Recentemente ganhei um presente tão especial, da
colega de trabalho Nery Lourenço, que não posso deixar de tecer este
comentário. Não só por ela, que veio da vizinha Arcoverde para engrandecer a
justiça buiquense, mas também pela beleza do presente. Trata-se do CD
“MUIRA-UBI – CANTILENAS E SAUDADES”, da dupla arcoverdense PAULINHO LEITE E
TONINO ARCOVERDE.
O CD é
composto de 17 canções da melhor qualidade musical e poética dos últimos dias.
Quem gosta de poesia é difícil não se emocionar ao som de “A LISTA”, composição
de Oswaldo Montenegro, que ganhou uma nova roupagem na voz da dupla. Outros
destaques são “VIOLA FORA DE MODA”, composição de Edu Lobo, “PÉTALAS”, de Alceu
Valença e Herbert Viana, “TEMA PARA JULIANA”, de Rolando Boldrin, “CUITELINHO”,
de domínio público, composição de Paulo Vanzolini, que nos remete para o
cancioneiro Mineiro e a vida nos campos amazonenses, dentre outras.
Contudo,
sem desmerecer as demais musicas, confesso que as que mais arrebataram meus
sentimentos de matuto do interior foram “MUIRA-UBI”, composição de Paulinho
Leite e RIACHO DO MEL, composta pela dupla Paulinho Leite e Tonino
Arcoverde. Os arranjos em Muira-Ubi, com o som de pegadas de cavalo,
cancela se abrindo e o zumbido de disparos nos leva de volta aos velhos filmes
de cawboy dos tempos do Cinema. A letra é de uma sensibilidade ímpar. Até eu,
que não sou arcoverdense, me senti um nato daquelas terras, ao ouvir falar em:
“Olho d’água dos bredos (...), brincar de anel, roda
meu pião, soltando pipa, balão, brincar de anel passando de mão em mão (...) as
lendas da histórias de Noé, as cacimbas de seu Jé, o queijo e o mel que vendia
seu Abdias...”
Quando
ouvimos “Riacho do Mel”, se fecharmos os olhos, mergulharemos nas profundezas
das águas cristalinas daquele rio, enquanto a alma adulta, que já ingressou no
ciclo dos “enta”, regressa aos dias da infância e da inocência, adormecidos ao
som lírico da sanfona, violão, violinos e as vozes dos artistas, que ora se
separam, ora se unem produzindo um som que perpassa os ouvidos e se infiltra na
alma do homem moderno, tão sedento de canções líricas e poéticas, quanto o bebê
no colo da mamãe nas madrugadas longícuas e chuvosas, ao som das canções de
niná que vão lhe adormecendo no colo suave e quente, como um anjo nos braços do
criador.
Os
arranjos, que contaram com a participação de Cezinha e Orlando Melo, nas
sanfonas, João Neto e Vanutti nas guitarras. Trompete, gaita, violinos,
contrabaixo e outros instrumentos, além das fotos do encarte. A produção da
capa, em tom vermelho e amarelo, com uma índia, tornam, com toda certeza um dos
melhores trabalhos musicais do Nordeste.
A amiga Nery Lourenço, em confraternização com os colegas do fórum em dez/2011. |
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