alguns dizem, e com razão:  Corra, vá em busca dos seus sonhos. Não desista. Você consegue!. Existem também aqueles que declaram: Tudo em nossa vida já vem escrito: o que vamos ser, com quem vamos casar, onde vamos morar, etc. Evidentemente que temos que fazer nossa parte, mas no fundo nossa vida já está programada. O que tem que ser será!.

               Me recordo de um filme, baseado num livro da literatura brasileira, no qual um dos personagens sempre repente a frase: “O que tem que ser vem com muita força”. As vezes concordo com essa declaração.

                Outro tempo marcante na vida de todo jovem é quando partimos para um curso superior. O mundo é dos jovens. Novos desafios, amizades, novos horizontes surgindo. Em muitos casos é uma mudança radical. Ausência da cidade natal, dos familiares e amigos de infância, e o sonho, nem sempre acompanhado da realização, de ser um grande profissional. Muitas vezes a pessoa deseja exercer uma profissão e termina por exercer outra, totalmente diferente porque “o destino” não lhe foi tão favorável.

                Esses passos são o que chamo de escada de subida. É quando estamos crescendo, estudando, sonhando com o futuro, que a gente pensa ser distante, mas que está ali, a um palmo das nossas narinas, pois o tempo é veloz e não espera por ninguém.  Quando nos damos conta já estamos percorrendo os degraus de descida da escada. Na minha análise, já que a espectativa de vida em nosso país é de 75 anos, esse fato se dar quando estamos passando da fase dos quarenta.

                Costumo dizer que na nossa realidade, quando uma pessoa consegue ter uma casa própria razoável, um carro popular e um trabalho ou emprego digno, para manter a si e a sua família, já é um verdadeiro campeão; a não ser quando descende de família abastada, pois não precisa penar tanto. No entanto, quando chegamos nesse período já estamos pisando os degraus de descida na escada da vida. É quando percebemos que nos resta pouco tempo e não devemos desperdiçar essa preciosidade com coisas que não vão somar ou fazer bem a nós mesmos ou aos nossos semelhantes.

                Concluo essa reflexão declarando que: De menino brincante (como bem descreveu em poesia o amigo professor Eraldo Galindo) a idoso, que é aquele que teve o privilégio de viver uma longa vida, segundo o poeta Fernando Santiago, estamos apenas a um passo. O outro, mais triste, é quando nos tornamos velhos (quando perdemos a capacidade de sonhar e apenas dormimos), no entanto, enquanto estivermos com vida ainda é tempo de sonhar.   

     

 As fotos publicadas foram extraídas da internet.

 

 


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